O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) está de volta esclarecendo dúvidas de nossos leitores. Li, numa mensagem espírita, que sofrimento é bênção de Deus. Como pode o
sofrimento ser uma bênção, se ele desperta revolta nas pessoas? Nem
todo sofrimento desperta revolta e nem toda pessoa é revoltada porque sofre.
Assim como há os insatisfeitos e revoltados, existem também os conformados e
resignados. Isso depende do grau de maturidade espiritual de cada um. Às vezes,
vemos pessoas que sofrem sem reclamar; de outras, pessoas que reclamam mais do
que sofrem e outras que só sabem reclamar. Uma coisa é o que podemos constatar
pelos nossos olhos; outra, o que realmente se passa na intimidade de cada
indivíduo. O Espiritismo tem uma explicação para isso. Pessoas resignadas
diante do sofrimento e da adversidade são Espíritos que, certamente, escolheram
esse caminho como prova, para medirem sua capacidade de resistência ou para
exercitarem paciência e fé; são Espíritos que se comprometeram a lutar por uma
causa, a ajudar alguém ou a colaborar com um grupo ou com uma coletividade. Se
você pesquisar a biografia dos grandes vultos da história, pessoas que
trouxeram inestimável contribuição nos diversos setores da vida humana, vai
constatar que a maioria delas só alcançou seus intentos com muito sofrimento;
neste caso, parece que as dificuldades, que lhe foram impostas, serviram como
desafios para medirem sua tenacidade na luta. Por outro lado, pessoas
inconformadas, revoltadas, amarguradas diante das adversidades são Espíritos
que caíram nesse gênero de experiência por necessidade e não por escolha. Os
resignados, com certeza, sofrem menos, porque já aprenderam a administrar seus
impulsos de revolta e vêem os problemas com mais segurança e serenidade, ao
passo que os revoltados sofrem mais, por se julgarem impotentes diante dos
obstáculos. Ao contrário do que muita gente pode pensar, o Espiritismo não nos
ensina a procurar a dor, mas a superá-la, já que, no estágio evolutivo em que
nos encontramos, é impossível afastála definitivamente de nossa experiência.
Para viver bem, precisamos aprender a diferenciar que tipo de sofrimento está
ao nosso alcance afastar e qual o gênero de dor da qual ainda não podemos nos
libertar . O sofrimento, que é bênção, é aquele que se torna indispensável para
a nossa auto-superação, como exercício de vida. Contudo, ainda assim, ele não
tem um fim em si mesmo, não é o objetivo principal da vida, mas apenas um meio,
através do qual podemos desenvolver mais competência para vivermos melhor,
aprendermos e progredirmos sempre. Quero
saber o que vocês pensam sobre o planeta chupão, que está se aproximando da
Terra para levar parte de seus habitantes... Esse
tipo de "revelação", que se propaga no meio espírita com certa
facilidade, faz lembrar as revelações apocalípticas, muito próprias dos
profetas visionários, que sempre se constituíram apanágio das religiões.
Buscando inspiração na obra de Kardec - que é o nosso porto seguro - encontramos
mil justificativas para não nos envolvermos nem tampouco nos entusiasmarmos com
esse tipo de informação, venha de onde vier, por qualquer médium ou pelos mais
renomados mentores espirituais. Toda vez que os Espíritos se envolveram com
esse tipo de questão, principalmente a que se refere com vida em outros
planetas e coisas tais, deram-se muito mal e até serviram de chacota aos
adversários, que não entendem e nem pretendem entender as finalidades maiores
da doutrina. Infelizmente há várias obras com revelações desse naipe, mais
preocupadas em notoriedade e sensacionalismo do que com os valores morais do
Espiritismo; essas obras se espalham facilmente pelo meio menos esclarecido
doutrinariamente, despertando curiosidade e até risos e motejos. Em O LIVRO DOS
MÉDIUNS, capítulo II, "Do Método", vemos Kardec muito preocupado com
o desempenho nada recomendável dos "espíritas exaltados", que, já na
sua época, estavam à cata de fenômenos intrigantes e de revelações
espetaculosas, a fim de saírem anunciando aos quatro ventos. Na verdade, diz
Kardec, esses espíritas, muito imaturos, por acreditarem em afirmações incertas
e ridículas, colocam o Espiritismo na berlinda, prejudicando, muito mais do que
ajudando a propagação de suas ideias e de seus ideais.
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