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quarta-feira, 23 de maio de 2018

DEUS E JESUS


A confusão persiste e o professor José Benevides Cavalcante(FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) procura a seguir explicar e dirimir as dúvidas. Afinal: DEUS e Jesus são a mesma coisa? Diz o leitor: -Por muito tempo fui católico, não fazia diferença entre Jesus e Deus, é claro, por causa da crença no mistério da Santíssima Trindade. Nunca havia refletido sobre essa questão, mas quando cheguei ao Espiritismo, com muito custo, conclui que Jesus não pode ser Deus e percebi como é importante a gente ter essa noção, estudando Allan Kardec. Jesus é um Espírito Puro, um mensageiro de Deus, que veio à Terra para uma missão que, certamente, continua até hoje e vai continuar por muito tempo. Mas eu noto que no meio espírita muita gente ainda pensa que Jesus é Deus e vice-versa, talvez porque esse pessoal não tenha se detido mais tempo na leitura de Kardec. Observo também que, em muitas mensagens psicografadas, até mesmo de médiuns renomados, fala-se em Jesus como se fosse Deus. Pela forma de tratamento - " Senhor", "Nosso Senhor" - , empregada tanto para Deus como para Jesus indistintamente, e isso acontece mais nas preces - o leitor não pode distinguir um do outro, e perdura aquela idéia católica de que Pai e Filho são uma mesma pessoa, uma espécie de "Santíssima Dualidade" no Espiritismo. Em várias ocasiões me detive em acompanhar com mais atenção as preces que os dirigentes fazem nos Centros e verifiquei que, muitas vezes, eles começam a prece dirigindo-se a Deus e terminam falando em Jesus ou vice-versa, estabelecendo a mesma confusão que, certamente, fica na cabeça das pessoas. Fico pensando comigo se isso não é desvirtuar um conceito importante da Doutrina e se não seria importante os escritores espíritas baterem mais nessa tecla para desfazer essa confusão. Sem dúvida, esta é uma questão que todos nós espíritas devemos levar em consideração. Somos obrigados a reconhecer a dificuldade das pessoas que vêm de outras religiões para o Espiritismo, trazendo conceitos e sentimentos derivados dos dogmas, que perduram por algum tempo. Essa fase de transição de conceitos entre a antiga fé religiosa e a Doutrina Espírita não é muito simples e se manifesta de forma peculiar em cada estrutura de pensamento, em cada cultura pessoal e em cada experiência de vida. Aqueles, porém, que já se consideram integrados na doutrina e no movimento espírita, inclusive, exercendo papéis de liderança, com certeza, devem ter mais cuidado com o que falam ou escrevem, antes de expor suas ideias ao público. Primeiramente, podemos considerar que há líderes que se empolgam facilmente com o que falam ou escrevem, sem se prepararem convenientemente, sendo que alguns até confiam mais na intuição de seus "mentores" que nos textos da Codificação; estão mais preocupados com o aspecto estético do discurso do que com o seu significado e, em razão disso, saem atropelando os conceitos fundamentais espíritas, produzindo confusões generalizadas. Como espíritas, temos a obrigação de estudar, aprender e esclarecer, pois nosso compromisso é com a verdade. A sua colocação foi muito oportuna nesse sentido e ela, em si mesma, pela clareza da sua exposição, já enseja uma resposta.

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