O Professor José Benevides Cavalcante( FUNDAMENTOS DA DOUTRINA
ESPÍRITA, eme) esclarece duvidas dos leitores. A CRIANÇA E A LEI DE CAUSA E EFEITO "Segundo o
Espiritismo não existe Lei de Causa e Efeito para as crianças e para os doentes
mentais?" Não existe exceção para as leis naturais. Pela Lei de
Causa e Efeito - também conhecida por Lei de Causalidade - toda ação
corresponde a uma reação. Se uma pessoa, quem quer que seja, pensando agir
corretamente, comete um erro, ela sofre as conseqüências desse erro. Não se
trata apenas de um preceito moral, mas de uma lei no seu mais amplo sentido,
que funciona segundo um automatismo da natureza. Se uma criança ou um
deficiente mental - por desconhecer o perigo que corre - enfia o dedo numa
tomada elétrica, certamente levará um choque. A lei não " vê" a quem
atinge: ela responde sempre que acionada. Portanto, não há exceção para nenhum
caso. Entretanto, há uma diferença fundamental entre se cometer um erro por
ignorância e cometer-se um erro de forma consciente e deliberada. O aspecto
moral da lei está diretamente relacionado ao grau de consciência de quem
pratica o ato. Jesus, no seu tempo, já dizia: "A quem muito foi dado,
muito será pedido". O erro, cometido por ignorância, embora traga seu
efeito, não gera a consciência culpada. Ao contrário, o erro deliberado,
consciente - aquele que cometemos, sabendo de suas conseqüências nefastas -
esse, sim, vai trazer dois tipos de efeito: o que deriva do erro em si e o que
deriva da decisão de cometê-lo. No primeiro caso - que é o caso da criança ou
do deficiente mental - não existe conseqüência moral para o agente; no segundo,
contudo, quando foi deliberado, a pessoa que o cometeu sofrerá as aflições
morais que, na grande maioria das vezes, são bem mais penosas que os danos
físicos imediatos. BUDA E DEUS Buda era ateu? não
existe Deus no Budismo?.. O deus pessoal, que nos foi passado pelo
pensamento religioso do ocidente, a partir da proposta de Moisés no Judaísmo,
de fato, não existe para o Budismo, porque talvez Buda, em lugar disso,
concebesse apenas um princípio universal, uma espécie de consciência cósmica.
Buda não quis penetrar nesse campo que parece, de fato, inacessível à
inteligência humana. Mas, se formos buscar ajuda do Espiritismo, talvez
possamos entender melhor essa questão, porém, sem pretendermos decifrá-la de
todo. Quando Kardec perguntou aos Espíritos que é Deus, ele próprio (Kardec) -
já na formulação da pergunta - cuidou para não definir Deus antes de ter uma
resposta. Abra O LIVRO DOS ESPÍRITOS, na primeira pergunta, e veja você mesmo.
Kardec não pergunta QUEM É DEUS, como era de se esperar dentro da concepção
judaico-cristã. Se usasse o demonstrativo QUEM, já estaria dando a Deus uma
conotação de pessoa. Ele pergunta simplesmente QUE É DEUS?, ou seja, QUE COISA
É DEUS? O QUE É ISSO? DE QUE SE TRATA? Os Espíritos, ao responderem a pergunta
de Kardec, também não dão a Deus a conotação de pessoa: "É A INTELIGÊNCIA
SUPREMA, CAUSA PRIMÁRIA DE TODAS AS COISAS". Observe, portanto, que eles
também não dizem que Deus é uma pessoa ou que Deus é um Espírito, e ao
conceituarem Deus como INTELIGÊNCIA SUPREMA, também não deixam claro o que Deus
é. Mais adiante, nas questões seguintes, quando Kardec insiste em saber mais a
respeito, os Espíritos pedem cautela e paciência, afirmando que ainda não
estamos em condições de compreender a natureza de Deus; basta que saibamos que
Ele existe, porque não há efeito sem causa: o Universo deve ter uma causa
primária - se não, como se justificaria sua existência? . Como - sendo
infinitamente pequenos, - nós, humanos, poderemos entender o infinitamente
grande? Como - sendo imperfeitos - poderemos compreender a Perfeição? Como -
sendo relativos - poderemos entender o Absoluto? Talvez fosse o mesmo que
pretender que uma simples minhoca, que vive enfurnada na escuridão da terra,
possa vir a entender o que é o homem. Trata-se de uma questão de alta
indagação, de que o comum das pessoas comuns nunca se ocupou e não vai se
ocupar, mas tão somente os intelectuais, os pensadores e filósofos. Por
enquanto, como ainda nos sentimos incapazes de lidar com a idéia da Perfeição,
devemos trata-la por comparação, de acordo com a nossa capacidade conceitual,
razão pela qual, ainda hoje, preferimos ficar com o conceito que Jesus nos deu,
quando simplesmente chamou Deus de Pai.
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