Seres racionais, com a possibilidade de atuar deliberadamente no
processo evolutivo em que estamos inseridos, seria de muita utilidade uma ação
decisiva sobre nossa trajetória a partir dessa encarnação. Isto porque somos
meio que empurrados pelas circunstâncias. Vasculhando os conteúdos oferecidos
pela Espiritualidade apresentamos a seguir alguns tópicos interessantes. Na trajetória desenvolvida pelo Espírito na sua
busca da evolução o egoísmo constitue-se sempre num efeito negativo? O
velho egoísmo humano é criador de cárceres tenebrosos. (OVE,5) O
ciúme e o egoísmo constituem portas fáceis de acesso à obsessão arrasadora do
bem. (L, 16) O egoísmo conseguirá criar
um oásis, mas nunca edificará um continente. (L,
19) O
egoísmo desbordante faz-nos esquecer dos compromissos que abraçamos (ETC;
2) Nosso amor ainda é insignificante migalha de luz,
sepultada nas trevas do nosso egoísmo (ETC,
8) Quando nosso culto afetivo se converte em flagelação para
os que seguem ao nosso lado, não abrigamos outro sentimento que não seja aquele
do desvairado apego a nós mesmos, na centralização do egoísmo aviltante. (ETC,
23) O egoísmo não se revela feroz tão somente em nossas
alegrias. Muitas vezes, comparece também, asfixiante e terrível, em nossas
dores. (ETC., 13) A
moléstia intransigente enfraquece os instintos mais baixos, atenua as labaredas
mais vivas das paixões inferiores, desanimaliza a alma, abrindo-lhe, em torno,
insterstícios abençoados por onde penetra infinita luz. E a dor vai derrubando
as pesadas muralhas da indiferença, do egoísmo cristalizado e do amor próprio
excessivo. (ML, 7) Explica o Espiritismo que em sua origem, o homem só tem
instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando
instruído e depurado, tem sentimentos. Na escalada do progresso, o instinto
também está cumprindo um papel? Todos
os instintos têm sua razão de ser
e sua utilidade, porquanto Deus nada pode ter feito inútil. Ele não criou o
mal; o homem é quem o produz, abusando dos dons de Deus, em virtude do seu
livre-arbítrio. Contido
em justos limites, aquele sentimento é bom em si mesmo. O exagero é o que o
torna mau e pernicioso. O
mesmo acontece com todas as paixões que o homem frequentemente desvia do seu
objetivo providencial. Ele não foi criado egoísta, nem orgulhoso por Deus, que o
criou simples e ignorante; o homem é que se fez egoísta e orgulhoso,
desvirtuando o instinto que Deus lhe outorgou para sua conservação. (G,
3:18) Durante longos períodos, o
Espírito encarnado é submetido à influência exclusiva dos instintos de
conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos
inteligentes ou, melhor dizendo, se equilibram com a inteligência; mais tarde,
e sempre gradualmente, a inteligência domina os instintos. Só então é que começa a séria responsabilidade.(RE,
1/1864) Estando as
raízes de paixões e vícios no instinto de conservação, instinto que se
encontra em toda pujança nos selvagens, seres primitivos mais próximos da
animalidade, nos quais ele exclusivamente domina, sem o contrapeso do senso
moral, por não ter ainda o Ser nascido para a vida intelectual, como a criatura
se libera dele? O Espírito tem por destino a Vida Espiritual, porém, nas
primeiras fases da sua existência corpórea, somente às exigências materiais lhe
cumpre satisfazer e, para tal, o exercício das paixões constitui uma
necessidade para o efeito da conservação da espécie e dos indivíduos,
materialmente falando. Uma
vez saído desse período, outras necessidades se lhe apresentam, a princípio semimorais
e semimateriais, depois exclusivamente morais. É então que o Espírito exerce domínio sobre a matéria,
sacode-lhe o jugo, avança pela senda providencial que se lhe acha traçada e se
aproxima do seu destino final. Se, ao contrário, ele se deixa dominar pela matéria,
atrasa-se e se identifica com o bruto. Nessa situação, o que era outrora um bem, porque era uma
necessidade da sua natureza, transforma-se num mal, não só porque já não
constitui uma necessidade, como porque se torna prejudicial à espiritualização
do Ser. Muita
coisa, que é qualidade na criança, torna-se defeito no adulto. O
mal é, pois, relativo e a responsabilidade é proporcional ao grau de
adiantamento. Todas as
paixões têm, portanto, uma utilidade providencial, visto que, a não ser assim,
Deus teria feito coisas inúteis e, até, nocivas. No abuso é que reside o mal e
o homem abusa em virtude do seu livre-arbítrio. Mais tarde, esclarecido pelo
seu próprio interesse, livremente escolhe entre o bem e o mal. O
instinto vai se enfraquecendo, à medida que a inteligência se desenvolve,
porque esta domina a matéria. (G; 3/10)
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