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terça-feira, 19 de junho de 2018

O QUE ENSINA O ESPIRITISMO


Em sua REVISTA ESPIRITA de agosto de 1865, Allan Kardec inicia a pauta com um artigo intitulado O QUE ENSINA O ESPIRITISMO, respondendo às pessoas que perguntam quais as conquistas novas que devemos ao Espiritismo. Num trecho de seus comentários, diz que “é incontestável que o Espiritismo ainda tem muito a nos ensinar. É o que não temos cessado de repetir, pois jamais pretendemos que ele tenha dito a última palavra”. Em outro, que “para alcançar a felicidade, Deus não pergunta o que se sabe, nem o que se possui, mas o que se vale e o bem que se terá feito. É, pois, no seu melhoramento individual que todo espírita sensato deve trabalhar, antes de tudo. Só aquele que dominou suas más inclinações aproveitou realmente o Espiritismo e receberá sua recompensa”. Alinha dez argumentos, demonstrando a lógica de seus raciocínios: 1 – Inicialmente, ele dá, como sabem todos, a prova patente da existência e da imortalidade da alma. É verdade que não é uma descoberta, mas é por falta de provas sobre este ponto que há tantos incrédulos ou indiferentes quanto ao futuro; é provando o que não passava de teoria que ele triunfa sobre o materialismo e evita as funestas consequências deste sobre a sociedade. Tendo mudado em certeza a dúvida sobre o futuro, é toda uma revolução nas ideias, cujas consequências são incalculáveis. Se aí, se limitassem os resultados das manifestações, esses resultados seriam imensos. 2 – Pela firme crença que desenvolve, exerce uma ação poderosa sobre o moral do homem; leva-o ao Bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida e o desvia do pensamento do suicídio. 3 – Retifica todas as ideias falsas que se tivessem sobre o futuro da alma, sobre o céu, o inferno, as penas e as recompensas; destrói radicalmente, pela irresistível lógica dos fatos, os dogmas das penas eternas e dos demônios; numa palavra, descobre-nos a vida futura e nô-lo mostra racional e conforme à justiça de Deus. É ainda uma coisa de muito valor.  4 – Dá a conhecer o que se passa no momento da morte; este fenômeno, até hoje insondável, não mais tem mistérios; as menores particularidades dessa passagem tão temida são hoje conhecidas; ora, como todo mundo morre, tal conhecimento interessa a todo mundo.  5 – Pela Lei da Pluralidade das existências, abre um novo campo à filosofia; o homem sabe de onde vem, para onde vai; com que objetivo está na Terra. Explica a causa de todas as misérias humanas, de todas as desigualdades sociais; dá as mesmas leis da natureza para base dos princípios de solidariedade universal, de fraternidade, de igualdade e de liberdade, que só se assentavam na teoria. Enfim, lança a luz sobre as questões mais complexas da metafísica, da psicologia e da moral. 6 – Pela teoria dos fluidos perispirituais, dá a conhecer o mecanismo das sensações e das percepções da alma; explica os fenômenos da dupla vista, da visão à distância, do sonambulismo, do êxtase, dos sonhos, das visões, das aparições, etc; abre um novo campo à Fisiologia e à Patologia. 7 – Provando as relações existentes entre os mundos corporal e espiritual, mostra neste último uma das forças ativas da natureza, um poder inteligente e dá a razão de uma porção de efeitos atribuídos a causas sobrenaturais, e que alimentaram a maioria das ideias supersticiosas. 8 – Revelando o fato das obsessões, faz conhecer a causa, até aqui desconhecida, de numerosas afecções, sobre as quais a ciência se havia equivocado, em detrimento dos doentes, e dá os meios de os curar.  9 – Dando-nos a conhecer as verdadeiras condições da prece e seu modo de ação; revelando-nos a influência recíproca dos Espíritos encarnados e desencarnados, ensina-nos o poder do homem sobre os Espíritos imperfeitos para os moralizar e os arrancar aos sofrimentos inerentes à sua inferioridade. 10Dando a conhecer a magnetização espiritual, que era desconhecida, abre ao magnetismo uma via nova e lhe trás um novo e poderoso elemento de cura. Conclui, por fim, que “o Espiritismo deu sucessivamente e em alguns anos todas as bases fundamentais do novo edifício. Cabe agora a seus adeptos por em obra esses materiais, antes de pedir novos. Deus saberá bem lhes  fornecer, quando tiverem completado sua tarefa”. 


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