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terça-feira, 25 de setembro de 2018

DEUS E KARDEC - HOJE E SEMPRE 35


Da figura austera e quase humana apresentada por Moisés e desta ao Pai Nosso de Jesus até a Inteligência Suprema do Universo, inúmeros séculos se passaram e a Humanidade terrena avançou um pouco em inteligência. Duvidas persistem ainda para aqueles que o tentam entender de forma abstrata. Na sequência dua das questões mais comuns: Considerando a evolução sujeita à Leis Eternas, Deus as pode derrogar para anuir aos pedidos que lhe são feitos? Deus não altera nem suspende para ninguém o curso das leis que regem o Universo.  Sem isto a ordem da Natureza seria incessantemente perturbada pelo capricho do primeiro que chegasse.  É, pois, certo que toda prece que não pudesse ser atendida senão por uma derrogação destas leis ficaria sem efeito.  Tal seria, por exemplo, a que tivesse por objetivo a volta à vida de um homem realmente morto, ou o restabelecimento da saúde se a desordem do organismo é irremediável.  Não é menos certo que nenhuma atenção é dada aos pedidos fúteis ou inconsiderados.  Mas ficai persuadidos de que toda prece pura e desinteressada é ouvida e que é sempre levada em conta a intenção, mesmo quando Deus, em sua sabedoria, julgasse a propósito não a atender; é sobretudo então que deveis dar prova de humildade e de submissão à sua vontade, dizendo a vós mesmos que melhor do que vós ele sabe o que vos pode ser útil.  Há, sem dúvida, leis gerais a que o homem está fatalmente submetido; mas é erro crer que as menores circunstâncias da vida estejam fixadas de antemão de maneira irrevogável; se assim fosse, o homem seria uma máquina sem iniciativa e, por conseguinte, sem responsabilidade. O livre-arbítrio é uma das prerrogativas do homem; desde que é livre para ir à direita ou à esquerda, de agir conforme as circunstâncias, seus movimentos não são regulados como os de uma máquina.  Conforme faz ou não faz uma coisa e conforme a faz de uma maneira ou de outra, os acontecimentos que disso dependem seguem um curso diferente; visto que são subordinados à decisão do homem, não estão submetidos à fatalidade.  Os que são fatais são os que são independentes de sua vontade; mas, todas as vezes que o homem pode reagir em virtude de seu livre-arbítrio, não há fatalidade.  O homem tem, pois, um círculo, dentro do qual pode mover-se livremente. Esta liberdade de ação tem por limites as leis da Natureza, que ninguém pode transpor; ou, melhor dizendo, esta liberdade, na esfera da atividade em que se exerce, faz parte dessas leis; é necessária e é por ela que o homem é chamado a concorrer para a marcha geral das coisas; e como ele o faz livremente, tem o mérito do que fez de bem e o demérito do que fez de mal, de sua indolência, de sua negligência, de sua inatividade. (RE; 5/1865) Então como acreditar que Deus pode atender aos rogos da criatura humana?  As flutuações que sua vontade pode imprimir aos acontecimentos da vida de modo algum perturbam a harmonia universal, pois essas mesmas flutuações faziam parte das provas que incumbem ao homem na Terra.  No limite das coisas que dependem da vontade do homem, Deus pode, pois, sem derrogar suas leis, anuir a uma prece, quando é justa, e cuja realização pode ser útil; mas acontece muitas vezes que ele julga a sua utilidade e a sua oportunidade de modo diverso que nós, razão por que nem sempre aquiesce.  Se lhe aprouver atendê-la, não é modificando seus decretos soberanos que o fará, mas por meios que não saem da ordem geral, se assim nos podemos exprimir.  Os Espíritos, executores de sua vontade, são então encarregados de provocar as circunstâncias que devem levar ao resultado desejado.  Quase sempre esse resultado requer o concurso de algum encarnado; é, pois, esse concurso que os Espíritos preparam, inspirando os que devem nele cooperar o pensamento de uma ação, incitando-os a ir a um ponto e não a um outro, provocando encontros propícios que parecem devidos ao acaso.  Ora, o acaso não existe nem na assistência que se recebe, nem nas desgraças que se experimenta.  Nas aflições, a prece não só é uma prova de confiança e de submissão à vontade de Deus, que a escuta, se for pura e desinteressada, mas ainda tem por efeito, como sabeis, estabelecer uma corrente fluídica que leva longe, no espaço, o pensamento do aflito, como o ar leva os acentos de sua voz.  Este pensamento repercute nos corações simpáticos ao sofrimento e estes, por um movimento inconsciente e como atraídos por um poder magnético, dirigem-se para o lugar onde sua presença pode ser útil.  Deus, que quer socorrer aquele que o implora, sem dúvida poderia fazê-lo por si mesmo, instantaneamente, mas, como eu disse, ele não faz milagres, e as coisas devem seguir seu curso natural; ele quer que os homens pratiquem a caridade, socorrendo-se uns aos outros.  Por seus mensageiros, o lamento que encontra eco é levado até ele e lá os Espíritos bons insuflam um pensamento benévolo.  Embora provocado, este pensamento deixa ao homem toda a sua liberdade, por isto mesmo que sua fonte é desconhecida; nada o constrange; ele tem, por conseguinte, todo o mérito da espontaneidade, se ceder à voz íntima que nele faz apelo ao sentimento do dever, e todo o demérito se resistir, porque dominado por uma indiferença egoísta. (RE; 5/1865)















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