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terça-feira, 11 de junho de 2019

PORQUE TEMEMOS A MORTE E KARDEC - HOJE E SEMPRE 288


Abrindo o número de fevereiro de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec apresenta um interessante artigo de sua autoria, analisando a questão DA APREENSÃO DA MORTE. Logo no início, que a criatura humana desde o estado selvagem, tem a intuição de que a morte não é a última palavra da existência, sendo a crença no futuro infinitamente mais geral que a no nada, perguntando como é que entre os que creem na imortalidade ainda se encontra tanto apego às coisas da Terra, sendo tão grande o medo da morte? Explica que “a apreensão da morte é efeito da sabedoria da Providência, e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os seres vivos. Ela é necessária enquanto o homem não for bastante esclarecido quanto às condições da vida futura, como contra peso ao arrastamento que, sem esse freio o levaria a deixar prematuramente a vida terrestre, e a negligenciar o trabalho daqui, que deve servir para o seu adiantamento”. Ressalta que “é por isto que, nos povos primitivos, o futuro não passa de vaga intuição, mais tarde simples esperança, enfim mais tarde uma certeza, mas ainda contrabalançada por um secreto apego à vida corporal”. Salienta que “à medida que o homem compreende a vida futura, diminui a apreensão da morte; mas, ao mesmo tempo, melhor compreendendo sua missão na Terra, espera seu fim com mais calma, resignação e sem medo”. Diz que “a certeza da vida futura dá um outro curso às suas ideias, outro objetivo a seus trabalhos; antes de ter essa certeza, só trabalha para o presente; com esta certeza trabalha em vista do futuro, sem negligenciar o presente, porque sabe que seu futuro depende da direção, mais ou menos boa, que der ao presente. A certeza de reencontrar os amigos após a mote, de continuar as relações que teve na Terra, de não perder o fruto de nenhum trabalho, de crescer incessantemente em inteligência e em perfeição, lhe dá paciência para espera e coragem para suportar as momentâneas fadigas da vida terrena. A solidariedade que vê estabelecer-se entre os mortos e os vivos lhe faz compreender a que deve existir entre os vivos; desde então a fraternidade tem  sua razão de ser e a caridade um objetivo no presente e no futuro”. Orienta que “para libertar-se das apreensões da morte, deve poder encará-la sob seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado por pensamento no Mundo Invisível e dele ter feito uma ideia tão exata quanto possível, o que denota no Espírito encarnado um certo desenvolvimento e uma certa aptidão para se desprender da matéria”. Afirma que “naqueles Espíritos que não são suficientemente avançados, a vida material ainda predomina sobre a espiritual”. Consequentemente, “ligando-se ao exterior, o homem só vê a vida no corpo, ao passado que a vida real está na alma: estando o corpo privado de vida, aos seus olhos tudo está perdido e ele se desespera. Se, em vez de concentrar o pensamento na vestimenta externa, a voltasse para a fonte mesma da vida, sobre a alma, que é o Ser real, a tudo sobrevivente, lamentaria menos o corpo, fonte de tantas misérias e tantas dores. Mas para isto é preciso uma força que o Espírito só adquire com a maturidade”. Prevê que “o medo da morte depende, da insuficiência das noções sobre a vida futura; denotando a necessidade de viver, e o medo que a destruição do corpo seja o fim de tudo”, enfatizando que “a apreensão enfraquece à medida que se forma a certeza desaparecendo quando a certeza é completa”. Seguindo com argumentos racionais e lógicos, aponta como fatores determinantes, a ideia de que a alma não é uma realidade efetiva, mas uma abstração; o ensino recebido desde a infância; o quadro que dela faz a religião institucionalizada; as cerimônias lúgubres que cercam a morte, que aterram mais que provocam esperanças. Realça que a Doutrina Espírita muda inteiramente a maneira de encarar o futuro que sai do terreno da hipótese, para a da realidade, deixando o estado da alma após a morte não é mais um sistema, mas um resultada da observação, o Mundo Invisível aparecendo em toda a sua realidade prática, não tendo sido descoberto pelo esforço dos homens em uma concepção engenhosa, mas descrito pelos próprios habitantes desse mundo descrevendo sua situação, em todos os graus da escala espiritual, em todas as fases da felicidade e da desgraça. Concluindo, frisa que “o Mundo Visível e o Mundo Invisível estão em relações perpétuas e se assistem mutuamente. Não mais sendo permitida a dúvida sobre o futuro, a apreensão da morte não tem mais razão de ser: vê-se-a vir com sangue frio, como uma libertação, como a porta da vida, e não a do nada”.  








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