O aparecimento do Espiritismo expôs uma realidade
ignorada pela maior parte das criaturas humanas: a da influência do chamado
Mundo Invisível sobre o Visível. Ações que funcionam por vezes, como os
processos de vampirização onde atitudes são adotadas meio que à revelia
daqueles que falam ou agem de forma inesperada e surpreendente. Atitudes que
variam da dependência física, afetiva até os extremos do suicídio e homicídio.
Na sequência alguns esclarecimentos sobre a questão: Objetivamente como
pode ser explicada a influência existente entre espíritos encarnados e
desencarnados? Sabemos que os Espíritos são revestidos de um envoltório
vaporoso, que lhes forma um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos o nome períspirito,
e cujos elementos são tirados do fluído universal ou cósmico, princípio de
todas as coisas. Quando o Espírito se une a um corpo, aí vive com seu
períspirito, que serve de ligação entre o Espírito, propriamente dito, e a
matéria corpórea; é o intermediário das sensações percebidas pelo Espírito. Mas
esse períspirito não é confinado no corpo, como numa caixa. Por sua natureza
fluídica ele se irradia exteriormente e forma em torno do corpo uma espécie de
atmosfera, como o vapor que dele se desprende. Mas a emanação que se desprende de um corpo doente é igualmente
doente, acre e nauseabundo, o que infecta o ar dos lugares onde se reúnem
muitas pessoas enfermas. Assim como esse vapor é impregnado das qualidades
do corpo, o períspirito é impregnado das qualidades, ou seja, do pensamento do
Espírito e irradia tais qualidades em torno do corpo. (RE;
12/1868) Na prática como se dá essa
influência? Por sua natureza
fluídica, essencialmente móvel e elástica, se assim se pode dizer, como agente
direto do Espírito, o períspirito é posto em ação e projeta irradiações pela
vontade do Espírito. Por esses raios ele serve à transmissão do pensamento,
porque, de certa forma, está animado pelo pensamento do Espírito. Suponhamos
duas pessoas próximas, cada qual envolvida por sua atmosfera perispiritual.
Esses dois fluidos põem-se em contato e se penetram. Se forem de natureza
simpática, interpenetram-se; se de natureza antipática, repelem-se e os
indivíduos sentirão uma espécie de mal estar, sem se darem conta; se, ao
contrário, forem movidos por sentimentos de benevolência, terão um pensamento
benevolente , que atrai. É por isso que duas pessoas se compreendem e adivinham
sem falar. (RE;
12/1862) Como se pode
constatar isso? Pela mediunidade
efetiva, consciente e assumida. Por ela se chegou a constatar a existência do
Mundo Invisível e, pela diversidade das manifestações obtidas ou provocadas,
foi possível entender a qualidade dos seres que o compõem e o papel que
representam na natureza. O médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o
microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos. Trata-se então de algo novo? Uma força nova, uma nova energia, uma nova lei, numa
palavra, que foi revelada. É realmente inconcebível que a incredulidade repila
mesmo a ideia, por isso que esta ideia supõe em nós uma alma, um princípio
inteligente que sobrevive ao corpo. Se se tratasse da descoberta de uma
substância material e não inteligente, seria aceita sem dificuldade. Mas uma
ação inteligente fora do homem é para eles superstição. Se, da observação dos
fatos produzidos pela mediunidade, remontarmos aos fatos gerais, poderemos,
pela similitude dos efeitos, concluir pela similitude das causas. (RE;
1/1863,) Os Espíritos então
tomam parte ativa em nossas vidas? Muito comumente os Espíritos são vistos assim pelos videntes: os
veem ir, vir, entrar, sair, circular em meio aos vivos, dando a impressão – pelo
menos os Espíritos comuns – de tomar parte ativa no que se passa em seu redor e
interessar-se conforme o assunto, escutando o que se diz. Por vezes, vê-se que se
aproximam das pessoas, soprando-lhes ideias, influenciando-as, consolando-as. (RE, 4/1861) De que forma? Em todos os tempos os bons e os
sábios ajudaram os intelectualmente desenvolvidos por inspirações, ao passo que
outros se limitam a nos guiar nos atos ordinários da vida; mas essas
inspirações, que ocorrem pela transmissão de pensamento a pensamento, são
imperceptíveis, discretas e não podem deixar qualquer traço material. Se o Espírito quiser manifestar-se ostensivamente, é preciso
que aja sobre a matéria; se quer que seu ensino, em vez de ter o vago e incerto
pensamento, tenha precisão e estabilidade, precisa de sinais materiais e para
tanto – deixam passar a expressão – serve-se de tudo que lhe cai às mãos, desde
que nas condições apropriadas à sua natureza. Serve-se de uma pena, de um
lápis, se quiser escrever, de um objeto qualquer, mesa ou panela, se quiser
bater, sem que por isso seja humilhado.. (RE;
4/1861)
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