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domingo, 19 de janeiro de 2020

ESCRITO, DESCONHECIDO, NÃO ENTENDIDO


O educador oculto por traz do pseudônimo Allan Kardec construiu a base de uma proposta que encaminha uma aliança entre ciência e religião. Sóbria, equilibrada, esclarecedora. Intelectual de amplos recursos publicou livros sobre a temática confirmando a existência de uma realidade – espiritual -, determinante desta - material -, bem como, a interação entre ambas; a pluralidade dos mundos habitados; o sentido evolucionista da Criação, entre outros aspectos. O ultimo dos seus trabalhos, produzido enquanto encarnado, A GÊNESE, procura explicar de forma racional a origem de toda a realidade em meio à qual existimos. Publicado em 1868, termina com três capítulos explicando a lógica que há nas chamadas predições. Formula a TEORIA DA PRESCIÊNCIA (capítulo XVI), analisa as PREDIÇÕES DO EVANGELHO (capítulo XVII), finalizando com uma abordagem intitulada OS TEMPOS SÃO CHEGADOS (capítulo XVIII). Praticamente ignorado pela comunidade científica de sua época, seu esforço encontrou no Brasil, amplo campo de desenvolvimento. Segundo se acredita devido à reencarnação em massa de voluntários altamente comprometidos em vidas passadas, com desvirtuamentos nas tarefas de despertamento e iluminação de Espíritos das diferentes Dimensões visíveis e invisíveis. Como nada é por acaso, naturalmente isso atendia a planificação programada   nos bastidores de universos paralelos. E, como a natureza não dá saltos, a maioria dos fracassados, conservava atavicamente as influências das escolas religiosas a que estiveram ligados. Como consequência, a Doutrina codificada por Allan Kardec fixou-se muito mais no que se poderia chamar Espiritismo evangélico que nos seus aspectos científico/filosóficos. Quando a resposta à questão 1018 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, entre outros esclarecimentos, diz que “a transformação da Humanidade foi predita e chegais a esse momento”, está se referindo ao diálogo havido logo após Jesus e os discípulos terem saído do templo, conforme preservado no capítulo 24 do Evangelho de Mateus (“ouvireis falar de guerra e de rumores de guerra; tratai de não vos perturbardes, porquanto é preciso que essa coisas se deem; mas, ainda não será o fim, pois ver-se-á povo levantar-se contra povo e reino contra reino; e haverá pestes, fomes e tremores de terra em diversos lugares – todas essas coisas serão apenas o começo das dores”) e no capítulo 21 de Lucas(“Haverá sinais no Sol, na Lua e nas Estrelas, sobre a Terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas”). Os falsos profetas que se levantariam seduzindo muitas pessoas e a iniquidade abundante que esfriaria a caridade de muitos, prevista naquela conversa estão aí para quem quiser ver. Após dar sua visão sobre esses prognósticos, Kardec encerra seu último livro deixando aos leitores uma quantidade razoável de argumentos que demonstram que a Terra já vivenciava o final de mais um ciclo evolutivo, semelhante a outros transcorridos periodicamente no orbe terreno. Mas, o que poucos sabem é que praticamente a integra do capítulo 18, na verdade é “um conjunto de reflexões desenvolvidas a partir das instruções dadas pelos Espíritos sobre o mesmo assunto, num grande número de comunicações, a ele dirigidas e a outras pessoas”. Acrescido a elas, incluiu “o resumo de várias palestras que teve através de dois médiuns no processo chamado por ele de sonambulismo extático, e que, ao despertar, não conservavam nenhuma lembrança”. Segundo escreveu no número de outubro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, coordenou metodicamente as ideias, a fim de lhes dar mais sequência, eliminando todos os detalhes e acessórios supérfluos. Explicou também que os pensamentos foram reproduzidos muito exatamente, e as palavras também textualmente, tanto quanto foi possível recolhê-las pela audição. A observação dos acontecimentos havidos, desde um século antes do surgimento do Espiritismo até os dias atuais, num aceleramento crescente, confirmam a veracidade dos prognósticos ali agrupados. Allan Kardec admirado pelo seu bom senso, não parece ter errado justamente naquela que se constituiu no fechamento do chamado Pentateuco espírita. Lamentavelmente, porém, desconhecida pelos próprios seguidores do Espiritismo.

















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