O
professor José Benevides Cavalcante
(FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA,
eme) CORPO FLUÍDICO Diz a Bíblia que todo
Espírito, que não confessa que Jesus Cristo não veio em carne, não é de Deus;
mas aquele que confessa que Jesus veio na carne, esse é de Deus”, palavras de
João, primeira epístola, capítulo 4, versículo 3. Naturalmente, ele quer uma
explicação sobre isso. Os Espíritos que se comunicam nos Centros Espíritas, não
estariam no esquecimento para retornarem no dia da ressurreição. Vamos à
primeira parte da pergunta. Essa questão sobre o corpo de Jesus, se ele era uma
pessoa comum ou não – ou seja, se ele tinha ou não um corpo de carne – é muito
antiga e há aqueles que ainda hoje discutem essa questão. Nessa passagem, que
você cita, João está tratando justamente desse assunto. Quando correu a notícia
de que Jesus havia aparecido, depois de morto, reavivaram os ânimos entre seus
seguidores. O mestre de Nazaré havia falado da ressurreição – ou seja, ele
havia dito que a vida continua após a morte, que ressurgimos depois. Com
certeza, muito poucos acreditaram nisso. Basta considerar a decepção que
sentiram quando ele foi crucificado e morto. No entanto, a notícia de seu
reaparecimento depois da morte causou espanto e, ao mesmo, tempo uma inusitada
alegria entre aqueles que já tinham perdido a esperança na sua palavra. Então,
Jesus tinha razão - concluíram: o Espírito não morre! A vida continua!... É
claro que, naquela época, a ignorância era muito maior que hoje. A partir dos
relatos das primeiras aparições de Jesus – ou às mulheres junto ao túmulo, ou
aos discípulos na casa de Pedro e na estrada de Emaús, ou na praia para os
pescadores – começaram as cogitações e as especulações a respeito da sua morte
e de seu corpo. Ora, muita gente viu que Jesus foi realmente crucificado, que
ele havia morrido na cruz e que fora sepultado, como os cadáveres de todas as
pessoas que morriam. Então, como foi que ele apareceu? Surgiram, então, entre
seus seguidores, duas grandes interpretações sobre o fato. A primeira
interpretação, a mais simples - que dizia que Jesus efetivamente tinha morrido
- mas que, por um milagre de Deus, seu corpo carnal se reconstituiu e retornou
à vida, tal como era antes. Talvez tenha sido esta interpretação a que mais
caiu na confiança no povo e, por isso, muitos passaram a acreditar na
ressurreição da carne, hoje dogma da Igreja. Mas havia uma outra interpretação.
Os partidários de uma corrente chamada docetismo passaram a afirmar que Jesus
não morrera de verdade, porque o corpo dele não era um corpo comum como o
nosso. Era um corpo celestial ou espiritual, que não estava sujeito às
vicissitudes da carne – ou seja, ao mesmo desgaste, à doença ou à morte - e
que, portanto, era um corpo que não podia morrer. Esta foi uma das primeiras
questões que dividiram os cristãos, causando muita discussão. Com certeza,
João, que convivera com Jesus – pois lhe fora um dos discípulos - não podia
concordar com a ideia de que Jesus não tivera um corpo como o nosso, porque se
isso, realmente, tivesse acontecido, tudo o que aconteceu com ele – sofrimento
e morte - não teria passado de uma mera encenação. Na verdade, se seu corpo não
fosse de carne, ele não teria sofrido como se pensava; o sangue – que jorrara
de seu corpo por ocasião do martírio – também não era verdadeiro, e tanto o seu
martírio quanto a sua morte eram, portanto, puro fingimento. Essa ideia absurda
deve ter chocado João. Ele não podia concordar com isso, razão pela qual ele
passou a combater ardorosamente quem afirmasse que Jesus não tinha um corpo de
carne. Foi por essa razão, caro leitor, que João escreveu que todo espírito,
que não reconhece que Jesus veio num corpo de carne, não pode ser de Deus –
isto, não pode ser verdadeiro. Mas, por que será que João, na sua primeira
carta, fala de Espíritos e não de pessoas? Porque, naquela época, eram comuns
as manifestações de Espíritos nas reuniões dos cristãos. Repare que, na época
em que esses textos foram escritos, já haviam passado várias décadas da morte
de Jesus, mas os seus seguidores – incluindo Paulo – recebiam orientação de
Espíritos, através de manifestações que, hoje, chamamos de mediúnicas. Paulo,
inclusive, em suas cartas, referindo-se a tais manifestações, fala dos dons
espirituais – que nada mais que são que hoje o Espiritismo chama de faculdades
mediúnicas. À propósito, João, neste mesmo capítulo, chega a prevenir as
pessoas, alertando para que não sejam enganadas por qualquer Espírito; deveriam
verificar quais eram os Espíritos que vinham de Deus, ou seja, quais aqueles em
que realmente se podia confiar, porque havia muitos enganadores, que traziam ideias
e teorias falsas. Foi Paulo de Tarso quem deu a melhor interpretação do
fenômeno da ressurreição. E isso está em uma de suas cartas aos Coríntios.
Paulo não concordou, nem com aqueles que achavam que Jesus ressuscitou no mesmo
corpo carne, nem com aqueles que diziam que Jesus viveu na Terra num corpo
celestial. Ele, Paulo, diz que Jesus teve um corpo carnal (como o nosso), mas
ressuscitou num corpo espiritual (que, no Espiritismo, chamamos de
perispírito). E Paulo vai mais longe, quando diz que todos nós ressuscitaremos
com esse corpo espiritual, “ porque não morreremos, mas
seremos transformados” – diz ele. Essas conclusões de Paulo são muito
importantes para podermos compreender que a ressurreição não é um fenômeno
distante, mas um fenômeno que acontece com todas as pessoas logo que
desencarnam, pois todas têm um corpo espiritual e é, com ele, que ressurgem
para a vida espiritual, logo após a morte. Respondendo a segunda parte de sua
pergunta, Silvério, podemos dizer que os Espíritos, que se comunicam no centro,
são aqueles que viveram conosco aqui na Terra – familiares, parentes, amigos ou
pessoas estranhas. Na verdade, como Jesus, eles ressurgiram após a morte do
corpo, embora nem todos se manifestem como Jesus se manifestou. A aparição de
Jesus se deu através de um fenômeno que chamamos de materialização, uma vez que
o corpo espiritual (ou perispírito) é invisível no seu estado normal, mas pode,
em circunstâncias muito especiais, se fazer visível e até mesmo palpável, como
a aparência de um corpo comum. Outro exemplo típico de materialização na Bíblia
está no aparecimento dos Espíritos de Moisés e Elias para Jesus, no Monte
Tabor, fenômeno que foi presenciado por sentido e obter um testemunho
extraordinário de materialização de um ente querido, consulte o livro “MATERIALIZAÇÕES LUMINOSAS”, autoria de R. A. Ranieri.
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