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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

COMPLEXO DE CULPA E KARDEC - HOJE E SEMPRE 383


Vasculhando obras mediúnicas em busca de entendermos como individualmente se constrói a evolução, deparamo-nos com alguns conceitos que merecem profundas reflexões: 1- Inferno é construção mental em nós mesmos. O estacionamento, após esforço destrutivo, estabelece clima propício aos fantasmas de toda sorte, fantasmas que torturam a mente que os gerou, levando-a a pesadelos cruéis. Cavamos poços abismais de padecimentos torturantes, pela intensidade do remorso de nossas misérias intimas. (OVE, 8) 2- Encarcerados pela Lei do Retorno, temos efetuado multisseculares recapitulações, por milênios consecutivos. (LI, 1) 3- Quanto mais esclarecida a criatura, tanto mais responsável, entregue naturalmente aos arestos da consciência, na Terra ou fora dela, toda vez que se envolve nos espinheiros da culpa. (AR, pref) 4- O remorso é um monstro invisível que alimenta as labaredas da culpa. A consciência não dorme. (ETC, 14) 5- Perdemos o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao pelourinho invisível de nossas culpas; e a culpa, é sempre uma nesga de sombras a eclipsar-nos a visão.(AR, 2) 6- A dureza coagula-nos a sensibilidade durante certo tempo; todavia chega um minuto em que o remorso nos descerra a vida mental aos choques de retorno das nossas próprias emissões. (LI, 4) 7- O remorso é uma força que nos algema à retaguarda. (ETC, 220). Com base nelas, a seguir alguns elementos revelados pelo Espiritismo. 1- Considerando que conforme a questão 607 d’ LIVRO DOS ESPÍRITOS que “o Princípio Inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida após o que sofre uma transformação e se torna Espírito começando para ele o período de humanização ou Humanidade, simples e ignorante” pode-se dizer que surge nesse momento a noção de culpa como mecanismo indutor ao progresso espiritual? No momento de sua criação, os Espíritos não são imperfeitos senão do ponto de vista do desenvolvimento intelectual e moral. Como a criança ao nascer, como o germe contido na semente da árvore; mas não são maus por natureza.  Ao mesmo tempo, neles se desenvolve a razão, o livre-arbítrio, em virtude do qual escolhem, uns o bom caminho, outros o mau, fazendo que alguns cheguem ao objetivo mais cedo que outros.  Mas todos, sem exceção, devem passar pelas vicissitudes da vida corporal, a fim de adquirir experiência e ter o mérito da luta.  Nessa luta uns triunfam, outros sucumbem, conquanto os vencidos possam sempre se erguer e resgatar os seus fracassos.  Multiplicam-se em sua rota as advertências salutares, das quais infelizmente nem sempre eles aproveitam.  É a história de dois viajantes que querem alcançar um belo país, onde viverão felizes; um sabe evitar os obstáculos, as tentações que o fariam parar no caminho; o outro, por imprudência, choca-se contra os mesmos obstáculos, leva quedas que o atrasam, mas chegará por sua vez.  Se, no caminho, pessoas caridosas o previnem dos perigos que corre e se, por presunção, não as escuta, mais repreensível será por isso.  (RE; 1861) Considerando válida a ideia da evolução espiritual, o mecanismo da culpa surge no Espírito no Planeta Terra, uma das “muitas moradas da Casa do Pai como dito por Jesus? Erro é admitir que as primeiras encarnações humanas ocorrem na Terra.  A Terra já foi, mas não é mais, um mundo primitivo; os mais atrasados seres humanos encontrados em sua superfície já se despojaram das primeiras fraldas da encarnação e os nossos selvagens estão em progresso, comparativamente ao que eram antes que seu Espírito viesse encarnar neste globo.  Que se julgue agora o número de existências necessárias a esses selvagens para transpor todos os degraus que os separam da mais adiantada Civilização; todos esses degraus intermediários se acham na Terra sem solução de continuidade e se pode segui-los observando as nuances que distinguem os diferentes povos. Só o começo e o fim aí não se encontram; para nós o começo se perde nas profundezas do passado, que não nos é dado penetrar. Aliás, isto pouco importa, pois tal conhecimento em nada nos adiantaria.  Não somos perfeitos, eis o que é positivo; sabemos que nossas imperfeições são o único obstáculo à nossa felicidade futura; portanto, estudemo-nos, a fim de nos aperfeiçoarmos.  No ponto em que estamos a inteligência está bastante desenvolvida para permitir ao homem julgar sensatamente o bem e o mal, e é também deste ponto que a sua responsabilidade é mais seriamente empenhada, já que não mais se pode dizer o que dizia Jesus: “Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem. Como se constrói no Espírito em evolução o mecanismo da culpa? Dominado pelo instinto - uma espécie de inteligência irracional - o Espírito começa a desenvolver a inteligência racional a partir das experiências que vai vivenciando. Os conhecimentos resultantes, registrados na memória de profundidade ou inconsciente, vão compondo um acervo de informações que cria a noção de responsabilidade que, por sua vez, vai expandindo a consciência, instrumento indutor e controlador da evolução. Nasce a compreensão do dever, a obrigação moral, primeiro consigo mesmo e depois com os outros.  O dever começa precisamente no ponto em que alguém ameaça a felicidade ou tranquilidade do próximo, e termina no limite que não se deseja seja transposto em relação a si mesmo.  O Espírito cumprindo seu dever é a um só tempo, juiz e escravo na sua própria causa. As ações intencionalmente executadas geram - quando contrárias às referências preservadas no Ser imortal ou Espírito - desarmonias que chamamos culpa conduzindo num primeiro momento ao remorso, no segundo ao arrependimento determinando o desejo da expiação e a necessidade de reparação para a dissipação daquilo que representa a dor de consciência.








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