Mais duas questões são submetidas à
apreciação do professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA
DOUTRINA ESPÍRITA, eme) na sequência. DESTINO E FATALIDADE Queria que vocês me falassem
alguma coisa sobre o destino. É verdade que aquilo que está estabelecido para a
vida não pode ser
mudado? Por exemplo: não é possível evitar a morte. Se é assim,
para que as precauções e as providências diante do perigo? Sem elas, tudo
correria exatamente como está determinado A teoria da
predestinação não é espírita e nem tampouco é aceita pelo Espiritismo. Segundo
essa teoria, o homem já nasceria com o destino determinado, não havendo
possibilidade de qualquer mudança. Algumas escolas reencarnacionistas são
conformistas, pois chegam a anunciar a impossibilidade da pessoa mudar o seu
"carma", de tal forma que ela teria que aceitar passivamente tudo o
que lhe acontece. Por essa crença, o homem não tem escolha, deve submeter-se
sempre ao que está traçado, pois não pode modificar nada. Não tendo escolha,
não tem livre-arbítrio e, portanto, não reúne nem mérito nem culpa pelos atos que pratica. O Espiritismo nos ensina que não há
destino imutável; somente as leis naturais são imutáveis, mas são as nossas
decisões e principalmente os nossos atos que vão construir o destino. Santo
Agostinho, no Catolicismo, chegou a defender uma teoria da predestinação,
segundo a qual o destino do homem - quanto a ir para o céu ou para o inferno -
já estaria determinado, uma vez que Deus, ao criar o homem, já sabe de seu
futuro; essa doutrina foi substituída posteriormente pela doutrina teológica do
livre-arbítrio de Santo Tomás de Aquino. Leia, em O LIVRO DOS ESPÍRITOS de
Allan Kardec , o capítulo referente à fatalidade, questões 851 a 867. ELIAS E JOÃO BATISTA Ouvi de um padre que a afirmação de que João Batista é Elias nada tem a
ver com a reencarnação, pois, no caso, Elias estaria representando apenas o
papel de profeta, que também coube a João Batista. Jesus estaria usando uma
linguagem figurada, referindo-se não à pessoa de Elias, mas ao papel que
representou. Compreendemos e respeitamos a opinião do
sacerdote, e nem poderia ser diferente sua posição. Mas, se compulsarmos os Evangelhos,
vamos perceber que as figuras de João e de Jesus causaram no povo grandes
especulações. Profetas, como Jeremias, haviam anunciado a vinda de um messias e
o povo sofrido aguardava ansioso o surgimento desse libertador que viria
extirpar seu sofrimento. Havia vagas noções a respeito da volta à vida, o que
era entendido mais comumente como ressurreição - uma crença que os hebreus
herdaram dos persas, no período pós-exílio, de 539 a 300 a.C.. Por isso, sem
maiores conhecimentos, apenas amparados pela fé, alguns diziam que João Batista
era Elias ressuscitado. Depois que João morreu, chegaram a levantar a hipótese
de que Jesus era o João ressuscitado, ou mesmo Elias, ou até Jeremias, ou
outros profetas, conforme podemos ler nos escritos de Mateus, Marcos e Lucas.
Conta Mateus ( capítulo 11) que, quando João estava na prisão, enviou dois
discípulos a Jesus para confirmar se ele, Jesus, era o messias anunciado, e
Jesus afirmou, entre outras coisas, que João "é o Elias que há de
vir", e ainda acrescentou: "quem tiver ouvidos para ouvir,
ouça". É evidente, portanto, que se falava de pessoas concretas e reais e
que João, segundo a opinião de Jesus, era a mesma pessoa que Elias; só que entre
essas duas personalidades havia um espaço de cerca de 900 anos, que o corpo de
João não podia ser o de Elias, pois João era filho de Izabel e Zacharias,
conhecido desde criança, conforme Lucas, capítulo 1. Um aspecto importante, que
salta aos olhos dos que estudam detidamente os evangelhos, é o fato de que
Jesus não questionava os dogmas religiosos e parece não gostava muito de entrar
nesse tipo de discussão. Raras vezes o fez. Estava preocupado, sim, com a sua
doutrina moral, com a mudança interior do homem. Por isso, tratou de leve esse
e outros assuntos e de acordo com a compreensão do povo, pois, do contrário,
não teria tempo e nem tampouco seria ouvido. Veja "REENCARNAÇÃO NA
BÍBLIA" de Herminio C. Miranda e "REENCARNAÇÃO, O ELO PERDIDO DO
CRISTIANISMO" de Elizabeth Clare Prophet.
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