Nunca demais tratar-se do tema.
Afinal constitui-se num problema social da maior gravidade em vista do
crescimento dos índices de ocorrência no mundo. O Espiritismo por todos os
depoimentos que disponibiliza através da contribuição de milhares de médiuns
oferece farto material para reflexões. Preciso, contudo se tornem conhecidos e
vençam os preconceitos derivados da ignorância e intolerância. Na sequencia uma
análise feita por Allan Kardec nas páginas da REVISTA ESPÍRITA por ele fundada
e dirigida por ele. Por que as pessoas se matam? O homem tem sempre medo da morte; Quando se suicida,
está superexcitado, tem a cabeça transtornada e realiza esse ato sem coragem
nem temor e, por assim dizer, sem ter a consciência do que faz, enquanto que,
se pudesse escolher, não haveria tantos suicidas. O instinto do homem o leva a defender a
própria vida e, durante o tempo que medeia entre o instante em que seu
semelhante se aproxima para o matar e aquele em que o ato é cometido, há sempre
um movimento de repulsão instintiva da morte que o leva a repelir esse
fantasma, que não é apavorante senão para o Espírito culpado. O homem que se
suicida não experimenta esse sentimento, porque está cercado de Espíritos que o
impelem, que o auxiliam em seus desejos e lhe fazem perder completamente a
lembrança do que não seja ele mesmo, isto é, dos pais e daqueles que o amam,
bem como de uma outra existência. Nesse momento o homem é todo egoísmo. (RE) Os índices crescentes de suicídio que constituem-se numa preocupação de
nossos dias é um fenômeno recente? Pode-se dizer que presente
em todas épocas. Em interessante matéria incluída na REVISTA ESPIRITA, junho de 1862, Allan Kardec analisa assunto
tratado no jornal SIÈCLE de maio daquele ano apresentando estatísticas sobre o
suicídio desde o início do século 19, demostrando crescimento significativo do
mesmo na França. Segundo o autor do trabalho, o número de suicídios aumenta
todos os anos, verificando também: - Muitos
suicidas são no momento da sua consumação tomados por uma espécie de vertigem e
sucumbem a um primeiro momento de exaltação; - Muitos se matam a sangue-frio e com
reflexão e a prova está nas precauções calculadas que tomam, na ordem
raciocinada que põem nos negócios, o que não é uma característica de loucura; - Aquele que
voluntariamente quer deixar a vida aproveita bem o momento em que está só para
não ser tolhido em seu desígnio, mas o faz de preferência nos centros
populosos, onde seu corpo ao menos terá alguma chance de ser encontrado. - Um pulará do
alto de um monumento no centro da cidade, e não do alto de um penhasco, onde
não lhe restará traço algum; - Outro se enforcará num Parque publico
de Paris e não numa floresta, onde ninguém passa; ; Que
mais concluiu em sua análise? -
O suicida não quer ser impedido, mas deseja que se saiba, cedo ou tarde, que se
suicidou; parece-lhe que essa lembrança dos homens o liga ao mundo que quis
deixar, tanto é certo que a ideia do nada absoluto tem algo de mais aterrador
que a própria morte; - Os casos mais numerosos são determinados pelos reveses
da fortuna, as decepções, os pesares de qualquer natureza; - Uns há que
são evidentemente fúteis, sem falar do indefinível desgosto pela vida, em meio
aos prazeres; - Todos os que se suicidam só
recorrem a esse extremo, com ou sem razão, porque não estão contentes; - Se deve
deplorar é a facilidade com a qual os homens cedem, desde algum tempo, a esse
arrastamento fatal; - Quando se dá um suicídio de certa
maneira, não é raro se sucederem outros do mesmo gênero; - A publicidade
dada aos suicídios produz sobre as massas o efeito da excitação, encorajamento,
acosta-se com a ideia e, até mesmo, a provoca. - Sob esse aspecto consideramos as
descrições do gênero e que abundam nos jornais como uma das causas excitantes
do suicídio: elas dão a coragem de morrer.; - Aquele que não acredita na
Eternidade, que julga que tudo acaba com a vida, caso se sinta oprimido pela
mágoa e pelo infortúnio só vê um termo na morte; nada esperando, acha muito
natural, muito lógico mesmo, abreviar os sofrimentos pelo suicídio.
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