A perfeição moral é nossa
destinação, nossa meta no processo evolutivo a que estamos sujeitos nos Planos
de Deus. Allan Kardec nos explica no
capítulo 17, item 11 d’O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO que a perfeição está toda nas reformas porque fizerdes
passar vosso Espírito. Disse
também no capítulo anterior que o merecimento de cada um é proporcional ao
sacrifício que se impõe a si mesmo. Advertiu na obra A GÊNESE que não
podem os homens ser felizes, se não viverem em paz, isto é, se não os animar um
sentimento de benevolência, de indulgência e de condescendência recíprocas;
numa palavra: enquanto procurarem esmagar uns aos outros, e que
as paixões não se domam senão pelo esforço da vontade. Na sequência
alguns dados para reflexões sobre o auto-descobrimento. Estando
as raízes de paixões e vícios no instinto de conservação, instinto que se
encontra em toda pujança nos animais seres primitivos mais próximos da
animalidade, nos quais ele exclusivamente domina, sem o contrapeso do senso
moral, por não ter ainda o Ser nascido para a vida intelectual, como a criatura
se libera dele? O Espírito tem
por destino a Vida Espiritual, porém, nas primeiras fases da sua existência
corpórea, somente às exigências materiais lhe cumpre satisfazer e, para tal, o
exercício das paixões constitui uma necessidade para o efeito da conservação da
espécie e dos indivíduos, materialmente falando. Uma vez saído desse período, outras
necessidades se lhe apresentam, a princípio semi-morais e semi-materiais,
depois exclusivamente morais. É
então que o Espírito exerce domínio sobre a matéria, sacode-lhe o jugo, avança
pela senda providencial que se lhe acha traçada e se aproxima do seu destino
final. Se, ao contrário, ele se
deixa dominar pela matéria, atrasa-se e se identifica com o bruto. Nessa situação, o que era outrora um
bem, porque era uma necessidade da sua natureza, transforma-se num mal, não só
porque já não constitui uma necessidade, como porque se torna prejudicial à
espiritualização do Ser. Muita
coisa, que é qualidade na criança, torna-se defeito no adulto. O
mal é, pois, relativo e a responsabilidade é proporcional ao grau de
adiantamento. Todas as paixões têm, portanto, uma utilidade providencial,
visto que, a não ser assim, Deus teria feito coisas inúteis e, até, nocivas. No
abuso é que reside o mal e o homem abusa em virtude do seu livre-arbítrio. Mais
tarde, esclarecido pelo seu próprio interesse, livremente escolhe entre o bem e
o mal. O instinto vai se enfraquecendo, à medida que a inteligência
se desenvolve, porque esta domina a matéria. (G; 3/10) Fundando-se
o egoísmo no sentimento do interesse pessoal, bem difícil parece extirpá-lo
inteiramente do coração humano. Chegar-se-á a consegui-lo? À medida que
os homens se instruem acerca das coisas espirituais, menos valor dão às coisas
materiais. Depois, necessário é que
se reformem as instituições humanas que o entretêm e excitam. Isso depende da educação. (LE;
915) Então
a mudança esperada para o Planeta resultará do individual para o coletivo? À
medida que progride moralmente, o Espírito se desmaterializa, isto é,
depura-se, com o subtrair-se à influência da matéria; sua vida se
espiritualiza, suas faculdades e percepções se ampliam; sua felicidade se torna
proporcional ao progresso realizado. Entretanto,
como atua em virtude do seu livre-arbítrio, pode ele, por negligência ou má
vontade, retardar o seu avanço; prolonga, conseguintemente, a duração de suas
encarnações materiais, que, então, se lhe tornam uma punição, pois que, por
falta sua, ele permanece nas categorias inferiores, obrigado a recomeçar a
mesma tarefa. Depende, pois, do
Espírito abreviar, pelo trabalho de depuração executado sobre si mesmo, a
extensão do período das encarnações.
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