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sexta-feira, 12 de abril de 2019

TEORIA E PRÁTICA E KARDEC - HOJE E SEMPRE 230


O professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) com a sobriedade e competência de sempre esclarece duas dúvidas levantadas por nosso leitores. Por que, mesmo sabendo que estamos errados, continuamos errando, censurando os defeitos dos outros, e ferindo a nossa consciência? Não existe uma maneira de evitar tudo isso? Existe, com certeza. Mas é difícil, muito difícil. Se fosse fácil mudarmos as nossas disposições intimas, não teríamos tantos problemas, mas também não haveria tanto mérito. Porém, uma mudança interior requer muito esforço e muita perseverança. Vemos isso nas insistentes recomendações de Jesus. Ninguém melhor que ele conhecia o limite e as fraquezas de seus discípulos. No entanto, ele soube compreendê-los nos momentos cruciais. Veja que, apesar da presença física de Jesus - um privilégio que bem poucos puderam gozar - seus discípulos tiveram muita dificuldade em seguir seus ensinamentos e se transformar interiormente. E eles não eram pessoas quaisquer! Foi o próprio Jesus que os escolheu. Judas o traiu, Pedro o negou e, quando ele foi preso, todos fugiram. Só retornaram quando, depois de morto, Jesus apareceu anunciando a imortalidade. Aí perceberam que, de fato, Jesus tinha razão. A respeito disso, Chico Xavier exalta a personalidade de Jesus, que jamais exigiu nada. Sobre a doação de órgãos. Aquele que tem um órgão extraído de seu corpo físico não está sendo prejudicado espiritualmente? Não é bem assim. Muito pelo contrário. A Doutrina Espírita - que ensina a caridade - não poderia se contradizer nesse sentido. A doação de órgãos é um ato de amor, em favor de alguém que ainda pode continuar encarnado. A vida na Terra é muito preciosa para o Espírito, de modo que devemos contribuir sempre para a defesa e preservação da vida, até quanto pudermos. Aquele que doa um órgão está, portanto, se prestando a uma causa nobre, elevada, do ponto de vista espiritual. Assim, como a Doutrina Espírita nos estimula a fazer o bem, em qualquer circunstância, atendendo aquele que precisa de nós, também ela estimula a doação de órgãos - quer a doação ocorra enquanto o doador está vivo ou quando ele já desencarnou. Com certeza, terá a assistência da Espiritualidade para isso. Mas, a sua preocupação é se a doação de um determinado órgão pode prejudicar o Espírito do doador em algum momento. Na verdade, em relação à doação, existe apenas e tão somente uma pequena preocupação. A pessoa que doa deve estar muito consciente do que está fazendo para não se arrepender depois e ficar angustiada diante de sua atitude. O fato de doar implica em se desprender totalmente daquilo que se doou, a fim de que o Espírito não se perturbe depois, porque acha que não devia ter feito isso, que vai sentir falta daquele órgão. É um problema que pode acontecer com alguns Espíritos ainda muito presos à vida material, principalmente ao seu corpo. A repercussão é, portanto, de ordem psicológica. Mas esse tipo de problema não se restringe apenas à doação de órgãos, mas de qualquer coisa que possamos doar a alguém. Por isso, Jesus disse: "Não saiba a vossa mão esquerda o que faz a direita". O que quer dizer isso? Quer dizer, sobretudo, que o ato de doar tem que ser plenamente consentido pela nossa consciência, tem que ser uma doação íntima, para que nos sintamos bem com ela, para que ela nos torne mais felizes conosco mesmos. Dar agora e arrepender-se, pois, não é dar. Neste caso, o doador sofre. Por isso, repetimos, a doação deve ser consciente. Somente o doador é que deve dar o seu próprio consentimento, porque só ele sabe medir o valor de seu gesto e o significado que esse gesto tem para ele mesmo. Além do mais, há doações em vida - há pessoas que doam órgãos para seus parentes (como o rim, por exemplo) e que salvam vidas. Acompanhando a vida dos doadores, vamos perceber que, na grande maioria das vezes, eles se sentem felizes, por terem preservado uma vida e suas consciências, com certeza, se elevam a uma condição de plena realização, porque contribuíram para a felicidade de alguém. Não há, efetivamente, ato de mais elevado desprendimento e abnegação. Mas, no caso do órgão, retirado do cadáver, a doação é mais fácil, porque o corpo já morreu e o órgão, se não fosse doado, poderia ser comparado a um alimento jogado fora, e que não fora aproveitado para matar a fome de alguém. Logo não vemos por que a doação de um órgão possa prejudicar o doador. Nada de bom, que possamos fazer pelos outros, nos prejudica. Pelo contrário, nos ajuda. Devemos, portanto, incentivar essa prática, porque ela faz parte da Lei da Natureza. Se você já observou, a natureza não desperdiça nada, aproveita tudo. E o homem, que tem aprendido com a natureza, pode ajudá-la a preservar-se ainda mais, utilizando seus recursos em seu próprio benefício. O fato de uma pessoa se negar a doar um órgão é problema particular dela, mas não deve se constituir em regra geral. Não sei se você já pensou nisso, mas se você for realista, vai verificar que todos os nossos órgãos, que vão para o tumulo um dia, serão devorados pelos vermes, para consolo da própria natureza. Se não dermos a eles um destino mais elevado, vamos optar pela alimentação dos vermes e não pela vida de outro Ser humano. Pense nisso.



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