O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) esclarece mais algumas duvidas dos leitores. JESUS E SALVAÇÃO Sempre ouço dizer que “só Jesus salva”. Então,
pergunto: se só Jesus salva, como ficam os milhões ou bilhões de pessoas no
mundo todo, que não são cristãs ( seguem o Budismo, o Hinduismo, o Islamismo)
e, ainda mais, como ficam aquelas outras milhões que morreram antes de Jesus? Esse lema é proclamado pelas religiões que tomam os
textos bíblicos ao pé da letra e querem, por toda sorte, adequar o mundo de
hoje às circunstâncias peculiares de um povo e de um determinado momento da história
antiga. Salvar para eles é livrar-se da condenação eterna e ganhar o paraíso.
Para o Espiritismo, salvar é libertar o homem dos vícios morais que ainda o
dominam e encaminhar a humanidade para uma vida moral superior. Quando Jesus
diz que a salvação vem por seu intermédio, ele não quer dizer que ela se dê
exclusivamente pela sua pessoa, mas por tudo que ele representa, principalmente
pelos princípios morais que ensinou. A linguagem alegórica de Jesus é para que
entendamos que o importante e fundamental foi sua mensagem de renovação
espiritual e que ela serve para toda a humanidade. Antes e depois de Jesus,
muitos mestres personificaram o ideal do bem e da justiça, e, portanto,
personificaram o ideal de Jesus, que deve permanecer no mundo como princípio universal. JESUS E RESSURREIÇÃO Ouvi um orador espírita dizer que se Jesus
não tivesse ressuscitado, possivelmente sua doutrina não teria se difundido
como foi. Só que o Espiritismo não acredita na ressurreição. Como ficamos
então? Com certeza, esse orador
quis dizer que, sendo a imortalidade da alma uma viga mestra nos ensinamentos
de Jesus, só com a prova da imortalidade ele se faria acreditar. E foi o que
fez, pois a grande corrida para as primeiras comunidades dos seguidores do
caminho se deu mais em função do que se propalou a respeito de suas aparições.
Depois da morte, Jesus apareceu a várias pessoas e em vários lugares, conforme
os evangelhos, para comprovar que, na verdade, ele não morrera. Se Jesus não
tivesse dado essa prova, o povo o esqueceria, como praticamente já o havia
esquecido, desde que foi preso e martirizado até a morte; a grande maioria não
acreditava na sobrevivência da alma e julgou que Jesus fraquejara em sua
missão, pois não tivera a coragem e a ousadia de Moisés para enfrentar a força
opressora dos dominadores. O messias, que os hebreus esperavam, na verdade, era
outro líder que tivesse também o papel político de libertador. Portanto, a
aparição de Jesus, depois da morte, veio consolidar definitivamente seus
ensinamentos e demonstrar as duas grandes vertentes de sua doutrina: que a
verdadeira libertação não é a política, mas a espiritual; e que a vida continua
após a morte. Trata-se, portanto, de um fenômeno espírita. Em “A GÊNESE”,
Kardec considera com muita propriedade que a presença de Jesus entre seus
discípulos se deu em dois grandes momentos. O primeiro, que se verificou na
fase de seus ensinamentos, martírio e morte; o segundo, o que sucedeu à sua
morte. No primeiro, ele era uma pessoa como todas as outras, um Ser humano de
carne e osso; no segundo, um agênere, ou seja, um Espírito materializado, que
aparecia e desaparecia de repente, como nos fenômenos ectoplásmaticos de
materialização. Enquanto que para os católicos e protestantes Jesus teria ressuscitado
com seu corpo físico, para o Espiritismo essa ressurreição ou esse
ressurgimento se deu com o corpo perispiritual.
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