A Doutrina Espírita revela
que a cada encarnação iniciada, a individualidade que o Espírito é reveste-se
de nova Personalidade organizada paulatinamente a partir da identidade e
influências do meio em que ressurge, acrescida, a partir de certo momento, de
elementos migrados do inconsciente profundo dentro dos programas previstos para
que o trabalho da Evolução se encaminhe. Do Seminário TRANSTORNOS OBSESSIVOS E PSIQUIATRICOS – as respostas
que o Espiritismo dá, destacamos duas
questões para nossas reflexões. 1- Segundo a
definição clássica, os Transtornos de Personalidade são distúrbios do comportamento
manifestados em graus diferentes, mais ou menos padronizados, em função dos
mecanismos de reação e defesa que os indivíduos apresentam frente às
estimulações ambientais. Por sua vez, o Espiritismo afirma existirem processos
de perturbação em níveis que variam da Obsessão simples à fascinação e, desta,
à subjugação - a antiga possessão -, a qual pode envolver não apenas um
indivíduo, mas, vários simultaneamente na denominada obsessão coletiva. É
realmente possível? Estando
provados alguns casos isolados de obsessão física ou de subjugação, fácil é
compreender que, semelhante a uma nuvem de gafanhotos, um bando de Espíritos
malfazejos pode lançar-se sobre um certo número de indivíduos, deles se
apoderar e produzir uma espécie de epidemia moral. A ignorância, a fraqueza das
faculdades, a ausência de cultura intelectual naturalmente lhes facultam maior
influência. É
por isso que eles prejudicam, de preferência, certas classes, embora as pessoas
inteligentes e instruídas nem sempre estejam isentas. Foi provavelmente uma epidemia
desse gênero que imperou no tempo do Cristo, tantas vezes mencionada no
Evangelho. Mas
por que só a sua palavra bastava para expulsar os chamados demônios? Isto prova que o mal não podia ser curado
senão por uma influência moral. Ora, quem pode negar a
influência moral do Cristo? E quando emprega-se o
exorcismo, que é uma espécie de remédio moral, e nada se obtém? Se nada
produziu é que o remédio nada vale e que se deve buscar outro: isto é evidente.
Estudai
o Espiritismo e compreendereis a razão. Somente o Espiritismo,
assinalando a verdadeira causa do mal, pode dar os meios de combater os
flagelos dessa natureza. Mas quando dizemos para
estudá-lo, entendemos por isto um estudo sério, e não na esperança de nele
encontrar uma receita banal, para uso do primeiro que aparecer. (RE,3/1862) Impulsos e
compulsões censurados pela consciência resultam em desarmonias ou distúrbios
emocionais que podem levar à insanidade em vários níveis. No que se refere aos
Espíritos que evoluem no Planeta Terra haverá algo que possa ser apontado como dominante?
No exame das causas
da loucura, entre individualidades, sejam encarnadas, sejam ausentes da carne, a ignorância quanto à conduta sexual é dos fatores mais
decisivos, escravizando milhões de criaturas. Inútil é supor que a morte física ofereça
solução pacífica aos espíritos em extremo desequilíbrio, que entregam o corpo
aos desregramentos passionais. A loucura em que se debatem não
procede de simples modificações do cérebro: dimana da desassociação dos centros
perispiríticos, o que exige longos períodos de reparação. Nenhuma
exteriorização do instinto sexual na Terra, qualquer que seja a sua forma de
expressão, será destruída, senão transmudada no estado de sublimação. Com
bases nas experiências sexuais, a tribo converteu-se na família, a taba
metamorfoseou-se no lar, a defesa armada cedeu ao direito, a floresta selvagem
transformou-se na lavoura pacífica, a heterogeneidade dos impulsos nas imensas
extensões de território abriu campo à comunhão dos ideais na pátria
progressista, a barbárie ergueu-se em civilização, os processos rudes da
atração transubstanciaram-se nos anseios artísticos que dignificam o Ser, o
grito elevou-se ao cântico e, estimulada pela força criadora do sexo, a
coletividade humana avança, vagarosamente embora, para o supremo alvo do Divino
Amor. Da espontânea manifestação brutal dos sentidos menos elevados a alma
transita para gloriosa iniciação. Desejo,
posse, simpatia, carinho, devotamento, renúncia, sacrifício, constituem
aspectos dessa jornada sublimadora. Por vezes, a criatura demora-se
anos, séculos, existências diversas de uma estação a outra. Raras
individualidades conseguem manter-se no posto da simpatia, com o equilíbrio
indispensável. Muito poucas atravessam a
província da posse sem duelos cruéis com os monstros do egoísmo e do ciúme, aos
quais se entregam desvairadamente. Reduzido
número percorre os departamentos do carinho sem se algemarem, por largo trecho,
aos gnomos do exclusivismo. Devidos
à incompreensão sexual, incontáveis crimes campeiam na Terra, determinando
estranhos e perigosos processos de loucura, em toda parte. desgalgaram até ao
fundo do abismo, amargurados e vencidos. Milhões
de irmãos nossos se conservam semiloucos nos lares ou nas instituições; são os
companheiros incapazes do devotamento e da renúncia, a submergirem, pouco a
pouco, no caliginoso tijuco das alucinações... De mente desvairada, fixa no
socavão da subconsciência, perdem-se no campo dos automatismos inferiores,
obstinando-se no conservarem deprimentes estados psíquicos. O
ciúme, a insatisfação, o desentendimento, a incontinência e a leviandade
alastram terríveis fenômenos de desequilíbrio. (NMM,11)
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