Nos
estágios mais avançados da evolução do Espírito, os estudiosos do comportamento
observam que as reações são como que compulsivas, baseadas na tentativa de uma
criatura se sobrepor a outra ignorando seus direitos por Justiça. O instinto
passa a ser encarado como paixão ou vício classificado como egoísmo. Conforme o
Espiritismo o explica e como pode ser associado ao instinto? O egoísmo se origina do orgulho. A exaltação da personalidade leva o
homem a considerar-se acima dos outros. Julgando-se com direitos superiores,
melindra-se com o que quer que, a seu ver, constitua ofensa a seus direitos. A importância que, por orgulho, atribui
à sua pessoa, naturalmente o torna egoísta. O egoísmo e o
orgulho nascem de um sentimento natural: o instinto de conservação.
Considerando as paixões e vícios como desvios do
sentimento em construção, qual dentre os identificados o mais radical?
O egoísmo. Daí
deriva todo mal. Estudai
todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não
chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não
lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para
esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir
aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo
sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e
a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades. (LE;
913) Podemos diante disso creditar todos os
efeitos observados na sociedade humana ao Egoísmo? Em todos os lances da evolução, seremos defrontados
pelo egoísmo a entravar-nos o passo. É sombra em nosso sentimento em forma de
vaidade e tóxico em nosso raciocínio na feição de orgulho. É veneno
em nosso coração sob a máscara do crime e fogo em nossa alma, sob a capa
agressiva da revolta. É incêndio em nosso peito, sob a
tempestade da cólera e gelo em nossas mãos, sob a inércia da preguiça. Aparece
em todas as fases do dia, ora sob a faixa do desculpismo de variados matizes,
ora sob os mil modos com que apresentamos a nossa deserção da luta
santificante. Desvairado apego ao nosso
"EU", o egoísmo, sem dúvida, é treva da ignorância ocultando-nos o
caminho real de nossos deveres à frente da imortalidade sublime. Se desejamos efetivamente alcançar a bendita
claridade da ascensão, abandonemo-lo aos resíduos da estrada e, fugindo ao
circulo estreito de nossa personalidade, através da ação constante no bem,
consagremo-nos à Vontade do Senhor - única fórmula de libertação que nos
conduzirá à felicidade verdadeira. Cultivemos a boa vontade, a
compreensão e a simpatia. E, aprendendo a servir sem
descansar, seguiremos do vale escuro da ignorância para os cimos da vida, onde
nos esperam as alegrias eternas da sabedoria e do amor. (AL,CC) Como identificar o Egoísmo nos desajustes da
sociedade? Herança evidente de nossa antiga animalidade,
por toda a parte, ainda vemos o egoísmo a repontar em toda extensão do mundo. Em família, é o exclusivismo do sangue. No lar, é
o narcisismo doméstico. Na oficina
de trabalho, é o despeito. Na propriedade transitória, é a
ambição de posse desnecessária. Na cultura da inteligência, é a
vaidade intelectual. Na ignorância, é a agressividade.
Na
riqueza amoedada, é o espírito de usura. Na pobreza, é a inveja destrutiva. Na
madureza, é o azedume. Na mocidade, é a ingratidão. No
ateísmo, é a impiedade. Na fé religiosa, é a
intolerância. Na alegria, é o excesso. Na
tristeza, é o isolamento. Nos fortes, é a tirania. Nos
fracos, é a astúcia. Na afetividade, é o ciúme. Na
dor, é o desespero. No mimetismo que lhe é próprio,
usa em todos os setores as mais diversas máscaras e qual o joio que abafa o
trigo, comparece igualmente nos corações que a luz já felicite, em forma de
cólera e irritação, desânimo e secura. . . Se desejarmos dar combate à praga
do egoísmo na gleba da alma, saibamos estender, cada dia, as nossas disposições
de mais amplo serviço ao próximo, e, aprendendo a ceder de nós mesmos, entre a
humildade e o sacrifício, no bem de todos, conquistaremos com o Cristo a
plenitude do amor que lhe converteu a própria cruz em ressurreição para a Vida
Eterna. (E; EP)
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