O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINAS ESPÍRITA, eme) está de volta esclarecendo duvidas dos leitores. Se Deus não criou
o homem da maneira como a Bíblia conta, como é que Deus criou o homem, segundo
o Espiritismo? Em nosso estágio de conhecimento, ainda
não sabemos. Podemos, no entanto, presumir, por comparação, como isso ocorreu.
Moisés, há mais de 3 mil anos atrás, precisou explicar para o seu povo como
ocorreu a criação, pois, essa preocupação já existia naquela época. Como não
podia saber nada de evolução, pois naquele tempo não havia ciência, ele imaginou
que o Ser humano fora criado pronto e acabado. Por isso, Moisés descreveu a
criação de Adão - e, depois, a de Eva - baseando-se no trabalho do oleiro. O
oleiro é aquele artesão que trabalha com barro, podendo a partir da matéria
prima fabricar tijolos, telhas ou vasilhas, dando aos objetos a forma e a utilidade
que deseja. A criatividade do oleiro serviu de inspiração para Moisés, que
comparou Deus ao oleiro e o ato da criação do homem à ação que o oleiro exerce
sobre o barro. Era assim que o homem antigo entendia a criação. Como hoje
sabemos que a natureza obedece à lei da evolução, sabemos também que nenhum ser
vivo foi criado como ele é atualmente. A vida na Terra é produto de bilhões de
anos de transformação e aperfeiçoamento, de modo que não há um Ser vivo sequer
que esteja completamente pronto, completamente acabado - nem mesmo o Ser
humano. A Biologia - ciência que estuda a vida – nos dá conta de que os
primeiros seres vivos, que surgiram na Terra, eram extremamente simples, seres
microscópicos constituídos de uma única célula, como as amebas, por exemplo.
Portanto, podemos imaginar que o Ser humano - formado por dezenas de trilhões
de células - teve também origem numa única célula. Para termos uma ideia mais precisa
sobre esse processo da evolução, podemos nos basear no que acontece com a vida
pré-natal do organismo humano. Inicialmente, o espermatozóide do pai fecunda o
óvulo da mãe, surgindo, então, a célula-ovo. É a célula inicial que vai se
multiplicar rapidamente, formando ao longo do tempo um corpo que, de embrião se
torna feto e, depois nasce como um bebê. André Luiz compara esse processo – que
acontece, mais ou menos, durante 9 meses - ao lento processo de evolução que
aconteceu com a espécie humana durante bilhões de anos. A filogenia recapitula
a ontogenia, ou seja, a evolução da vida intra-uterina repete em alguns meses o
que ocorreu ao longo da evolução do Ser humano sobre a face da Terra. Desse
modo, não é difícil compreender que a criação é uma obra complexa. Não é um
simples passe de mágica, como poderíamos imaginar, em que um boneco de barro,
de repente, se transforma num Ser humano. Ela é fruto de uma elaboração
extremamente complexa e demorada que vai buscando formas cada vez mais
perfeitas ao longo do tempo. Antes de o homem Ser homem - isto é, antes de
adquirirmos a forma e as potencialidades humanas que temos atualmente - viemos
caminhando pelas estradas tortuosas do tempo, passando por múltiplas formas de
vida, desenvolvendo o corpo e o Espírito, até podermos alcançar a condição de
seres inteligentes que somos hoje. Os vegetais e os animais igualmente vieram evoluindo,
assumindo as mais variadas formas, mas apenas uma espécie – que hoje é a
espécie humana – conseguiu ultrapassar os limites da irracionalidade, alcançando
a condição de Ser inteligente, conforme podemos ler em O LIVRO
DOS ESPÍRITOS de Allan Kardec.
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