Vasculhando obras mediúnicas
em busca de entendermos como individualmente se constrói a evolução,
deparamo-nos com alguns conceitos que merecem profundas reflexões: 1- Inferno é construção mental em nós mesmos. O
estacionamento, após esforço destrutivo, estabelece clima propício aos
fantasmas de toda sorte, fantasmas que torturam a mente que os gerou, levando-a
a pesadelos cruéis. Cavamos poços abismais de padecimentos torturantes, pela
intensidade do remorso de nossas misérias intimas. (OVE, 8) 2- Encarcerados
pela Lei do Retorno, temos efetuado multisseculares recapitulações, por
milênios consecutivos. (LI, 1) 3- Quanto mais esclarecida a criatura, tanto
mais responsável, entregue naturalmente aos arestos da consciência, na Terra ou
fora dela, toda vez que se envolve nos espinheiros da culpa. (AR, pref) 4- O remorso é
um monstro invisível que alimenta as labaredas da culpa. A consciência não
dorme. (ETC, 14) 5- Perdemos o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao pelourinho
invisível de nossas culpas; e a culpa, é sempre uma nesga de sombras a
eclipsar-nos a visão.(AR, 2) 6- A dureza coagula-nos a sensibilidade
durante certo tempo; todavia chega um minuto em que o remorso nos descerra a
vida mental aos choques de retorno das nossas próprias emissões. (LI, 4) 7- O remorso é
uma força que nos algema à retaguarda. (ETC, 220). Com base nelas, a seguir
alguns elementos revelados pelo Espiritismo. 1-
Considerando que conforme a questão 607 d’ LIVRO DOS ESPÍRITOS que “o Princípio
Inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida
após o que sofre uma transformação e se torna Espírito começando para ele o período
de humanização ou Humanidade, simples e ignorante” pode-se dizer que surge
nesse momento a noção de culpa como mecanismo indutor ao progresso espiritual? No momento de
sua criação, os Espíritos não são imperfeitos senão do ponto de vista do
desenvolvimento intelectual e moral. Como a
criança ao nascer, como o germe contido na semente da árvore; mas não são maus
por natureza. Ao
mesmo tempo, neles se desenvolve a razão, o livre-arbítrio, em virtude do qual
escolhem, uns o bom caminho, outros o mau, fazendo que alguns cheguem ao
objetivo mais cedo que outros. Mas todos, sem exceção, devem passar
pelas vicissitudes da vida corporal, a fim de adquirir experiência e ter o
mérito da luta. Nessa
luta uns triunfam, outros sucumbem, conquanto os vencidos possam sempre se
erguer e resgatar os seus fracassos. Multiplicam-se em sua rota as
advertências salutares, das quais infelizmente nem sempre eles aproveitam. É a história de
dois viajantes que querem alcançar um belo país, onde viverão felizes; um sabe
evitar os obstáculos, as tentações que o fariam parar no caminho; o outro, por
imprudência, choca-se contra os mesmos obstáculos, leva quedas que o atrasam,
mas chegará por sua vez. Se, no caminho, pessoas caridosas o
previnem dos perigos que corre e se, por presunção, não as escuta, mais
repreensível será por isso. (RE;
1861) Considerando válida a ideia da evolução
espiritual, o mecanismo da culpa surge no Espírito no Planeta Terra, uma das
“muitas moradas da Casa do Pai como dito por Jesus? Erro
é admitir que as primeiras encarnações humanas ocorrem na Terra. A Terra já foi, mas não é mais, um mundo
primitivo; os mais atrasados seres humanos encontrados em sua superfície já se
despojaram das primeiras fraldas da encarnação e os nossos selvagens estão em
progresso, comparativamente ao que eram antes que seu Espírito viesse encarnar
neste globo. Que
se julgue agora o número de existências necessárias a esses selvagens para
transpor todos os degraus que os separam da mais adiantada Civilização; todos
esses degraus intermediários se acham na Terra sem solução de continuidade e se
pode segui-los observando as nuances que distinguem os diferentes povos.
Só
o começo e o fim aí não se encontram; para nós o começo se perde nas
profundezas do passado, que não nos é dado penetrar. Aliás, isto pouco importa,
pois tal conhecimento em nada nos adiantaria. Não somos perfeitos, eis o que é positivo;
sabemos que nossas imperfeições são o único obstáculo à nossa felicidade futura;
portanto, estudemo-nos, a fim de nos aperfeiçoarmos. No ponto em que estamos a inteligência está
bastante desenvolvida para permitir ao homem julgar sensatamente o bem e o mal,
e é também deste ponto que a sua responsabilidade é mais seriamente empenhada,
já que não mais se pode dizer o que dizia Jesus: “Perdoai-lhes, Senhor, porque
não sabem o que fazem. Como se constrói no Espírito em
evolução o mecanismo da culpa? Dominado pelo instinto - uma espécie de
inteligência irracional - o Espírito começa a desenvolver a inteligência
racional a partir das experiências que vai vivenciando.
Os conhecimentos resultantes, registrados na memória de profundidade ou
inconsciente, vão compondo um acervo de informações que cria a noção de responsabilidade
que, por sua vez, vai expandindo a consciência, instrumento indutor e
controlador da evolução. Nasce a compreensão do
dever, a obrigação moral, primeiro consigo mesmo e depois com os outros. O dever começa
precisamente no ponto em que alguém ameaça a felicidade ou tranquilidade do
próximo, e termina no limite que não se deseja seja transposto em relação a si
mesmo. O
Espírito cumprindo seu dever é a um só tempo, juiz e escravo na sua própria
causa. As ações intencionalmente executadas
geram - quando contrárias às referências preservadas no Ser imortal ou Espírito
- desarmonias que chamamos culpa conduzindo num primeiro momento ao remorso, no
segundo ao arrependimento determinando o desejo da expiação e a necessidade de
reparação para a dissipação daquilo que representa a dor de consciência.
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