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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

PRESSENTIMENTOS E PROGNÓSTICOS E KARDEC - HOJE E SEMPRE 98


Apoiando-se em fatos que envolveram algumas personalidades importantes do passado da França, Allan Kardec escreve na edição de novembro de 1867 da REVISTA ESPÍRITA um artigo em que procura explicar a diferença entre as duas situações propostas pelos termos pressentimentos e prognósticos. Cita o livro Memórias De Madame Chapman em que é relatado que na época em que tinha sido concebida a ideia de unir Maria Antonieta, a filha da Imperatriz Maria Tereza, ao filho de Luiz XV, esta buscou ouvir o Cura Gassner  - reconhecido pelos seus à época chamados dons - a quem consultava muitas vezes, que ante a pergunta se sua “Antonieta seria feliz?”, após longa reflexão, empalideceu estranhamente e, apesar de manter enigmático silêncio, premido pela Imperatriz, disse: -“Senhora, há cruzes para todos os ombros”. A História registrou que desde o dia do casamento ocorrido em 16 de maio de 1770, uma sucessão de acontecimentos inclusive atmosféricos assinalaram essa pagina da vida de tanta gente famosa. O próprio Luiz XV, ouvira em 1757, de um astrólogo levado à sua presença pela Madame Pompadour, depois de ter feitos cálculos a partir da sua data de nascimento, disse-lhe:-“ Senhor, vosso reino é celebre por grandes acontecimentos; o que se seguirá sê-lo-á por grandes desastres”. Voltando à Maria Antonieta, após 8 anos de esterilidade, concebeu a uma menina e, três anos depois, ao que seria o herdeiro da Coroa, acontecimento comemorado em festa por toda Paris, em 21 de janeiro de 1782, onze anos antes da morte do Rei e do aprisionamento da Rainha para ser  guilhotinada, em 1793, um ano após o marido, acusada de traição pelos que fizeram a Revolução Francesa. Analisando a questão Allan Kardec pondera: -“Nestes fatos, há que considerar duas coisas bem distintas: os pressentimentos e os fenômenos considerados como prognósticos de acontecimentos futuros. Não se poderiam negar os pressentimentos, dos quais há poucas pessoas que não tenham tido exemplos. É um desses fenômenos cuja explicação a matéria só é impotente para dar, porque se a matéria não pensa, também não pode pressentir. É assim que o materialismo a cada momento se choca contra as coisas vulgares que o vem desmentir. Para ser advertido de maneira oculta daquilo que se passa ao longe e de que não podemos ter conhecimento senão num futuro mais ou menos próximo pelos meios comuns é preciso que algo se desprenda de nós, veja e entenda o que não podemos perceber pelo olhos e pelos ouvidos, para referir a sua intuição ao nosso cérebro. Esse algo deve ser inteligente, desde que compreende e, muitas vezes, de um fato atual, prevê consequências futuras. É assim que por vezes temos o pressentimento do futuro. Esse algo não é outra coisa senão nós mesmos, nosso Ser espiritual, que não está confinado no corpo, como um pássaro numa gaiola, mas que, semelhante a um balão cativo, afasta-se momentaneamente da Terra, sem cessar de a ela estar ligado. É sobretudo nos momentos em que o corpo repousa, durante o sono, que o Espírito, aproveitando o descanso que lhe deixa o cuidado de seu invólucro, em parte recobra a liberdade e vai colher no espaço, entre outros Espíritos, encarnados como ele, ou desencarnados, e no que vê, ideias cuja intuição traz ao despertar. Essa emancipação da alma por vezes se dá no estado de vigília, nos momentos de absorção, de meditação e de devaneio, em que a alma parece não mais preocupada com a Terra. Ocorre, sobretudo de maneira mais efetiva e mais ostensiva nas pessoas dotadas do que se chama a dupla vista ou visão espiritual. Ao lado das intuições pessoais do Espírito, há que colocar as que lhe são sugeridas por outros Espíritos, quer em vigília, quer no sono, pela transmissão de pensamentos de alma a alma. ´É assim que muitas vezes se é advertido de um perigo, solicitado a tomar tal ou qual direção, sem que por isto o Espírito cesse de ter o seu livre arbítrio. São conselhos e não ordens, porque sempre fica livre de agir à sua vontade.




terça-feira, 27 de novembro de 2018

REGRESSÃO DE MEMÓRIA E KARDEC - HOJE E SEMPRE 95


Indicador de evidências da reencarnação, a Regressão de Memória será tema do conteúdo a seguir para nossas reflexões. O Espírito André Luiz através da mediunidade de Chico Xavier nos repassa em suas obras algumas informações interessantes como: A mente, tanto quanto o corpo físico, pode e deve sofrer intervenções para reequilibrar-se. Mais tarde, a ciência humana evolverá em cirurgia psíquica, tanto quanto hoje vai avançando em técnica operatória, com vistas às necessidades do veiculo de matéria carnal. No grande futuro, o médico terrestre desentranhará um labirinto mental, com a mesma facilidade com que atualmente extrai um apêndice condenado. (ETC,12) Em obras de assistência ante quadros de transtornos psicológicos, é preciso recorrer aos arquivos mentais, de modo a produzir certos tipos de vibração, para descerrar os escaninhos da mente, nas fibras recônditas em que ela detém as suas aflições e feridas invisíveis. (ETC, 12) As recordações do pretérito não devem ser totalmente despertadas para que ansiedades inúteis não nos dilacerem o presente. A Verdade para a alma é como o pão para o corpo que não pode exorbitar da quota necessária a cada dia. Toda precipitação gera desastres. (ETC, 26) Como surgiu a possibilidade da chamada regressão de memória? Embora existam indícios de ter sido prática utilizada em Civilizações remotas como no Egito dos Faraós ou na Índia milenar, o primeiro registro sobre uma experiência do tipo foi incluída na edição da REVISTA ESPÍRITA publicada por Allan Kardec, no número correspondente a junho de 1866.  Em texto intitulado VISÃO RETROSPECTIVA DAS VÁRIAS ENCARNAÇÕES DE UM ESPÍRITO, é citada uma manifestação mediúnica havida na reunião de 11 de maio p.p. em que uma entidade de nome Cailleux morto recentemente na cidade de Lyon onde fora dedicado médico, relata ter sentido certo dia uma espécie de torpor apoderar-se dele, magnetizado pelo fluido de Amigos Espirituais; adormecido num sono magnético-espiritual; viu o passado formar-se num presente fictício. A despeito de conservar a consciência do seu EU, sentiu-se transportado no espaço; vendo-se numa reunião de Espíritos que, em vida, tinham conquistado alguma celebridade por descobertas feitas.  Ficou surpreso ao reconhecer personalidades antigas de todas as idades e épocas, com semelhança perispiritual consigo.  Perguntou-se o que tudo aquilo significava; dirigiu-lhes as perguntas sugeridas por sua posição, mas sua surpresa foi ainda maior, ouvindo-se responder a si mesmo.  Voltou-se, então, para eles e vi que estava só.  Quando seu Espírito sofreu essa espécie de entorpecimento, viu os diferentes corpos que seu Espírito animou desde um certo número de encarnações, e todos trabalharam a ciência médica sem jamais se afastarem dos princípios que o primeiro havia elaborado.  Esta última encarnação não era para aumentar o saber, mas simplesmente para praticar o que ensinava sua teoria.  Porque esquecemos o passado? Se, em cada existência, é lançado um véu sobre o passado, o Espírito nada perde do que adquiriu no passado: só esquece a maneira como o adquiriu.  Se compararmos a um estudante, pouco lhe importa saber onde, como, e com quais professores fez o terceiro ano, se chegando ao quarto sabe o que se ensinou no terceiro.  É assim que, ao reencarnar, o homem traz, por intuição e como ideias inatas, o que adquiriu em ciência e moralidade.  Digo em moralidade, pois se, durante uma existência ele melhorou, se aproveitou as lições da experiência, quando voltar será instintivamente melhor.  Seu Espírito, amadurecido na escola do sofrimento e do trabalho, terá mais solidez.  Longe de ter tudo a recomeçar, ele possui um capital cada vez mais rico, sobre o qual se apoia para adquirir mais.  O esquecimento temporário é um benefício da Providência.  A experiência é muitas vezes adquirida por rudes provas e terríveis expiações, cuja lembrança seria muito penosa e viria somar-se às angústias das tribulações da vida presente.  Se os sofrimentos da vida parecem longos, o que seria então se sua duração aumentasse com a lembrança dos sofrimentos do passado.  Seria agradável recordar-se de haver-se sido enforcado pelo que fez? Não nos perseguiria a vergonha ao pensar que o mundo soubesse o mal que cometemos? Que importa o que tenha podido fazer e sofrer para expiá-lo, se agora se é um homem respeitável?  Aos olhos do mundo um novo homem e aos olhos de Deus um Espírito reabilitado.  Libertos da lembrança de um passado inoportuno, agimos com mais facilidade.  É um novo ponto de partida; as dívidas anteriores estão pagas, está no indivíduo não contrair novas.  Suponhamos ainda um caso muito comum: que nas suas relações, em seu próprio lar, a pessoa convive com um Ser contra o qual tinha queixas, que talvez o tivesse arruinado ou desonrado em outra existência, e que, Espírito arrependido, venha a encarnar em seu meio, unir-se por laços de família para reparar seus erros pelo devotamento e afeição.  Não estariam ambos na mais difícil e insuportável situação, se os dois se recordassem de sua inimizade?  Em lugar de se apaziguarem, eternizariam o ódio.  Conclui-se daí que a lembrança do passado traria perturbações às relações sociais e seria um entrave ao progresso. (OQE)