faça sua pesquisa

domingo, 13 de maio de 2018

INSATISFAÇÃO, ESPÍRITO DA VERDADE E CONTROVERSIAS


O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) esclarece duvidas de leitores: Às vezes, não acredito que estou vivendo num mundo tão violento como o nosso, onde o egoísmo predomina, fazendo vítimas. Gostaria de viver num mundo superior, onde o homem não tivesse mais necessidade de mentir, de corromper e de agredir violentamente seu semelhante por causa de dinheiro.  Não pertencemos à Humanidade por acaso. Este mundo em que vivemos, da forma como se nos apresenta, com todas suas contradições e absurdos, desonestidade e violência, é o mundo que temos construído para nós, ao longo dos milênios. Já não estamos mais num mundo primitivo, porque superamos essa fase inicial da experiência humana, e tampouco nos encontramos num mundo superior, porque ainda não reunimos condições para tanto. O ambiente cultural da Terra retrata exatamente o nível de evolução de seus habitantes, que somos nós. Espíritos superiores, quando reencarnam em nosso Planeta, não são aceitos pelos homens e quase sempre se tornam vítimas de sua incompreensão, justamente porque procedem de um mundo onde o nível moral é bem superior ao da Terra. Por outro lado, nós, que aqui vivemos – hoje, no início do século XXI - ainda não estamos preparados para viver num mundo sem violência e dominação; nossas atitudes e comportamentos feririam logo seus princípios, causariam perturbação e desequilíbrio e nós, não os compreendendo, seríamos desajustados em seu ambiente, do mesmo modo que um troglodita, pela sua condição de homem primitivo, se sentiria perdido e confuso se tivesse que conviver numa família civilizada de nosso tempo. Qual é o certo: “Espírito da Verdade”, “Espírito de Verdade” ou “Espírito Verdade”. Não percebemos haja um consenso em relação ao nome exato do Espírito que, desde o início da Codificação, se manifestou a Kardec . Alguns chegam a afirmar que não se trata apenas de um Espírito, mas de uma falange de Espíritos, mas não é isso que vemos em OBRAS PÓSTUMAS. Traduções brasileiras antigas das obras kardequianas, como O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, de Torrieri Guimarães, revista por Carlos Imbassahy, Editora LAKE, utilizam “Espírito da Verdade”. Herculano Pires, Roque Jacintho, Salvador Gentile preferem “Espírito de Verdade”. E é com esta mesma grafia que encontramos as traduções da FEB. Lendo a Bíblia, constata-se que Noé tinha 950 anos de idade, Adão morreu com 930 anos de idade. Ouvindo um pastor falar, ele dizia que Adão tinha 4 metros de altura. Mais impressionante é ver pessoas esclarecidas – como médicos, advogados, promotores de justiça – acreditarem piamente no que está escrito. Qual livro espírita vem esclarecendo esses pontos e muitos outros? A princípio, parece que as pessoas com mais escolaridade, especialmente as que obtiveram formação universitária, estão mais propensas ao pensamento crítico em relação a todos os campos do conhecimento humano. Mas essa posição pode ser facilmente contestada, quando deparamos com universitários e profissionais, detentores de títulos de graduação e pós-graduação, estudiosos e até cientistas, que utilizam o pensamento racional para algumas coisas e o pensamento mágico para outras, numa flagrante contradição de que não se dão conta, talvez porque não estejam emocionalmente preparados para compreender os grandes problemas da vida. Por atavismo religioso impregnado no inconsciente coletivo, separam acintosamente a fé da razão, o divino do humano. A fé eles colocam apenas no campo do sagrado, onde não prevalece a racionalidade e onde tudo é possível, porquanto incompreensível, justamente onde se encontram os dogmas ou verdades intocáveis. O pensamento religioso tradicional, desde suas raízes mitológicas mais antigas, sempre estabeleceu a dicotomia sagrado-profano, humano-divino. No terreno do sagrado, todo questionamento é proibido, porque nele impera a fé passiva e ingênua; somente no domínio do profano ( ou seja, no mundo que nada teria a ver com Deus, mas somente com o homem) se pode raciocinar com lógica e objetividade. A teologia, que etimologicamente quer dizer “estudo de Deus”, difere da filosofia porque, embora use a razão, parte de princípios de fé ( ainda que absurdos), onde a racionalidade não participa, erigindo um edifício sem base crítica, diferentemente do Espiritismo que edificou sua doutrina sobre princípios de racionalidade. Portanto, é comum se deparar com leitores que tomam a Bíblia por verdade absoluta e inquestionável, não sabendo diferenciar a realidade da alegoria, e que preferem fechar os olhos à ciência quando se trata de alimentar a fé: é a forma como se sentem seguros diante de tanta insegurança. Mas, felizmente, nos meios religiosos comuns, vamos encontrar também pessoas que já se libertaram dessas amarras culturais arcaicas, que já questionam e buscam suas respostas com objetividade e lógica. Existem, no meio espírita, algumas obras que tratam do aspecto lendário da Bíblia e que procuram analisá-la com base em estudos sérios, embora a quase totalidade esteja voltada para o estudo do Novo Testamento, que contém o aspecto moral dos ensinos de Jesus, realçados por Allan Kardec. Que abordam a problemática do Velho Testamento, podemos citar “ A BÍBLIA E SEUS ABSURDOS” de Carlos Bernardo Loureiro e “O ESPIRITISMO E AS IGREJAS REFORMADAS” de Jayme Andrade. Devem existir outras obras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário