DEUS, JESUS E MOISÉS E KARDEC - HOJE E SEMPRE 111
O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) está de volta esclarecendo duvidas de nossos leitores.“O que
havia de diferente entre Jesus e Moisés em relação à idéia que eles faziam de
Deus?”- Moisés e Jesus, dois grandes personagens da
civilização hebraica, viveram em épocas bem recuadas um do outro. Entre Moisés
e Jesus há, pelo menos, 15 séculos de diferença,. Só esse fator – o largo tempo
que os separou – já é suficiente para determinar que entre eles houvesse uma
visão bem diferente de Deus. Não há verdade absoluta para o Ser humano, Jesus
no cenário religioso de seu tempo foi revolucionária, porque Jesus,
diferentemente dos profetas que o antecederam, veio com uma visão muito
própria, e tão diferente que ele não foi absorvido pela religião judaica, que o
rejeitou, pois seu pensamento não se enquadrava nas ideias de seus
antecessores. Moisés chamou Iavé ( o deus de Abraão) apenas para seu povo, como
se seu povo fosse exclusivo dele – um deus nacional - não descartando a
existência de outros deuses de outros povos. Sua religião estava voltada
exclusivamente para esta vida – ele não cogitava de uma vida espiritual, além
desta. Iavé era um soberano poderoso e violento. Seus mandamentos, embora se
fale que eram apenas dez – na verdade, eram mais de 600, conforme está na
Bíblia. Através deles, estabelecia regras rígidas que deveriam ser seguidas à
risca. O prêmio para os obedientes era uma longa vida; o castigo, em muitos
casos, era a morte. O desobediente era condenado à morte sem direito à defesa,
até mesmo por erros mínimos como, por exemplo, fazer algum trabalho no sábado.
É claro que passados mais de 12 séculos depois, as coisas tinham mudado no
panorama político e social daquele povo. Os hebreus receberam muita influência
de outros povos – principalmente dos povos que o dominaram – como também de
outras religiões. O deus impiedoso e intolerante de Moisés não podia permanecer
reinando durante tanto tempo. Antes de Jesus, profetas, como Isaías, por
exemplo, diferentemente de Moisés, já viam em Deus bondade e misericórdia. O
povo já não podia continuar suportando, além dos sofrimentos da vida, uma
impiedade tão grande e nenhuma esperança para o futuro. Fazia-se necessária uma
outra concepção, como foi a que Jesus trouxe no justo momento, tentando apagar
da mente do povo a idéia de um Deus autoritário e violento. Explica-se, desse
modo, a razão daqueles conflitos de Jesus com os fariseus, com os escribas e
com os saduceus, que seguiam rigidamente a tradição e e a lei de Moisés. A
discussão sobre o sábado – por exemplo, a intervenção de Jesus em favor da
mulher adúltera para que não fosse apedrejada, a aproximação simpática com os
hereges samaritanos, o novo mandamento que mandava amar até mesmo os inimigos,
a defesa da prostituta, a crítica aos ricos e poderosos, a postura em defesa
dos pobres e abandonados, o amor ao próximo e a certeza da continuidade da vida
após a morte – tudo isso, na verdade, traduzia uma nova concepção da vida e de
Deus. Deus, agora, não era mais um soberano poderoso e prepotente, mas um Pai
amoroso e compreensível; não era mais um aplicador de penas, mas um Pai de amor
e compreensão. Nisso a diferença entre as doutrinas de Jesus e a de Moisés. Mas
não estamos dizendo que Moisés estava errado e que Jesus estava certo: apenas
que Jesus aperfeiçoou a idéia de Deus – que, na época de Moisés era uma, e no
seu tempo passou a ser outra, conforme a lei de evolução.
Nenhum comentário:
Postar um comentário