Em programa de debates de um
dos canais de notícia da TV paga, no final de noite do último dia primeiro de
maio, um Desembargador e um Promotor de Justiça ligado à área da Infância e
Juventude discutiam sobre a necessidade de se reduzir a maioridade penal em
face do crescente aumento da violência garantida pela impunidade em nossa
sociedade. O Promotor, favorável à mudança da diminuição do limite vigente,
defendendo seu ponto de vista, disse ter ouvido jovens afirmarem que “atiram
em suas vitimas somente para vê-las cair”, não demonstrando nenhum tipo
de constrangimento em relação à vida humana. Sua observação nos fez lembrar a
atualidade de questionamento no comentário de Allan Kardec à resposta da
pergunta 685 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS,
quando diz “quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na
corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios
instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato?”. E,
nesse aspecto, o Espiritismo tem importantes considerações a fazer. Aponta a
educação da criança como preocupação essencial na formação de indivíduos,
durante o período em que a personalidade construída em existências anteriores
encontra-se bloqueada pela “anestesia” do esquecimento do
passado, resgate que se dá por volta dos quinze anos de idade. Em comunicação
espiritual espontânea lida na reunião de 14 de janeiro de 1859, publicada no
número de fevereiro da REVISTA ESPÍRITA, recolhemos alguns tópicos
importantes. 1- Não conheceis o segredo que, em
sua inocência, ocultam as crianças; não sabeis o que são, nem o que foram, nem
o que hão de ser. Entretanto vós as amais, vós as prezais como se fossem uma
parte de vós mesmos e de tal modo que o amor da mãe pelos filhos é considerado
como o maior amor que um Ser possa ter a outro Ser. 2- As crianças são os seres que Deus envia a
novas existências; e para que elas não possam queixar-se de sua grande
severidade, dá-lhes toda a aparência da inocência; mesmo numa criança
naturalmente má, os defeitos são cobertos pela inconsciência de seus atos. Esta
inocência não é uma superioridade real sobre aquilo que foram antes. Não: é a
imagem do que deveriam ser; e se não o são, a culpa cairá sobre elas unicamente.
3- Mas não foi apenas por elas que
Deus lhes deu tal aspecto; foi também – e, sobretudo – por seus pais, cujo amor
é necessário à sua fraqueza; e este amor ficaria singularmente enfraquecido à
vista de um caráter impertinente e intratável, ao passo que, supondo os filhos
bons e meigos, lhes dão toda a sua afeição e os cercam das atenções mais
delicadas. 4- Quando, entretanto, as
crianças não mais necessitam dessa proteção, dessa assistência, que lhes foi
dada durante quinze ou vinte anos, seu caráter real e individual aparece em
toda a sua nudez: permanece bom, se for fundamentalmente bom, mas se irisa
sempre de nuanças que estavam ocultas pela primeira infância. 5- A
infância tem ainda outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corpórea
para o seu aperfeiçoamento, para sua melhora; a fraqueza da infância os torna
flexiveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que tem o encargo
de seu progresso. É então que seu caráter pode ser reformado, pela repressão de
suas más inclinações. Tal o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada
pela qual hão de responder”. Diante de tais ponderações, perguntamos:
na atualidade, o exercício da paternidade e da maternidade, tem algum tipo de
orientação nesse sentido? A questão da espiritualidade é cogitada pelos
responsáveis pelo Espírito a ele vinculado pela consanguinidade? O comportamento
social do jovem e da criança hoje, aproxima-se da civilidade ou do primitivo?
Goethe, poeta e pensador alemão escreveu que “só é possível ensinar uma
criança a amar, amando-a”. Seu caso ou
dos exemplos que observa ao redor, incluem no currículo de matérias a serem
ministradas na convivência com os filhos o amor?
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