Apontada
por Allan Kardec a chave para acessarmos a compreensão de inúmeros ‘enígmas’, a
reencarnação precisa ser estudada sem os obstáculos dos preconceitos. A seguir,
alguns pontos que ampliam nosso conhecimento. 1- Afirma-se
que o Hinduísmo em sua origem representava uma síntese do Pensamento Religioso
guardando muita semelhança com o Espiritismo de hoje. Isso procede? O fundo dessa religião é a crença num Ser primeiro e
Supremo, na imortalidade da alma e na recompensa à virtude. O verdadeiro e
único Deus se chama Brahm, o qual não deve ser confundido com Brahma, criado
por ele. É a verdadeira luz, que é a mesma, eterna, bem-aventurada em todos os
tempos e lugares. Da essência imortal de Brahm emanou a deusa Bhavani, isto é,
a Natureza, e uma legião de 1.180 milhões de Espíritos. Entre esses Espíritos há
três semideuses ou gênios superiores: Brahma, Vishnu e Shiva, a trindade dos
hindus. Durante muito tempo a concórdia e a felicidade reinaram entre os
Espíritos. Mais
tarde, porém, eclodiu uma revolta entre eles e vários se recusaram a obedecer.
Os rebeldes foram precipitados do alto dos céus no abismo das trevas. Deu-se, então,
a metempsicose: cada planta, cada Ser foi animado por um anjo decaído. Esta
crença explica a bondade dos hindus para com os animais: consideram-nos como
seus semelhantes e não querem matar nenhum. 2- Mas não
é o que se vê hoje. O que houve? Somos induzidos a crer que não
foi senão a ação do tempo que levou tudo quanto existe de bizarro nessa
religião, mal compreendida e falseada na boca do povo, a descer à posição de
insana charlatanice. Basta indicar os atributos de algumas de suas principais
divindades para explicar o estado atual de sua religião. Eles admitem
333 milhões de divindades inferiores: são as deusas dos elementos, dos
fenômenos da Natureza, das artes, das doenças, etc. Além disso, há os bons e os
maus gênios: o número dos bons ultrapassa o dos maus em três milhões. O que é
extremamente notável é que não se encontra, entre os hindus, uma única imagem
do Ser Supremo: parece-lhes demasiado grande. Dizem que toda a Terra é o seu
templo e o adoram sob todas as formas. Assim,
conforme os hindus, as almas tinham sido criadas felizes e perfeitas e sua
decadência resultou de uma rebelião; sua encarnação no corpo de animais é uma
punição. Segundo
os hindus, a alma começou pela perfeição para chegar à abjeção; a perfeição é o
começo e a abjeção, o resultado. Conforme os
Espíritos, a ignorância é o começo; a perfeição, o objetivo e o resultado.
Seria supérfluo procurar demonstrar qual dessas duas doutrinas é mais racional
e dá uma ideia mais elevada da justiça e da bondade de Deus. É, pois, por
completa ignorância de seus princípios que algumas pessoas as confundem. 3- Que diferença fundamental pode ser
identificada? Conforme a Doutrina
Espírita, os Espíritos (ou almas) foram e ainda são criadas simples e
ignorantes; é pelas encarnações sucessivas que chegam, graças a seus esforços e
à Misericórdia Divina, à perfeição que lhes proporcionará a felicidade eterna. Devendo
progredir, a alma pode permanecer estacionária durante um período mais ou menos
longo, mas não retrograda. O que adquiriu em conhecimento e em moralidade não
se perde. Se não avança, também não recua: eis por que não pode voltar a animar
os seres inferiores à Humanidade. A metempsicose dos hindus está fundada
sobre o princípio da degradação das almas. A reencarnação, segundo os Espíritos,
está fundada no princípio da progressão contínua. Segundo os hindus, a alma começou pela
perfeição para chegar à abjeção; a perfeição é o começo e a abjeção, o
resultado. Conforme
os Espíritos, a ignorância é o começo; a perfeição, o objetivo e o resultado. Seria supérfluo
procurar demonstrar qual dessas duas doutrinas é mais racional e dá uma ideia
mais elevada da justiça e da bondade de Deus. É, pois, por completa ignorância
de seus princípios que algumas pessoas as confundem. 4- Analisando
a concepção do Espiritismo como explicar
a evolução do Ser, da individualidade? Deus criou todos os
Espíritos iguais, simples, inocentes, sem vícios e sem virtudes, mas com o
livre-arbítrio de regular suas ações conforme um instinto, que se chama
consciência, e que lhes dá o poder de distinguir o bem e o mal. Cada Espírito
está destinado a alcançar a mais elevada perfeição, atrás de Deus e do Cristo.
Para atingi-la, deve adquirir todos os conhecimentos pelo estudo de todas as
ciências, iniciar-se em todas as verdades e depurar-se pela prática de todas as
virtudes. Ora, como essas qualidades superiores não podem ser obtidas numa
única vida, todos devem percorrer várias existências, a fim de adquirirem os
diversos graus do saber. A vida humana é a escola da perfeição espiritual e uma
série de provas. É por isso que o Espírito deve conhecer todas as condições da
sociedade e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina. O poder
e a riqueza, assim a pobreza e a humildade, são provas; dores, idiotismo, demência,
etc., são punições pelo mal cometido numa existência anterior. Do mesmo modo
que pelo livre-arbítrio o indivíduo se encontra em condições de realizar as
provas a que está submetido, também pode falir. No primeiro caso, a recompensa
não se fará esperar, consistindo numa progressão na perfeição espiritual. No
segundo caso, recebe a punição, isto é, deve reparar em nova vida o tempo
perdido na vida anterior, da qual não soube tirar vantagem para si mesmo. Antes
de sua reencarnação, os Espíritos planam nas Esferas celestes: os bons gozando
a felicidade, os maus entregando-se ao arrependimento, expostos à dor de serem
desamparados por Deus. Mas, conservando a lembrança do passado, o Espírito se
recorda das infrações aos mandamentos divinos e Deus lhe permite escolher, em
nova existência, suas provas e sua condição, o que explica por que, muitas
vezes, encontramos nas classes inferiores da sociedade sentimentos elevados e
entendimento desenvolvido, ao passo que nas classes superiores encontramos
tendências ignóbeis e Espíritos embrutecidos.
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