Obsessão é uma das mais
importantes revelações do Espiritismo. Atinge níveis maiores do que se supõem.
Na sequência Allan Kardec esclarece algumas das dúvidas mais comuns. Qual a diferença entre loucura patológica e loucura
obsessional? A primeira é
produzida por uma desordem nos órgãos da manifestação do pensamento. Notemos
que, nesse estado de coisas, não é o Espírito que é louco: ele conserva a
plenitude de suas faculdades, como o demonstra a observação; apenas estando
desorganizado o instrumento de que se serve para se manifestar, o pensamento
ou, melhor dito, a expressão do pensamento é incoerente. Na loucura obsessional
não há lesão orgânica. É o próprio Espírito que se acha afetado pela subjugação
de um Espírito estranho que o domina e comanda. No primeiro caso é preciso
curar o órgão doente; no segundo basta livrar o Espírito doente do hóspede
inoportuno, a fim de lhe restituir a liberdade. Casos semelhantes são muito
frequentes e comumente tomam como loucura o que não se passa de obsessão, para
a qual deveriam empregar-se meios morais e não duchas. Pelo tratamento físico,
e, sobretudo, pelo contato dos verdadeiros alienados, muitas vezes tem sido
determinada uma verdadeira loucura onde esta não existia. (RE;5/1862) Existe uma forma mais eficaz para afastar o Espírito causador do processo obsessivo? Só
uma força moral pode opor-se a outra força moral e, esta não pode vir senão do
acometido pelo processo obsessivo. É preciso esforçar-se por adquirir a maior
soma possível de superioridade pela vontade, pela energia e pelas qualidades
morais. Não será com a espada de coronel que vencereis, mas com a espada do
Anjo, isto é, a virtude e a prece. A espécie de terror e angústia que
experimentais nesses momentos é um sinal de fraqueza que o Espírito aproveita.
Dominai o medo e com a vontade triunfareis. Tomai a iniciativa resolutamente,
como fazeis ante qualquer inimigo. (RE; 12/1862) Um Espírito bom pode obsediar
alguém?
A
obsessão não pode jamais ser o efeito causado por um bom Espírito. A questão
essencial é saber reconhecer a natureza daqueles que se apresentam. O
conhecimento prévio dos meios de distinção dos bons Espíritos e dos maus é,
portanto, indispensável. É importante para o simples observador que pode, por
esse meio, apreciar o valor do que vê, lê ou escuta.
(OQE; 77) A morte livra a pessoa da obsessão ?
A
morte não liberta o homem da obsessão dos maus Espíritos: é a figura dos
demônios, atormentando as almas sofredoras. Sim, esses Espíritos os perseguem
após a morte e lhes causam sofrimentos horríveis, porque o Espírito atormentado
se sente num abraço de que não se pode libertar. Ao contrário, o que se
libertou da obsessão em vida é forte, e os maus Espíritos o encaram com medo e
respeito: encontraram o seu superior. (RE;6/1860) Procede a ideia de que todas
as perturbações são oriundas da influência espiritual? A gente, muitas vezes,
responsabiliza os Espíritos estranhos por maldades de que não são responsáveis.
Certos estados mórbidos e certas aberrações, que são atribuídas a uma causa
oculta, são, por vezes, devidas exclusivamente ao Espírito do indivíduo. As contrariedades,
frequentemente, concentradas em si próprio, os sofrimentos amorosos,
principalmente, tem levado ao cometimento de muitos atos excêntricos, que
erradamente são levados à conta de obsessão. Muitas vezes a criatura é seu
próprio obsessor. (RE;12/1862) Obsessão depende de mediunidade? A obsessão de qualquer
natureza que seja, independe da mediunidade e é encontrada em todos os graus,
numa multidão de indivíduos, os quais jamais ouviram falar de Espiritismo. Como
os Espíritos sempre existiram, sempre exerceram a mesma influência; a
mediunidade não é uma causa, é apenas uma forma de manifestação dessa
influência.(...). Aqueles que nada admitem fora da Natureza não podem admitir
causas ocultas. Mas quando a Ciência tiver saído da rotina materialista
reconhecerá na ação do Mundo Invisível que nos rodeia, e no meio do qual
vivemos, uma potência que tanto age sobre as coisas físicas quanto sobre as
condições morais. E este será um novo caminho aberto ao progresso. A chave de
uma quantidade de fenômenos mal compreendidos. (OQE; 76)
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