O professor José
Benevides Cavalcante ( FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) faz nova intervenção para
responder dúvidas de nossos leitores. ESCOLHA FRUSTRADA É possível que um Espírito escolha, por exemplo, uma determinada profissão
que vai exercer aqui e na Terra e que ele nasça numa família com dificuldades
que o impeçam de seguir essa profissão? Será que ele vai ter consciência disso?
O que deve fazer, então? Sempre há uma diferença entre aquilo que foi projetado
antes da reencarnação e o que o Espírito realmente vai fazer na Terra. Ele pode
planejar uma coisa e fazer outra por decisão própria. Mas ele pode também
planejar uma coisa, mas quando aqui chega, não tem condições de executá-la,
embora se esforce muito para isso. É o caso da profissão. Muitas vezes, a
pessoa traz consigo uma forte aptidão para um campo de trabalho, mas não acha
oportunidade de segui-lo. A pessoa fica até frustrada e algumas acabam
desgostosas da vida, porque nunca fez aquilo que queria. O fato de planejar não
assegura nada para o Espírito, assim como em nossa vida de encarnados. Muitas
vezes, idealizamos um projeto com entusiasmo, achando que ele será tudo para
nós e qual não vai ser a nossa decepção, quando o projeto não é executado ou
executado em parte, apesar de nossos esforços. Paciência!... Nem sempre
conseguimos o que queremos. Isso acontece em relação aos encarnados e aos
desencarnados; faz parte de nossa experiência. O plano significa apenas que
temos chances, mas não nos dá uma certeza absoluta. Nada é absolutamente certo
na natureza, a não ser Deus. De resto, o que vai interessar para o Espírito é a
razão por que não conseguiu fazer o que queria. Às vezes, porque planejou mal; de
outras, porque faltaram empenho e boa vontade; de outras, ainda, porque outros
o atrapalharam. De qualquer forma, seja por uma causa ou por outra, o que interessa
ao Espírito é que ele aprenda com a frustração. Às vezes, uma frustração
funciona mais do que a satisfação de um sonho realizado. Cada Espírito precisa
aprender sempre mais e o maior aprendizado surge, justamente, nas ocasiões
difíceis, porque, via de regra, a dor ensina com mais eficácia que o prazer. EVOLUÇÃO DOS ESPÍRITAS Quando uma pessoa aceita o Espiritismo
é sinal de que ela está espiritualmente mais
evoluída do que aquelas pessoas que
ainda não conseguiram
compreender a Doutrina Espírita?
Não, absolutamente. Não devemos estabelecer essa relação. Seria muita pretensão
de nossa parte, e o Espiritismo não aceita isso. O fato de uma pessoa aceitar
os princípios da Doutrina Espírita quer dizer que ela concorda com esses
princípios e neles vê uma possibilidade de elevação espiritual. Significa
apenas e tão somente que ela chegou a esse entendimento, que despertou sua consciência
para os benefícios que o Espiritismo lhe pode conferir. Mas, de forma nenhuma,
quer dizer que ela é espiritualmente superior àquela que ainda não aceita o
Espiritismo e que, por vezes, o nega peremptoriamente. Se assim fosse, todos os
espíritas estariam numa condição moral superior aos que não professam a Doutrina,
o que não é verdade. Uma coisa é o entendimento, é a compreensão intelectual de
uma coisa; outra é colocá-la em prática. Há dois tipos de virtudes, já dizia
Aristóteles na Grécia Antiga. Uma é a virtude intelectual - o saber; outra é a
virtude moral - o colocar em prática aquilo que sabe. É possível que a pessoa
tenha uma virtude e não tenha a outra. Há pessoas, por exemplo, que não têm religião
alguma, que se dizem ateus e que, no entanto, são modelos de virtudes morais,
são honestas, respeitosas, amigas e solidárias. Esses valores, com certeza,
elas os conquistou através de suas experiências reencarnatórias. Eles já estão
incorporados em suas personalidades, ou seja, fazem parte delas, mas não estão
necessariamente ligadas a alguma religião. Já tivemos homens de elevada conduta
moral, na História da Humanidade, que não eram religiosos e já tivemos pessoas
religiosas extremamente comprometidas com as mais vis viciações morais. Portanto,
a virtude do Espiritismo não é necessariamente a virtude do espírita. O
Espiritismo nos oferece uma possibilidade imensa de compreensão da vida e de
mudança. Retomando os princípios morais ensinados por Jesus, ele nos lembra, a
cada instante, que a nossa felicidade depende daquilo que fizermos da vida e
que, portanto, só a prática do bem nos levará à conquista da paz e do amor. No
entanto, compete a cada espírita - a cada um de nós, portanto - se esforçar
nesse sentido. Kardec, em O LIVRO DOS MÉDIUNS, no capítulo sobre O MÉTODO, faz
uma classificação dos espíritas, conforme suas observações naquela época e, entre
os espíritas, ele coloca os espíritas imperfeitos, aqueles que admiram a teoria
que o Espiritismo ensina, mas não a aplicam na condução de sua própria vida, ou
seja, não se preocupam com o seu próprio desenvolvimento moral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário