Allan Kardec escreveu em artigo inserido na edição
de novembro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA que “a
mediunidade curadora não vem suplantar a Medicina e os médicos; vem
simplesmente provar a estes últimos que há coisas que eles não sabem e os
convidar a estudá-las; que a natureza tem recursos que eles ignoram” e que
“a CIÊNCIA ESPÍRITA nos ensina a causa dos fenômenos devidos às
influências ocultas do Mundo Invisível e nos explica o que, sem isto, nos
parecerá inexplicável”. Na
continuidade três questões para refletirmos sobre o tema saúde: Allan Kardec afirma que grande número de doenças é devido aos
fluidos perniciosos de que é penetrado o organismo. Como entender e explicar
isso? Sendo o períspirito dos encarnados de uma natureza idêntica à dos fluidos
espirituais, assimila-os com facilidade, como uma esponja se embebe de líquido.
Esses fluidos tem, sobre o períspirito, uma ação tanto mais direta que, por sua
expansão e sua irradiação, se confunde com eles. Agindo sobre o períspirito,
este, por sua vez, reage sobre o organismo material, com o qual está em contato
molecular. Se os eflúvios são de boa
natureza, o corpo sente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é
penosa; se os maus são permanentes e enérgicos eles podem determinar desordens
físicas: certas doenças não tem outra causa. Os meios onde superabundam os maus
Espíritos são, pois, impregnados de maus fluidos, que são absorvidos por todos
os poros perispirituais, como se absorvem, pelos poros do corpo, as emanações
de matérias pútridas causadoras de várias doenças endêmicas. Se, por exemplo,
considerarmos um meio onde predominam pensamentos que reflitam sentimentos
desequilibrados e, consequentemente, a presença dos maus Espíritos, ele estará
impregnado de maus fluidos que o encarnado absorve pelo períspirito, como pode
absorver, pelos poros do corpo, substâncias nocivas ou curativas. Assim se
explicam os efeitos percebidos nos lugares de reunião de pessoas. Uma aglomeração qualquer que seja é um foco de
irradiações de pensamentos diversos. É como uma orquestra, ou coro de
pensamentos, onde cada um emite uma nota. Resulta daí uma multiplicidade de
correntes e eflúvios cuja impressão cada um recebe pelo sentido espiritual,
como num coro musical cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da
audição. Como se
dá a instalação de doenças considerando-se apenas o corpo físico? Os sintomas patológicos na experiência comum,
em maioria esmagadora, decorrem dos reflexos infelizes da mente sobre o veículo
de nossas manifestações, operando desajustes nos implementos que o compõem.
Toda emoção violenta sobre o corpo é semelhante a martelada forte sobre a
engrenagem de máquina sensível, e toda aflição é como ferrugem destruidora,
prejudicando seu funcionamento. Sabe hoje a Medicina que toda tensão mental
acarreta distúrbios de importância no corpo físico. Estabelecido o conflito
espiritual, quase sempre as glândulas salivares paralisam as suas secreções, e
o estômago, entrando em espasmo, se nega à produção de ácido clorídrico, provocando
perturbações digestivas a se expressarem na chamada colite mucosa. Atingido
esse fenômeno primário que, muita vez, abre a porta a temíveis calamidades
orgânicas, os desajustamentos gastrintestinais repetidos acabam arruinando os
processos da nutrição que interessam o estímulo nervoso, determinando variados
sintomas, desde a mais leve irritação da membrana gástrica até a loucura de
abordagem complexa. O pensamento sombrio
adoece o corpo são e agrava os males do corpo enfermo. Se não é aconselhável
envenenar o aparelho fisiológico pela ingestão de substâncias que o aprisionem
ao vício, é imperioso evitar os desregramentos da alma que lhe impõem
desequilíbrios aviltantes, quais sejam aqueles hauridos nas decepções e nos
dissabores que adotamos por flagelo constante do campo íntimo. Cultivar
melindres e desgostos, irritação e mágoa é o mesmo que semear espinheiros
magnéticos e adubá-los no solo emotivo de nossa existência, é intoxicar, por
conta própria, a tessitura da vestimenta corpórea, estragando os centros de
nossa vida profunda e arrasando, consequentemente, sangue e nervos, glândulas e
vísceras do corpo que a Divina Providência nos concede entre os homens, com
vistas ao desenvolvimento de nossas faculdades para a Vida Eterna. (PV), Como o Plano Espiritual vê o trabalho dos médicos? Todos
os médicos, ainda mesmo quando materialistas de mente impermeável à fé
religiosa, contam com Amigos Espirituais que os auxiliam. A saúde humana é dos mais preciosos bens
divinos. Quando a criatura, por relaxamento ou indisciplina, delibera menosprezá-la,
faz-se difícil o socorro aos seus centros de equilíbrio, porque, em todos os
lugares, o pior surdo é aquele que não quer ouvir. Todavia, por parte de quantos ajudam a marcha
humana, da Esfera Espiritual, há sempre medidas de proteção à harmonia
orgânica, para que a saúde das criaturas não seja prejudicada. Claro que há erros tremendos na Medicina e que
não se pode evitar. A colaboração não
pode ultrapassar o campo receptivo daquele que se interessa pela cura alheia ou
pelo próprio reajustamento. Entretanto,
realiza-se sempre em favor da saúde geral quanto é possível.. (Li,10)
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