O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA,
eme) esclarece duvidas de leitores: Às vezes,
não acredito que estou vivendo num mundo tão violento como o nosso, onde o
egoísmo predomina, fazendo vítimas. Gostaria de viver num mundo superior, onde
o homem não tivesse mais necessidade de mentir, de corromper e de agredir
violentamente seu semelhante por causa de dinheiro. Não pertencemos à Humanidade por acaso. Este
mundo em que vivemos, da forma como se nos apresenta, com todas suas
contradições e absurdos, desonestidade e violência, é o mundo que temos
construído para nós, ao longo dos milênios. Já não estamos mais num mundo
primitivo, porque superamos essa fase inicial da experiência humana, e tampouco
nos encontramos num mundo superior, porque ainda não reunimos condições para
tanto. O ambiente cultural da Terra retrata exatamente o nível de evolução de
seus habitantes, que somos nós. Espíritos superiores, quando reencarnam em
nosso Planeta, não são aceitos pelos homens e quase sempre se tornam vítimas de
sua incompreensão, justamente porque procedem de um mundo onde o nível moral é
bem superior ao da Terra. Por outro lado, nós, que aqui vivemos – hoje, no
início do século XXI - ainda não estamos preparados para viver num mundo sem
violência e dominação; nossas atitudes e comportamentos feririam logo seus
princípios, causariam perturbação e desequilíbrio e nós, não os compreendendo,
seríamos desajustados em seu ambiente, do mesmo modo que um troglodita, pela
sua condição de homem primitivo, se sentiria perdido e confuso se tivesse que conviver
numa família civilizada de nosso tempo. Qual é o certo:
“Espírito da Verdade”, “Espírito de Verdade” ou “Espírito Verdade”. Não
percebemos haja um consenso em relação ao nome exato do Espírito que, desde o
início da Codificação, se manifestou a Kardec . Alguns chegam a afirmar que não
se trata apenas de um Espírito, mas de uma falange de Espíritos, mas não é isso
que vemos em OBRAS PÓSTUMAS.
Traduções brasileiras antigas das obras kardequianas, como O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO, de Torrieri
Guimarães, revista por Carlos Imbassahy, Editora LAKE, utilizam “Espírito da
Verdade”. Herculano Pires, Roque Jacintho, Salvador Gentile preferem “Espírito
de Verdade”. E é com esta mesma grafia que encontramos as traduções da FEB. Lendo a Bíblia, constata-se que Noé tinha 950 anos de idade,
Adão morreu com 930 anos de idade. Ouvindo um pastor falar, ele dizia que Adão
tinha 4 metros de altura. Mais impressionante é ver pessoas esclarecidas – como
médicos, advogados, promotores de justiça – acreditarem piamente no que está
escrito. Qual livro espírita vem esclarecendo esses pontos e muitos outros? A princípio, parece que as pessoas com
mais escolaridade, especialmente as que obtiveram formação universitária, estão
mais propensas ao pensamento crítico em relação a todos os campos do
conhecimento humano. Mas essa posição pode ser facilmente contestada, quando
deparamos com universitários e profissionais, detentores de títulos de
graduação e pós-graduação, estudiosos e até cientistas, que utilizam o
pensamento racional para algumas coisas e o pensamento mágico para outras, numa
flagrante contradição de que não se dão conta, talvez porque não estejam
emocionalmente preparados para compreender os grandes problemas da vida. Por
atavismo religioso impregnado no inconsciente coletivo, separam acintosamente a
fé da razão, o divino do humano. A fé eles colocam apenas no campo do sagrado,
onde não prevalece a racionalidade e onde tudo é possível, porquanto
incompreensível, justamente onde se encontram os dogmas ou verdades intocáveis.
O pensamento religioso tradicional, desde suas raízes mitológicas mais antigas,
sempre estabeleceu a dicotomia sagrado-profano, humano-divino. No terreno do
sagrado, todo questionamento é proibido, porque nele impera a fé passiva e
ingênua; somente no domínio do profano ( ou seja, no mundo que nada teria a ver
com Deus, mas somente com o homem) se pode raciocinar com lógica e
objetividade. A teologia, que etimologicamente quer dizer “estudo de Deus”,
difere da filosofia porque, embora use a razão, parte de princípios de fé (
ainda que absurdos), onde a racionalidade não participa, erigindo um edifício
sem base crítica, diferentemente do Espiritismo que edificou sua doutrina sobre
princípios de racionalidade. Portanto, é comum se deparar com leitores que
tomam a Bíblia por verdade absoluta e inquestionável, não sabendo diferenciar a
realidade da alegoria, e que preferem fechar os olhos à ciência quando se trata
de alimentar a fé: é a forma como se sentem seguros diante de tanta
insegurança. Mas, felizmente, nos meios religiosos comuns, vamos encontrar
também pessoas que já se libertaram dessas amarras culturais arcaicas, que já
questionam e buscam suas respostas com objetividade e lógica. Existem, no meio
espírita, algumas obras que tratam do aspecto lendário da Bíblia e que procuram
analisá-la com base em estudos sérios, embora a quase totalidade esteja voltada
para o estudo do Novo Testamento, que contém o aspecto moral dos ensinos de
Jesus, realçados por Allan Kardec. Que abordam a problemática do Velho
Testamento, podemos citar “ A BÍBLIA E SEUS ABSURDOS” de Carlos Bernardo
Loureiro e “O ESPIRITISMO E AS IGREJAS REFORMADAS” de Jayme Andrade. Devem
existir outras obras.
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