As pesquisas desenvolvidas
desde que Allan Kardec enxergou nos fenômenos observados na casa da
família Baudin um meio de se desvendar os mistérios da vida após a
morte e desse outro mundo - segundo se sabe hoje – de dimensões ilimitadas
considerando suas divisões vibratórias, revelam que somos sempre o que fazemos
de nós. Nossa realidade mento-emocional nos situa em realidades compatíveis com
a LEI
DE CAUSA E EFEITO que, como sabemos, induz e regula nosso processo
evolutivo. Entre as matérias selecionadas para o número de agosto de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, seu editor incluiu
uma que atesta essa conjectura. Trata-se da manifestação psicográfica obtida
pela filha de uma amiga de Kardec, identificada apenas pela inicial F.
do Espírito Francois Riquier, morto quatro ou cinco anos antes.
Ex-locatário do imóvel ocupado pela jovem senhora, Francois, fora um homem
muito simples, velho solteirão avarento, que deixou aos familiares uma fortuna
considerável. O interessante é que a senhora F. o havia esquecido
completamente. Ocorre que ultimamente sua filha, que é sujeita a crises de
catalepsia, seguidas de sono magnético espontâneo, nesse sono viu o Sr. Riquier,
o qual, dizia ela, queria aproximar-se de sua mãe. Dias depois a moça,
considerada por Kardec como boa médium escrevente, tomou do lápis e escreveu a
referida comunicação, depois da qual Riquier pôs o seu nome e endereço
exato. Desconhecendo tal endereço, a senhora F. foi confirmá-lo,
ficando muito surpresa, pois a indicação estava correta. A comunicação
exemplifica novo tipo de pena reservada aos Espíritos atormentados pela culpa.
Como a manifestação foi espontânea, e exprimia o desejo de falar à senhora F.,
foi-lhe feita esta pergunta: -“Que quereis de nós?”. A
resposta, espantou: -“O meu dinheiro, que aqueles miseráveis
tomaram todo, para repartirem entre si. Dilapidaram meu patrimônio, como se não
fosse meu. Venderam minhas fazendas, minhas casas, para dividir tudo. Fazei-me
justiça, porque eles não escutam e não quero assistir a tais infâmias. Dizem
que eu era usurário e guardam o meu dinheiro!. Porque não mo querem entregar,
se acham que foi mal adquirido?”. –“Mas vos estais morto, pobre
homem. Já não precisais de dinheiro. Pedi a Deus uma nova existência pobre, a
fim de expiardes a avareza desta. –“Não; não poderia viver pobre.
Necessito do meu dinheiro para viver. Alias não preciso de outra vida, pois
estou vivo agora”. ( a pergunta seguinte foi feita com o fito de o
trazer à realidade). –“Sofreis?”. –“Oh!
Sim: sofro piores torturas que a moléstia mais cruel, porque é minh’alma que
suporta essa torturas. Tenho sempre presente a iniquidade de minha vida, que
para muitos foi motivo de escândalo. Bem sei que sou um miserável; indigno de
piedade. Mas sofro tanto que necessito me ajudem a sair deste estado miserável”.
–Oraremos
por vós”. –“Obrigado. Rogai para que eu esqueça minhas
riquezas terrenas, sem o que jamais poderia arrepender-me. Adeus e obrigado!”.
François
Riquier – Rua de la Charité,
14. Sobre esse fenômeno, Kardec observa: Este exemplo e muitos outros
análogos provam que o Espírito pode conservar, durante muitos anos, a ideia de
ainda pertencer ao mundo corpóreo. Tal ilusão não é exclusiva dos casos de
morte violenta: parece ser consequência da materialidade da vida terrena; e a
persistência do sentimento de tal materialidade, que não pode ser vencida, é um
suplício para o Espírito. Além disso, aí encontramos a prova que o Espírito é
um Ser semelhante ao Ser corpóreo, embora fluídico, porque, para que ainda se
julgue neste mundo, que continue onde pensa continuar, poder-se-ia dizer.
Entregue aos seus negócios, é preciso que se veja em forma e num corpo como em
vida. Se dele só restasse um sopro, um vapor, uma centelha, não se enganaria
quanto à situação. É assim que o estudo sobre os Espíritos, mesmo vulgares, nos
esclarece quanto ao estado real do Mundo Invisível e confirma as mais
importantes verdades. Enfim, o que se confirma por milhares de
depoimentos de Espíritos desencarnados sobre sua real situação após a morte do
corpo físico, representa uma séria advertência para nós que estamos preparando
o amanha feliz ou desventurado: NINGUÉM FOGE DE SI MESMO. E,
se morrer é relativamente fácil, bastando qualquer falha em componente vital da
máquina física, necessário será desencarnar também os pensamentos, mantidos
invariavelmente presos às preocupações deixadas para trás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário