A confusão persiste e o
professor José Benevides Cavalcante(FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) procura a seguir
explicar e dirimir as dúvidas. Afinal: DEUS e Jesus são a mesma coisa? Diz o
leitor: -Por muito tempo fui católico, não fazia
diferença entre Jesus e Deus, é claro, por causa da crença no mistério da
Santíssima Trindade. Nunca havia refletido sobre essa questão, mas quando cheguei
ao Espiritismo, com muito custo, conclui que Jesus não pode ser Deus e percebi
como é importante a gente ter essa noção, estudando Allan Kardec. Jesus é um
Espírito Puro, um mensageiro de Deus, que veio à Terra para uma missão que,
certamente, continua até hoje e vai continuar por muito tempo. Mas eu noto que
no meio espírita muita gente ainda pensa que Jesus é Deus e vice-versa, talvez
porque esse pessoal não tenha se detido mais tempo na leitura de Kardec.
Observo também que, em muitas mensagens psicografadas, até mesmo de médiuns
renomados, fala-se em Jesus como se fosse Deus. Pela forma de tratamento -
" Senhor", "Nosso Senhor" - , empregada tanto para Deus
como para Jesus indistintamente, e isso acontece mais nas preces - o leitor não
pode distinguir um do outro, e perdura aquela idéia católica de que Pai e Filho
são uma mesma pessoa, uma espécie de "Santíssima Dualidade" no
Espiritismo. Em várias ocasiões me detive em acompanhar com mais atenção as
preces que os dirigentes fazem nos Centros e verifiquei que, muitas vezes, eles
começam a prece dirigindo-se a Deus e terminam falando em Jesus ou vice-versa,
estabelecendo a mesma confusão que, certamente, fica na cabeça das pessoas.
Fico pensando comigo se isso não é desvirtuar um conceito importante da
Doutrina e se não seria importante os escritores espíritas baterem mais nessa
tecla para desfazer essa confusão. Sem
dúvida, esta é uma questão que todos nós espíritas devemos levar em
consideração. Somos obrigados a reconhecer a dificuldade das pessoas que vêm de
outras religiões para o Espiritismo, trazendo conceitos e sentimentos derivados
dos dogmas, que perduram por algum tempo. Essa fase de transição de conceitos
entre a antiga fé religiosa e a Doutrina Espírita não é muito simples e se
manifesta de forma peculiar em cada estrutura de pensamento, em cada cultura
pessoal e em cada experiência de vida. Aqueles, porém, que já se consideram
integrados na doutrina e no movimento espírita, inclusive, exercendo papéis de
liderança, com certeza, devem ter mais cuidado com o que falam ou escrevem,
antes de expor suas ideias ao público. Primeiramente, podemos considerar que há
líderes que se empolgam facilmente com o que falam ou escrevem, sem se
prepararem convenientemente, sendo que alguns até confiam mais na intuição de
seus "mentores" que nos textos da Codificação; estão mais preocupados
com o aspecto estético do discurso do que com o seu significado e, em razão
disso, saem atropelando os conceitos fundamentais espíritas, produzindo
confusões generalizadas. Como espíritas, temos a obrigação de estudar, aprender
e esclarecer, pois nosso compromisso é com a verdade. A sua colocação foi muito
oportuna nesse sentido e ela, em si mesma, pela clareza da sua exposição, já
enseja uma resposta.
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