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quarta-feira, 6 de março de 2019

PORQUE O ESQUECIMENTO DO PASSADO? E KARDEC - HOJE E SEMPRE 193



Argumento muito utilizado para negar a realidade da reencarnação, o esquecimento do passado será abordado na sequência através de dois argumentos substanciais de Allan Kardec. Levando os sinceramente interessados a reflexões interessantes. Porque esquecemos o passado? Se, em cada existência, é lançado um véu sobre o passado, o Espírito nada perde do que adquiriu no passado: só esquece a maneira como o adquiriu.  Se compararmos a um estudante, pouco lhe importa saber onde, como, e com quais professores fez o terceiro ano, se chegando ao quarto sabe o que se ensinou no terceiro.  É assim que, ao reencarnar, o homem traz, por intuição e como ideias inatas, o que adquiriu em ciência e moralidade.  Digo em moralidade, pois se, durante uma existência ele melhorou, se aproveitou as lições da experiência, quando voltar será instintivamente melhor.  Seu Espírito, amadurecido na escola do sofrimento e do trabalho, terá mais solidez. Longe de ter tudo a recomeçar, ele possui um capital cada vez mais rico, sobre o qual se apoia para adquirir mais.  O esquecimento temporário é um benefício da Providência.  A experiência é muitas vezes adquirida por rudes provas e terríveis expiações, cuja lembrança seria muito penosa e viria somar-se às angústias das tribulações da vida presente.  Se os sofrimentos da vida parecem longos, o que seria então se sua duração aumentasse com a lembrança dos sofrimentos do passado.  Seria agradável recordar-se de haver-se sido enforcado pelo que fez? Não nos perseguiria a vergonha ao pensar que o mundo soubesse o mal que cometemos? Que importa o que tenha podido fazer e sofrer para expiá-lo, se agora  se é um homem respeitável?  Aos olhos do mundo um novo homem e aos olhos de Deus um Espírito reabilitado. Libertos da lembrança de um passado inoportuno, agimos com mais facilidade.  É um novo ponto de partida; as dívidas anteriores estão pagas, está no indivíduo não contrair novas.  Suponhamos ainda um caso muito comum: que nas suas relações, em seu próprio lar, a pessoa convive com um Ser contra o qual tinha queixas, que talvez o tivesse arruinado ou desonrado em outra existência, e que, Espírito arrependido, venha a encarnar em seu meio, unir-se por laços de família para reparar seus erros pelo devotamento e afeição. Não estariam ambos na mais difícil e insuportável situação, se os dois se recordassem de sua inimizade? Em lugar de se apaziguarem, eternizariam o ódio. Conclui-se daí que a lembrança do passado traria perturbações às relações sociais e seria um entrave ao progresso. (OQE) Imaginando que o Espírito desencarnado conserva a lembrança dos fatos relacionados à sua ultima existência, quando vai reencarnar, em que momento e como se processa esse esquecimento? Desde que o Espírito se liga ao corpo físico recém-fecundado, experimenta uma perturbação crescente à medida que o vinculo que o prende se estreita, perdendo, nos últimos instantes, toda a consciência de si mesmo, de forma que ele nunca é testemunha consciente de seu nascimento.  No momento em que a criatura respira, o Espírito começa a recobrar suas faculdades, que se desenvolvem a medida que se formam e se consolidam os órgãos que devem servir para sua manifestação.  Ao mesmo tempo em que recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança de seu passado, sem perder as faculdades, qualidades e aptidões adquiridas anteriormente, aptidões que estavam, momentaneamente, estacionadas em seu estado latente e que, em retomando sua atividade, vão ajuda-lo a fazer mais ou melhor, o que anteriormente não fez; renasce a partir do ponto em que deixou seu progresso anterior; sendo para ele um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. (GE)



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