Allan Kardec dentro de sua
reconhecida lógica escreveu que “sem a reencarnação estaca-se a cada passo,
tudo é caos e confusão; com a reencarnação tudo se explica da mais racional
maneira”, acrescentando em outro momento que “a reencarnação não é um sistema
imaginado para satisfação das necessidades de um ideal, nem uma opinião
pessoal; é ou não um fato. Se está demonstrado que certos efeitos existentes
são materialmente impossíveis sem a reencarnação, é preciso admitirmos que eles
são a consequência desta; logo, se está em a natureza, não pode ser anulada por
uma opinião contrária”. Um século depois, o Espírito André Luiz
ampliaria essa visão dizendo que a reencarnação é Princípio
Universal, compreendendo-se que existem Esferas Sublimes nas quais a
reencarnação, como recurso educativo, já atingiu características inabordáveis
ao conhecimento humano atual. Os conhecimentos disponibilizados no século 21 permitem uma visão
surpreendente da evolução nos últimos milênios da Evolução recente das
Civilizações. Na sequência algumas outras contribuições do Missionário Allan
Kardec. Afirma-se que o Hinduísmo em sua origem representava
uma síntese do Pensamento Religioso guardando muita semelhança com o Espiritismo
de hoje. Isso procede? O fundo dessa religião é a crença num Ser
primeiro e Supremo, na imortalidade da alma e na recompensa à virtude. O
verdadeiro e único Deus se chama Brahm, o qual não deve ser confundido com
Brahma, criado por ele. É a verdadeira luz, que é a mesma, eterna,
bem-aventurada em todos os tempos e lugares. Da essência imortal de Brahm
emanou a deusa Bhavani, isto é, a Natureza, e uma legião de 1.180 milhões de
Espíritos. Entre esses Espíritos há três
semideuses ou gênios superiores: Brahma, Vishnu e Shiva,
a trindade dos hindus. Durante muito tempo a concórdia e a felicidade reinaram
entre os Espíritos. Mais tarde, porém,
eclodiu uma revolta entre eles e vários se recusaram a obedecer. Os rebeldes
foram precipitados do alto dos céus no abismo das trevas. Deu-se, então, a metempsicose: cada planta,
cada Ser foi animado por um anjo decaído. Esta crença explica a bondade dos
hindus para com os animais: consideram-nos como seus semelhantes e não querem
matar nenhum. Mas não é o que se vê hoje. O que houve?
Somos induzidos a crer que não foi senão a ação do tempo que levou tudo quanto
existe de bizarro nessa religião, mal compreendida e falseada na boca do povo,
a descer à posição de insana charlatanice. Basta indicar os atributos de algumas
de suas principais divindades para explicar o estado atual de sua
religião. Eles admitem 333 milhões de
divindades inferiores: são as deusas dos elementos, dos fenômenos da Natureza,
das artes, das doenças, etc. Além disso, há os bons e os maus gênios: o número
dos bons ultrapassa o dos maus em três milhões.
O que é extremamente notável é que não se encontra, entre os hindus, uma
única imagem do Ser Supremo: parece-lhes demasiado grande. Dizem que toda a
Terra é o seu templo e o adoram sob todas as formas. Assim, conforme os hindus,
as almas tinham sido criadas felizes e perfeitas e sua decadência resultou de
uma rebelião; sua encarnação no corpo de animais é uma punição. Segundo os hindus, a alma começou pela
perfeição para chegar à abjeção; a perfeição é o começo e a abjeção, o
resultado. Conforme os Espíritos, a ignorância é o começo; a perfeição, o
objetivo e o resultado. Seria supérfluo procurar demonstrar qual dessas duas
doutrinas é mais racional e dá uma ideia mais elevada da justiça e da bondade
de Deus. É, pois, por completa ignorância de seus princípios que algumas
pessoas as confundem. Que diferença fundamental pode ser
identificada? Conforme a Doutrina Espírita, os Espíritos (ou almas)
foram e ainda são criadas simples e ignorantes; é pelas encarnações sucessivas
que chegam, graças a seus esforços e à Misericórdia Divina, à perfeição que
lhes proporcionará a felicidade eterna. Devendo
progredir, a alma pode permanecer estacionária durante um período mais ou menos
longo, mas não retrograda. O que adquiriu em conhecimento e em moralidade não
se perde. Se não avança, também não recua: eis por que não pode voltar a animar
os seres inferiores à Humanidade. A
metempsicose dos hindus está fundada sobre o princípio da degradação das
almas. A reencarnação, segundo os
Espíritos, está fundada no princípio da progressão contínua. Segundo os hindus, a alma começou pela
perfeição para chegar à abjeção; a perfeição é o começo e a abjeção, o
resultado. Conforme os Espíritos, a
ignorância é o começo; a perfeição, o objetivo e o resultado. Seria supérfluo procurar demonstrar qual
dessas duas doutrinas é mais racional e dá uma ideia mais elevada da justiça e
da bondade de Deus. É, pois, por completa ignorância de seus princípios que
algumas pessoas as confundem. Desenvolvendo a concepção
do Espiritismo como explicar a evolução do Ser, da individualidade? Deus
criou todos os Espíritos iguais, simples, inocentes, sem vícios e sem virtudes,
mas com o livre-arbítrio de regular suas ações conforme um instinto, que se
chama consciência, e que lhes dá o poder de distinguir o bem e o mal. Cada
Espírito está destinado a alcançar a mais elevada perfeição, atrás de Deus e do
Cristo. Para atingi-la, deve adquirir todos os conhecimentos pelo estudo de
todas as ciências, iniciar-se em todas as verdades e depurar-se pela prática de
todas as virtudes. Ora, como essas qualidades superiores não podem ser obtidas
numa única vida, todos devem percorrer várias existências, a fim de adquirirem
os diversos graus do saber. A vida humana é a escola da perfeição espiritual e
uma série de provas. É por isso que o Espírito deve conhecer todas as condições
da sociedade e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina. O
poder e a riqueza, assim a pobreza e a humildade, são provas; dores, idiotismo,
demência, etc., são punições pelo mal cometido numa existência anterior. Do
mesmo modo que pelo livre-arbítrio o indivíduo se encontra em condições de
realizar as provas a que está submetido, também pode falir. No primeiro caso, a
recompensa não se fará esperar, consistindo numa progressão na perfeição
espiritual. No segundo caso, recebe a punição, isto é, deve reparar em nova
vida o tempo perdido na vida anterior, da qual não soube tirar vantagem para si
mesmo. Antes de sua reencarnação, os Espíritos planam nas Esferas celestes: os
bons gozando a felicidade, os maus entregando-se ao arrependimento, expostos à
dor de serem desamparados por Deus. Mas, conservando a lembrança do passado, o
Espírito se recorda das infrações aos mandamentos divinos e Deus lhe permite escolher,
em nova existência, suas provas e sua condição, o que explica por que, muitas
vezes, encontramos nas classes inferiores da sociedade sentimentos elevados e
entendimento desenvolvido, ao passo que nas classes superiores encontramos
tendências ignóbeis e Espíritos embrutecidos.
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