O professor José
Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) esclarece
as dúvidas de dois leitores: REINO DOS
CÉUS Li na Bíblia que certa vez, Jesus falou que as
meretrizes e os publicanos entrariam primeiro no Reino dos Céus. Neste caso,
Jesus não está aprovando o pecado em lugar de combatê-lo? Podemos ler os
Evangelhos de várias maneiras. O Espiritismo nos recomenda uma leitura crítica,
ou seja, uma leitura atenta e racional, pela qual possamos examinar o texto sob
os mais diversos ângulos, considerando a doutrina moral de Jesus, o povo a que
pertencia e a cultura de seu tempo. Esse tipo de leitura nos leva a ver Jesus
como um “demolidor de preconceitos”. Se você já leu todos os Evangelhos,
certamente pode verificar que Jesus importunou os fariseus com as suas
colocações e o fez de maneira acintosa e muito bem pensada. Ele combatia,
sobretudo, a hipocrisia, pois as pessoas que se diziam religiosas achavam que
“fazer a vontade de Deus” era simplesmente cumprir com as obrigações do
“culto”, satisfazer as exigências dos sacerdotes, frequentar as sinagogas e o
templo, guardar o sábado, observar o jejum , oferecer sacrifícios – essas
coisas, que as religiões, de um modo geral, costumam estabelecer para os seus
adeptos, Jesus no entanto, não vê essa prática liturgica como a verdadeira religião
ou seja, como religação do homem com Deus. Para ele, religiosidade é pensar,
falar e agir com amor em relação ao próximo, ou seja, praticando o Bem,
exercitando a caridade, com o fez o samaritano da parábola. A prática religiosa
convencional é mero formalismo. Por isso, insistia em chocar os fariseus com as
suas atitudes e afirmações, curando no sábado, defendendo a prostituta,
protegendo os doentes e mendigos, deixando-se levar pela meretriz, exaltando o
publicano e o samaritano, porque esses eram os discriminados daquela sociedade,
os pecadores, contra quem recaiam toda condenação do farisaísmo dominante e
opressor. Com isso demostrava que não tinha preconceito contra quem quer que
fosse e que o essencial na vida das pessoas não como elas se apresentam por
fora e como são vistas pela sociedade, mas como elas são por dentro, ante a
própria consciência. Daí o “não julgueis”, porque só Deus conhece o intimo de
cada um e de seus filhos e o Ser Perfeito pode fazer sobre eles o verdadeiro e
único julgamento CULPA Por que muitos
Espíritos, talvez a maioria, se sentem culpados, depois da desencarnação? Porque
sentem que não fizeram o que deviam ter feito em vida ou fizeram o que fazer
não deviam. A desencarnação nos desveste não só da roupagem física, mas pode
nos desvestir também de alguns valores menos dignos que alimentavamos na Terra.
Muitas pessoas só vão valorizar seus familiares, seus amigos, sua coletividade,
quando se veem do outro lado da vida, quando sentem que perderam a oportunidade
de conviver bem e de desfrutar da companhia daqueles que lhe são caros. Nunca
lhes dirigiram uma palavra de aprovação ou de carinho, nunca lhes estendeu a
mão ou lhes deu um abraço, nunca os apoiaram ou os ajudaram em algum empreendimento.
De repente, percebem que perderam tudo e aí vêm o remorso, o sentimento de
culpa, a ideia de Deus, a concepção de uma vida eterna e um julgamento
implacável desfere de sua consciência contra elas mesmas. Então explode o
desespero, muitas vezes, por sentirem que já entraram na eternidade das penas,
pois começam a sofrer e não sabem quando tudo termina. A desencarnação, quer
queiramos ou não, reserva-nos algumas surpresas desagradáveis. Por isso, seria
bom que começássemos a nos reformular ainda hoje, passando a pôr em prática
tudo aquilo que a nossa consciência moral nos tem mandado fazer, malgrado a
nossa desobediência. Os recém-desencarnados costumam ser educados e dóceis para
com os seus, porque, cientes da grande oportunidade que deixaram escapar,
querem fazer agora por eles tudo o que não fizeram quando estavam na Terra.
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