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professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) esclarece
duvidas dos leitores. CIENTOLOGIA E ESPIRITISMO - Existe alguma relação
entre o Espiritismo e a Cientologia? O que vem a ser Cientologia? Com
certeza, muitos leitores ainda não ouviram falar dessa doutrina, porque ela só
surgiu em 1955, nos Estados Unidos; portanto, tem apenas 49 anos. Trata-se de
um sistema filosófico-religioso baseado na obra do escritor L.Ron Hubbard, que
viveu de 1911 a 1986. A Igreja da Citologia originou-se de uma psicoterapia
chamada dianética. Seus ensinamentos mesclam elementos de psicoterapia com
aspectos do cristianismo, do hinduismo e do budismo. A Cientologia ensina a
imortalidade da alma e a evolução espiritual através do mecanismo na
reencarnação. Neste ponto específico, ela se parece com o Espiritismo. Mas
difere em outros pontos que o Espiritismo não aceita. Por exemplo: a fim de
descobrir o seu ser imortal interior, seus adeptos se submetem a um rigoroso
processo de entrevistas, que inclui testes com detector de mentira, visando
aumentar seu autoconhecimento. A igreja também exige de seus adeptos altas
somas como contribuição financeira. Muitos astros do cinema americano pertencem
a essa igreja, conforme já tivemos ocasião de constatar pelos seus próprios
pronunciamentos. Embora a Cientologia tenha a reencarnação como ponto comum com
o Espiritismo, ela nada tem a ver com o Espiritismo e nem o Espiritismo com
ela. A Doutrina Espírita não está voltada apenas e tão somente para solução de
problemas particulares, mas, sobretudo, para os grandes problemas da
humanidade. Por isso, busca sua base moral na doutrina de Jesus e entende que
os problemas humanos serão equacionados, pouco a pouco, à medida que o homem,
independente de religião, for se adequando aos padrões de comportamento
ensinado por Jesus de Nazaré. "O Espiritismo diz que aquele que matar um
homem com um tiro de revolver no coração, na sua própria existência será
portador de um grave problema do coração. Eu pergunto: aquele que fizer o
mesmo, porém matar em legítima defesa, também será portador dessa grave
doença? Primeiro, vamos fazer um pequeno reparo nessa afirmação. A Doutrina Espírita
reafirma o que a ciência sempre disse: existe uma Lei de Causa e Efeito. Mas
essa lei, aplicada à nossa vida moral, tanto quanto à vida biológica, não
funciona segundo um modelo matemático preciso. Essa relação, que você
estabelece, entre matar com um tiro no coração e sofrer uma doença cardíaca na
próxima existência, pode acontecer, mas é apenas uma probabilidade, e não um
fato certo, inevitável. Existem uma infinidade de efeitos provenientes de uma
mesma causa: isso quer dizer que a doença cardíaca é apenas um dos possíveis
efeitos daquela causa. Assim, quando falamos que “todo efeito tem uma causa” ou
que “toda causa deriva de um efeito”, trata-se de uma regra geral, pois, uma
causa pode gerar vários efeitos ou vários efeitos podem decorrer de uma única
ou de uma série de causas. Cada caso é um caso. Feito o reparo, voltamos a
afirmar o seguinte: nenhum de nossos atos escapa à lei natural; bom ou mal, ele
sempre tem retorno, que não é o mesmo para todas pessoas ou para todas as
situações. Mas, quando praticamos um ato danoso – ou seja, um ato que traz
prejuízo para alguém – podemos sofrer dois tipos de conseqüências para o ato
cometido. A primeira conseqüência deriva da natureza do próprio ato; por
exemplo, matar alguém. Claro, que isso tem um custo para nós, uma conseqüência
ou uma repercussão em nossa vida futura – e nem poderia ser de outro modo. A
segunda conseqüência, Cristiano, é de ordem moral, ou seja, em que circunstâncias
cometemos o ato? O crime foi premeditado? Matamos porque queríamos matar? Ou
matamos por mero acidente? ou apenas para nos defender? Esta questão de ordem
moral é a mais
importante para o nosso mundo íntimo. Como todo ato traz conseqüência, claro
que o simples fato de matar ou provocar a morte de alguém terá conseqüência em
nossa vida. Mas, a conseqüência será mais drástica se o fizemos com a intenção
de matar, se o praticamos consciente e deliberadamente para provocar aquela
morte, se matamos porque queríamos matar, porque odiamos a pessoa naquele
momento e desejamos a sua morte. No entanto, se o resultado que provocamos,
ainda que seja a morte de alguém, não dependeu de nossa vontade; se o fizemos
porque não havia outra alternativa, se não pudemos ou não conseguimos evitar
porque estava além de nossas forças, com certeza, não ter uma atenuante a nosso
favor. O mecanismo responsável pelas chamadas “doenças cármicas” ( doenças
derivadas de atos praticados em encarnações anteriores ) decorre da condição
moral do Espírito. É ele que, atormentado pelo ódio ou pelo sentimento de culpa
diante do mal que fez, volta-se contra si mesmo, como numa espécie de
autopunição, provocando enfermidades ou deficiências no próprio corpo. São as
doenças mais difíceis, muitas vezes incuráveis, porque elas emergem do fundo da
alma, maculando o perispírito e deixando uma marca profunda na consciência.
Portanto, caro leitor, as condições de quem praticou o crime deliberadamente e quem
o fez apenas por uma determina circunstância da vida são completamente
diferentes. Não podemos saber, evidentemente, quais serão suas conseqüências,
mas podemos assegurar que elas terão conseqüências diferentes.
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