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domingo, 4 de novembro de 2018

A CRIANÇA E A LEI DE CAUSA E EFEITO E KARDEC - HOJE E SEMPRE 75

O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) comparece para mais um esclarecimento solicitado por um leitor. Segundo o Espiritismo não existe Lei de Causa e Efeito para as crianças e para os doentes mentais?” Não existe exceção para as leis naturais. Pela Lei de Causa e Efeito – também conhecida por Lei de Causalidade – toda ação corresponde a uma reação. Se uma pessoa, quem quer que seja, pensando agir corretamente, comete um erro, ela sofre as consequências desse erro. Não se trata apenas de um preceito moral, mas de uma lei no seu mais amplo sentido, que funciona segundo um automatismo da natureza. Se uma criança ou um deficiente mental – por desconhecer o perigo que corre – enfia o dedo numa tomada elétrica, certamente levará um choque. A lei não “ vê” a quem atinge: ela responde sempre que acionada. Portanto, não há exceção para nenhum caso. Entretanto, há uma diferença fundamental entre se cometer um erro por ignorância e cometer-se um erro de forma consciente e deliberada. O aspecto moral da lei está diretamente relacionado ao grau de consciência de quem pratica o ato. Jesus, no seu tempo, já dizia: “A quem muito foi dado, muito será pedido”. O erro, cometido por ignorância, embora traga seu efeito, não gera a consciência culpada. Ao contrário, o erro deliberado, consciente – aquele que cometemos, sabendo de suas consequências nefastas – esse, sim, vai trazer dois tipos de efeito: o que deriva do erro em si e o que deriva da decisão de cometê-lo. No primeiro caso – que é o caso da criança ou do deficiente mental – não existe consequência moral para o agente; no segundo, contudo, quando foi deliberado, a pessoa que o cometeu sofrerá as aflições morais que, na grande maioria das vezes, são bem mais penosas que os danos físicos imediatos. BUDA E DEUS Zilda Domingues (SP) pergunta se Buda era ateu. Ela diz que não existe Deus no Budismo. Prezada Zilda. O deus pessoal, que nos foi passado pelo pensamento religioso do ocidente, a partir da proposta de Moisés no judaísmo, de fato, não existe para o Budismo, porque talvez Buda, em lugar disso, concebesse apenas um princípio universal, uma espécie de consciência cósmica. Buda não quis penetrar nesse campo que parece, de fato, inacessível à inteligência humana. Mas, se formos buscar ajuda do Espiritismo, talvez possamos entender melhor essa questão, porém, sem pretendermos decifrá-la de todo. Quando Kardec perguntou aos Espíritos que é Deus, ele próprio (Kardec) – já na formulação da pergunta – cuidou para não definir Deus antes de ter uma resposta. Abra O LIVRO DOS ESPÍRITOS, na primeira pergunta, e veja você mesmo. Kardec não pergunta QUEM É DEUS, como era de se esperar dentro da concepção judaico-cristã. Se usasse o demonstrativo QUEM, já estaria dando a Deus uma conotação de pessoa. Ele pergunta simplesmente QUE É DEUS?, ou seja, QUE COISA É DEUS? O QUE É ISSO? DE QUE SE TRATA? Os Espíritos, ao responderem a pergunta de Kardec, também não dão a Deus a conotação de pessoa: É A INTELIGÊNCIA SUPREMA, CAUSA PRIMÁRIA DE TODAS AS COISAS”. Observe, portanto, que eles também não dizem que Deus é uma pessoa ou que Deus é um Espírito, e ao conceituarem Deus como INTELIGÊNCIA SUPREMA, também não deixam claro o que Deus é. Mais adiante, nas questões seguintes, quando Kardec insiste em saber mais a respeito, os Espíritos pedem cautela e paciência, afirmando que ainda não estamos em condições de compreender a natureza de Deus; basta que saibamos que Ele existe, porque não há efeito sem causa: o universo deve ter uma causa primária – se não, como se justificaria sua existência? . Como – sendo infinitamente pequenos, - nós, humanos, poderemos entender o infinitamente grande? Como – sendo imperfeitos - poderemos compreender a Perfeição? Como – sendo relativos – poderemos entender o Absoluto? Talvez fosse o mesmo que pretender que uma simples minhoca, que vive enfurnada na escuridão terra, possa vir a entender o que é o homem. Trata-se de uma questão de alta indagação, de que o comum das pessoas comuns nunca se ocupou e não vai se ocupar, mas tão somente os intelectuais, os pensadores e filósofos. Por enquanto, como ainda nos sentimentos incapazes de lidar com a idéia da Perfeição, devemos trata-la por comparação, de acordo com a nossa capacidade conceitual, razão pela qual, ainda hoje, preferimos ficar o conceito que Jesus nos deu, quando simplesmente chamou Deus de Pai. 








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