Hoje, a presença do
professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENOS
DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) auxiliando-nos a compreender temas solicitados
pelos leitores. DOGMAS E ESPIRITISMO No Centro que frequento
vejo que muita gente acredita nos dogmas da Igreja. Talvez pelo fato de o
Espiritismo se abrir a qualquer pessoa, qualquer que for a religião, de nada
impor ou exigir de seus seguidores, deixando-os à vontade para crer como lhes
convém, é que muitos espíritas que conheço ainda acreditam na virgindade de
Maria e na ressurreição dos mortos. Aliás, já li obras, que também se intitulam
espíritas, até de editoras consagradas, que se referem à ressurreição de Jesus
com a maior naturalidade. Gostaria de ter uma opinião a respeito. A Doutrina Espírita é simples para aqueles
que realmente se propõem a aprende-la, esforçando-se para isso. Tudo indica que
o melhor caminho para o conhecimento da doutrina são os Cursos sugeridos por
Allan Kardec, a que os Centros deveriam se dedicar. Kardec não isenta ninguém
do estudo constante. Parece que uma boa parte das pessoas, que se afeiçoam ao
Espiritismo, não estudam a doutrina; apenas ouvem palestras ou se detêm em
leituras esparsas, sem seqüência ou metodologia, a maioria romances, alguns dos
quais, ainda trazem resquícios de catolicismo. Muitos dos que lêem, não trocam
idéias, não discutem os temas, ficando a leitura prejudicada por falta de uma
dinâmica apropriada de estudo. Nestes casos, o conhecimento doutrinário deixa
muito a desejar, mesmo porque as pessoas geralmente já trazem idéias e
concepções religiosas, arraigadas no seu inconsciente, sobre as quais querem
erigir o edifício de seus novos conhecimentos. Disso resulta um fenômeno
conhecido por aculturação, através do qual elas acabam misturando uma coisa com
outra, gerando essa mixórdia que, muitas vezes, encontramos no Centro Espírita.
Ainda há espíritas que aceitam passivamente esses dogmas, que você citou, como
a virgindade de Maria e a ressurreição de Jesus, que fazem orações católicas,
que entoam hinos nas reuniões mediúnicas, que acendem velas, que usam incenso,
que benzem roupas, que usam imagens e outras extravagâncias mas, simplesmente
porque não querem estudar a doutrina, não leram Kardec, nem aprenderam a raciocinar
como espíritas. Elas supririam melhor sua defasagem de conhecimento, se
fizessem um curso de Espiritismo com base nas obras da Codificação, a única
fonte verdadeiramente segura para preservarmos a pureza doutrinária. Quanto às
editoras, é possível que realmente ocorram essas discrepâncias doutrinárias,
porque, às vezes, deixa de haver uma equipe de doutrina exigente que proceda à
revisão desses trabalhos e examine com cautela o teor das ideias apresentadas.
Aliás, os autores espíritas, no Brasil, costumam se preocupar muito com a
forma, usam e abusam de figuras de linguagem e no excesso de preciosismo,
acabam, muitas vezes, por transmitirem conceitos antidoutrinários. LÍNGUAS ESTRANHAS
Frequentei uma igreja evangélica, depois de ter participado de várias reuniões
espíritas, e vi na igreja comunicações em línguas estranhas por uma senhora em
transe, que o pastor classificava como manifestações do Espírito Santo. Não
entendi nada do que se passava, porque a mulher pronunciava palavras
incompreensíveis, mas aquilo parecia mais uma mediunidade descontrolada. Fiquei
pensando comigo mesmo para que serviam aquelas manifestações barulhentas,
porque não se entendia nada. A crença na comunicação por
"línguas estranhas" vem do cristianismo primitivo. Paulo fala a respeito
em suas epístolas, especialmente na primeira carta aos Coríntios. Foi uma fase
fértil de manifestações mediúnicas, de que o apóstolo se ocupa em seus
escritos, incentivando a mediunidade, mas o povo mesmo entendia muito pouco do
que estava acontecendo. As pessoas preferiam, como hoje, ver mais o lado
espetacular do fenômeno, dando-lhe, muitas vezes, um colorido mágico que
atendia mais à curiosidade e dava azo à imaginação. No Espiritismo, há um
estudo sobre a mediunidade de xenoglossia, que é justamente a mediunidade pela
qual o médium pode dar comunicações de diferentes idiomas. Não é muito comum
esse tipo de médium, porque, em geral, os Espíritos não têm necessidade de se
manifestar em idioma que seja diferente do idioma do médium. O que vale na comunicação
é o pensamento, a idéia, dando ensejo a que o médium capte o teor da mensagem e
o transmita em sua própria língua. No entanto, há médiuns que tem a capacidade
de transmitir mensagens de vários idiomas, por ele desconhecidos, fato que
serve aos interesses dos pesquisadores, interessados em estudar o lado
científico da mediunidade. Todavia, a mensagem em si só tem valor pelo que ela
for capaz de comunicar: A comunicação supõe um emissor, um receptor e uma
mensagem. Se alguém recebe alguma mensagem numa língua que os circunstantes não
conhecem, isso não tem nenhum valor prático, porque não houve comunicação e os
presentes sairão dali sem entender nada. Por isso, é indispensável o
tradutor-intérprete, que vai dizer aos presentes o que o Espírito está dizendo.
Ademais, uma pessoa pode simular estar falando numa língua estranha e, assim,
enganar os presentes, se forem pessoas muito crédulas e não procurarem decifrar
o que foi falado. Quem primeiro falou sobre a necessidade do intérprete foi o
próprio Paulo de Tarso, porque para ele "eu antes quero falar na igreja
cinco palavras no meu próprio entendimento, para que possa também instruir os
outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida" ( II Cor. 14:19),
"Mas, se não houver intérprete, - diz Paulo, referindo-se à necessidade de
estar atento às comunicações em línguas estranhas - esteja calado na igreja, e
fale consigo mesmo e com Deus"". ( II Cor.14:28)
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