Experiência
inevitável dada a fragilidade do corpo físico, a
morte aguarda a todos os Seres humanos que estagiam na Terra. Questão de tempo.
Na sequência alguns aspectos pesquisados na inestancável fonte oferecida pelos
Espíritos através da mediunidade para nossas reflexões. As
impressões e sensações então não são iguais para todos? Mentiríamos,
asseverando que a transição é serviço rotineiro para todos. Cada qual, como acontece no nascimento, tem a sua
porta adequada para ausentar-se do plano físico. Na
existência do corpo, começamos ou recomeçamos determinado serviço. Além da
sepultura, continuamos a boa obra encetada ou somos escravos do mal que
praticamos na Terra. Por isso, o estado mental é muito
importante nas condições da matéria rarefeita que a criatura passa a habitar,
logo depois de abandonar o carro fisiológico. Incontáveis pessoas, por
deficiência de educação do “eu”, agarram-se aos remanescentes do corpo, com a
obstinação de estulto viajante que, pelo receio do desconhecido ou pela
incapacidade de usar as próprias pernas, pretendesse inutilmente reerguer na
estrada a cavalgadura morta. Mas o número de
almas perturbadas de outro modo é infinitamente maior. Não se apegam ao cadáver putrefato, mas
demoram na paisagem doméstica, onde se desvencilharam das células enfermas,
conservando ilusões ou sofrimentos intraduzíveis. Muitos
que se abandonaram à moléstia, fortalecendo-a e acariciando-a, mais por fugir
aos deveres que a vida lhes reserva do que por devoção e fidelidade aos
Desígnios Divinos, fixam longamente sintomas e defeitos, desequilíbrios ou
chagas na matéria sensível e plástica do organismo espiritual, experimentando
sérias dificuldades para extirpá-los. Almas
desse naipe, desalentadas e oprimidas, podem ser enumeradas aos milhares, em
qualquer região dos círculos sutis que marginam a zona de trabalho, em que se
delimita a ação dos homens encarnados. Quando
possível, são internados em grandes e complexas organizações hospitalares,
quase que justapostas ao plano terrestre comum; entretanto, é preciso reconhecer
que milhares delas se mantêm dentro de linhas mentais infra-humanas, rebeldes a
qualquer processo de renovação. (FT; 10) Essa reação se repete para o Ser a cada experiência de morte
ou se altera com o tempo? À medida que se eleva e se depura, as
percepções e sensações do Espírito se tornam menos grosseiras, adquirindo mais
primor, mais sutileza e mais delicadeza; vê, sente e compreende coisas que não
podia ver, nem sentir, nem compreender numa condição inferior. Ora, cada existência corporal,
sendo para ele uma oportunidade de progresso, condu-lo a um novo meio, porque
se encontra, caso haja progredido, entre Espíritos de outra ordem, cujas
ideias, pensamentos e hábitos são diferentes. Acrescente-se
que tal depuração lhe permite penetrar, sempre como Espírito, em mundos
inacessíveis aos Espíritos inferiores, como entre nós os salões da alta
sociedade são interditos às pessoas mal-educadas. Quanto
menos esclarecido, tanto mais limitado é o seu horizonte; à medida que se eleva
e se depura, esse horizonte se amplia e, com ele, o círculo de suas ideias e
percepções. A seguinte comparação nos permite
compreendê-lo. Suponhamos um camponês bruto e
ignorante, indo a Paris pela primeira vez. Conhecerá e compreenderá a Paris do
mundo sábio e elegante? Não, porque
frequentará apenas as pessoas de sua classe e os bairros que elas habitam. Mas se, no intervalo de uma segunda
viagem, esse camponês se desenvolveu, havendo adquirido instrução e boas maneiras,
outros serão seus hábitos e as suas relações. Verá,
então, um mundo novo para ele, que em nada se assemelhará à Paris de outrora. O mesmo acontece com os Espíritos;
nem todos, porém, experimentam esse mesmo grau de incerteza. À medida que progridem, suas ideias
se desenvolvem e a memória se aperfeiçoa: familiarizam-se antecipadamente com a
sua nova situação; seu retorno entre os outros Espíritos nada mais tem que os
surpreenda; encontram-se em seu meio normal e, passado o primeiro momento de perturbação,
reconhecem-se quase imediatamente. (RE;1859)Todas as desencarnações de pessoas dignas contam com o amparo de
grupos socorristas? Nem todas. Todos os fenômenos do decesso contam com o
amparo da caridade afeta às organizações de assistência indiscriminada; no
entanto, a missão especialista não pode ser concedida a quem não se distinguiu
no esforço perseverante do bem. Logo após a morte, o homem que se desprende do invólucro
material pode sentir a companhia dos entes amados que o precederam no
além-túmulo? Se a sua existência terrestre foi valorizada
espiritualmente, a transição do plano terrestre para a esfera espiritual será
sempre suave. Nessas
condições, poderá encontrar imediatamente aqueles que foram, objeto de sua
afeição no mundo, na hipótese de se encontrarem no mesmo nível de evolução. Uma
felicidade doce e uma alegria perene estabelece-se nesses corações amigos e
afetuosos, depois das amarguras da separação e da prolongada ausência. Entretanto,
aqueles que se desprendem da Terra, saturados de obsessões pelas posses
efêmeras do mundo e tocados pela sombra das revoltas incompreensíveis, não
encontram tão depressa os entes queridos que os antecederam na sepultura. Suas
percepções restritas à atmosfera escura dos seus pensamentos e seus valores
negativos impossibilitam-lhes as doces venturas do reencontro. É por
isso que observais, tantas vezes, Espíritos sofredores e perturbadas fornecendo
a impressão de criaturas, desamparadas e esquecidas pela esfera da bondade
superior, mas, que, de fato, são desamparados por si mesmos, pela sua perseverança
no mal, na intenção criminosa e na desobediência aos sagrados desígnios de
Deus.
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