Os comportamentos
humanos nas relações entre si são marcados mais por atitudes impulsivas que
raciocinadas. Isso resulta de comprometimentos do individuo nas relações de si
para consigo mesmo e pra o grupo social em que está inserido. Comprometimentos
que terão de ser resolvidos se resultam em conflitos de consciência. Na
sequencia alguns esclarecimentos oferecidos pelo Espiritismo aos que buscam
implementar em suas vidas o “conhece-te a si mesmo”. Como o Princípio Inteligente do Universo se transformou no Espírito
iniciando o período de Humanização ou Humanidade? O princípio espiritual, desde o
obscuro momento da criação, caminha sem detença para frente. Afastou-se do leito
oceânico, atingiu a superfície das águas protetoras, moveu-se em direção à lama
das margens, debateu-se no charco, chegou à terra firme, experimentou na
floresta copioso material de formas representativas, ergueu-se do solo,
contemplou os céus e, depois de longos milênios, durante os quais aprendeu a
procriar, alimentar-se, escolher, lembrar e sentir, conquistou a
inteligência... Viajou do simples impulso para a irritabilidade,
da irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto
para a razão. Nessa penosa
romagem, inúmeros milênios decorreram sobre nós. Estamos, em todas as épocas,
abandonando Esferas Inferiores, a fim de escalar as Superiores. O cérebro é o órgão sagrado de
manifestação da mente, em trânsito da animalidade primitiva para a
espiritualidade humana. Em
síntese, o homem das últimas dezenas de séculos representa a Humanidade
vitoriosa, emergindo da bestialidade primária. (NMM;4) É possível ter se uma ideia do tempo gasto nessa caminhada? O Princípio Inteligente,
desde o vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma
na Terra, a fim de que pudesse lançar as suas primeiras emissões de
pensamento contínuo para os Espaços Cósmicos, com o titulo de homem(...)
dotado de raciocínio e discernimento, o Ser, para chegar aos primórdios da
Época Quaternária ( há 200 mil anos), em que a Civilização elementar do silex
denuncia algum primor de técnica despendeu mais ou menos 15 milhões de
séculos, ou um bilhão e meio de anos. (EDM,6) Como teria se operado o início da fase Humanidade? Ignoramos absolutamente em que condições se dão as primeiras
encarnações do Espírito; é um desses princípios das coisas que estão nos
segredos de Deus. Apenas sabemos que são criados simples e ignorantes, tendo
todos, assim, o mesmo ponto de partida, o que é conforme à justiça; o que
sabemos ainda é que o livre-arbítrio só se desenvolve pouco a pouco e após
numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem após a primeira, nem
depois da segunda encarnação que o Espírito tem consciência bastante clara de
si mesmo, para ser responsável por seus atos; não é senão após a centésima,
talvez após a milésima. Dá-se
o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades, nem um,
nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos. .(RE, 1/1864) O armazenamento do registro de percepções, sensações e experiências
se dá naturalmente através da memória cujos rudimentos podem ser observados no
Reino Mineral. Como o Espiritismo a explica? A memória pode ser comparada a placa sensível que, ao influxo da
luz, guarda para sempre as imagens recolhidas pelo Espírito, no curso de seus
inumeráveis aprendizados, dentro da vida. Cada existência de nossa alma, em
determinada expressão da forma, é uma adição de experiência, conservada em
prodigioso arquivo de imagens que, em se superpondo umas às outras, jamais se
confundem. (ETC, 12) Que é a memória, senão uma espécie de álbum mais ou menos
volumoso, que se folheia para encontrar de novo as ideias apagadas e
reconstituir os acontecimentos que se foram? Esse álbum tem
marcas nos pontos capitais. De
alguns fatos o indivíduo imediatamente se recorda; para recordar-se de outros,
é-lhe necessário folhear por longo tempo o álbum.(OP) A memória é
como um livro! Aquele em que lemos algumas passagens facilmente no-las
apresenta aos olhos; as folhas virgens ou raramente perlustradas têm que ser
folheadas uma a uma, para que consigamos reconstituir um fato sobre o qual
pouco tenhamos demorado a atenção. Quando o Espírito encarnado se lembra,
sua memória lhe apresenta, de certo modo, a fotografia do fato que ele procura.
A memória é um disco vivo
e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som
de quanto falamos e ouvimos. Por
intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos. (LI, 11)
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