De volta, o professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) esclarece duvida levantada por leitor.Em que o
Espiritismo se baseia para condenar o uso de velas e de imagens nos cultos e
orações?” O Espiritismo só condena aquilo que traz
prejuízo às pessoas e à sociedade. Não pode condenar as manifestações de fé de
quem quer que seja. Cada um tem a sua maneira de se relacionar com Deus, e o
importante e fundamental não é a forma como você ora, mas o que você traz no
coração, o seu sentimento, as suas intenções. Quando as intenções são boas,
quando o sentimento é bom, justifica-se o ato praticado, desde que ele não seja
prejudicial a ninguém. No último capítulo de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO,
referindo-se à prece, Kardec afirma que “ a forma não é nada, o pensamento é
tudo”, que Deus não leva em consideração se você ora numa língua ou noutra
língua, se você pertence a esta ou àquela religião, mas considera tão somente
aquele sentimento que você traz no coração. No entanto, o Espiritismo, como
doutrina, não adota os cultos e os rituais das religiões, por uma questão de
coerência com os princípios que ensina, entendendo que as pessoas – que já
conseguem compreender essa doutrina – não precisariam recorrer às práticas
religiosas antigas. Na sua fase inicial, a criança, para fazer uma simples
operação matemática, precisa usar os dedos para contar; mas, quando já
desenvolveu o pensamento abstrato, abandona naturalmente essa prática. Tudo é
uma questão de evolução. Assim também quem já desenvolveu a compreensão
espírita: não precisa mais de apetrechos materiais para fazer suas orações. Se
o pensamento é tudo, por que teríamos que acrescentar algo que não terá
influência na prece? Por exemplo: sabemos, no Espiritismo, que, para orar, não
precisamos necessariamente nos ajoelhar e nos dirigir a um templo, não temos
necessidade de uma veste especial ou de realizar um ritual qualquer; basta elevemos
o pensamento a Deus, em qualquer momento ou em qualquer lugar, e manifestemos
tudo de bom que trazemos no coração, para que essa manifestação pura e sincera
( mesmo que seja apenas de alguns segundos) tenha um grande valor espiritual.
Contudo,o Espiritismo respeita todos os tipos de manifestação sincera, de todas
as religiões, porque sabe perfeitamente que o valor da prece não está na forma,
mas no sentimento de quem ora, como já dissemos. Aliás, é bom que você saiba
que esta maneira de encarar a prece não foi inventada pelo Espiritismo e, sim,
por Jesus, quando ensinou os discípulos como orar. Jesus não teve templos, nem
se preocupou com formalidades, pois foi justamente isso que mais combateu nos
fariseus. Basta lermos os Evangelhos e vamos ver que Jesus fez da oração um ato
pessoal, intimo, extremamente simples e particular, sem qualquer conotação
cerimoniosa, ao mesmo tempo em que criticou a hipocrisia daqueles que, ao
fazerem seus cultos, apresentavam-se em praças públicas, promovendo grande
alarido e manifestações de massa, chamando a atenção do povo. Esses, disse
Jesus, já receberam a sua recompensa.
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