Um dos países mais habitados
do Planeta, a Índia conserva tradições milenares que denotam, especialmente em
relação à condição da mulher, o quanto parte de seu povo precisa avançar no
caminho do progresso espiritual. Episódios recentes envolvendo estupros
coletivos estampados nos noticiários internacionais mostram que a inspiração,
por exemplo, de grande parte do que se conhece hoje no aspecto religioso, da
comunicação através da escrita, perdeu-se na esteira do tempo, desfigurado em
milhares de seitas derivadas da chamada zoolatria, simbolizando as divindades
de devoção a milhares de criaturas humanas. Aqueles Espíritos exilados do
Sistema Capela alocados por Jesus naquela região da Terra, que detentores de
maiores conhecimentos sobre os aspectos filosófico/religiosos, devem tem
cumprido suas tarefas, liberando-se para seguir seus programas evolutivos em
outras das moradas da Imensidão do Cosmos. Além do casamento infantil, uma das
tradições sustentada pela cultura hindu era o cerimonial do sacrifício da
esposa viúva, amarrada e sacrificada viva na fogueira da pira onde o corpo de
seu marido era cremado, pela “humilhação de seu pai viver enquanto seu
marido morrera”. Conhecida como sati, apesar da proibição
governamental, persiste pelas dezenas de relatos de ocorrências nas últimas
décadas, exigindo um esforço contínuo por parte das autoridades para sua
erradicação, bem como a variação do enterramento vivo, em regiões onde a prática
excepcional do enterramento prevalece. A propósito, no item 232 d’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, recolhemos a
informação que “se tomarmos cada povo em particular, poderemos, pelo caráter dominante
dos habitantes, pelas suas preocupações, seus sentimentos mais ou menos morais
e humanitários, dizer de que ordem são os Espíritos que, de preferência, se
reúnem no seio dele”. Nas pesquisas da Sociedade Espírita de Paris,
o assunto foi pesquisado, como revelado na edição de dezembro de 1858 da REVISTA ESPÍRITA. Anota Kardec: -“Desejávamos
interrogar uma dessas mulheres da Índia, sujeitas ao costume de queimar-se
sobre o cadáver do marido. Não conhecendo nenhuma, tínhamos pedido a São Luiz
nos enviasse uma em condições de responder às nossas perguntas de maneira
satisfatória. Ele nos respondeu que de boa vontade o faria oportunamente. Na
sessão de 2 de novembro de 1858, o Sr. Adrien, médium vidente, avistou uma,
disposta a falar, e dela nos deu a seguinte descrição: Olhos
negros e grandes, com a esclerótica amarela, rosto arredondado, faces salientes
e gordas, pele açafroada e trigueira, cílios longos e supercílios arqueados e
negros; nariz um pouco grande, ligeiramente achatado; boca grande e sensual,
belos dentes largos e iguais; cabelos lisos, abundantes, negros e empastados de
gordura. Corpo bem gordo, grande e atarracado. Roupagem de seda, deixando o
peito meio descoberto. Pulseiras nos braços e nas pernas”. As onze
perguntas que constituíram a entrevista feita por Kardec resultaram em
informações interessantes para nossas reflexões. 1- Quanto a época em que viveu na Índia e teve seu corpo queimado com o do
marido, sinalizou não se lembrar, dado fornecido pelo dirigentes espiritual dos
trabalhos que disse ter sido cem anos antes. 2 – Chamara-se Fátima, tendo professado a religião maometana e, embora
tendo nascido muçulmana, por ser mulher, teve de se conformar com o costume da
região onde morava, submetendo-se à religião do marido que era seguidor de
Brahma, considerando que as mulheres não se pertencem. 3 –
Que tinha 20 anos quando morreu. 4
– Sobre se teria se sacrificado voluntariamente, disse que no fundo teria
preferido não fazê-lo, pensamento comum entre as mulheres que precisavam seguir
o costume. 5 – Que o
sentimento que poderia ter ditado esta lei foi a superstição por imaginarem que
queimando a esposa juntamente com o corpo do marido, agradavam à Divindade,
crendo que resgatavam as faltas daquele que perderam, ajudando-o a viver feliz
no outros mundo. 6 – Que
nunca procurara rever seu marido. 7 -
Que poucas mulheres se sacrificavam de boa vontade - uma em mil -,
embora no fundo não desejassem fazê-lo. 8 – Que no momento em que se extinguiu sua vida corporal experimentou
perturbação, sentindo um escurecimento, não sabendo o que se passou depois,
sendo que suas ideias se tornaram claras muito tempo depois; que ia a toda
parte, embora não se vendo bem; que ainda não se sentia completamente
esclarecida, necessitando passar por muitas encarnações para se elevar, más que
não se queimaria mais por não ver a necessidade de alguém atirar-se às chamas a
fim de levar-se, sobretudo por faltas que não cometeu” Terminando por
pedir preces em seu favor para ter mais coragem a fim de suportar as provas a
ela enviadas, ouve Kardec observar que as preces que lhe seriam oferecidas
seriam cristãs e responde: -“Só há um Deus para todos os homens”.
Concluindo a matéria, há o seguinte comentário: -“Em várias sessões seguidas, a
mesma mulher foi vista entre os Espíritos que as assistiam. Disse que vinha
para instruir-se. Parece que foi sensível ao interesse por ela demonstrado,
porque nos acompanhou em várias outras reuniões e até na rua”.
Questão proposta pelo Cristiano, residente na
cidade de Vera Cruz (SP): “Qual a relação entre a frase “o amor cobre a multidão de
pecados” com a Lei de Ação e Reação?”
Na verdade, Cristiano, quando Pedro proferiu
essa frase, “o amor cobre a multidão de pecados”, ele quis dizer que todos
podemos compensar nossos erros com o amor, e isso, sem dúvida, decorre da Lei
de Ação e Reação, também conhecida como Lei de Causa e Efeito ou Lei da
Causalidade.
Essa questão é quase matemática, pois nesse
caso, os pecados, significam dividas e os atos de amor significam pagamentos.
Por maior a dívida contraída, quando começamos a pagá-la, mesmo que seja em
suaves prestações, automaticamente vamos amortizando o montante a pagar, até a
cobertura total da dívida, o que certamente vai exigir algum tempo. Quanto
tempo? Isso depende do ritmo de crescimento espiritual de cada um.
Do ponto de vista moral, Cristiano, pecar quer
dizer “errar contra alguém, causar-lhe prejuízo, moral ou material”. Segundo o
Espiritismo, por maior o prejuízo que causamos, por maior a dor que provocamos no
outro, sempre haverá oportunidade de cobri-los, ainda que seja em longas e suaves
parcelas de amor. Amor aqui, no sentido que Jesus usou esta palavra , é o amor
fraterno, incondicional. Portanto, não é amor contemplação ou simplesmente amor
declaração, mas o amor-ação que, no Espiritismo, damos o nome de caridade.
Muita
gente ainda pensa que caridade é apenas dar esmola ou socorrer alguém num
momento de necessidade. Isso também é caridade, mas está longe de ser toda a
caridade a que Jesus se referiu, quando falou do amor fraterno, do amor que
respeita, que compreende, que se solidariza e até que se sacrifica em favor do
próximo, como o samaritano da parábola. Só a reiterada prática desse amor é capaz de
anular os efeitos do pecado, à medida que vai amortizando e, portanto,
diminuindo a dívida moral.
No
Espiritismo dá para entender bem esse mecanismo de amortização ou quitação
gradativa da dívida pela lei da reencarnação. Isso porque não é possível alguém
se redimir de seus erros e cobrir tudo que deve a todos numa única existência.
Quase sempre levamos para a outra vida problemas não resolvidos, pendências não
satisfeitas, em face do mal causado. Mas, reencarnando, passamos a ter
oportunidade de ir cobrindo essas dívidas através da prática do bem, que é a
única forma de manifestar o amor fraterno.
Fica clara, portanto, a frase de Pedro,
quando fala que o amor cobre a multidão de pecados, pois isso acontece, não
apenas numa existência – que, por sinal, pode ser muito curta – mas ao longo
das existências sucessivas pelas quais o Espírito endividado vai passando. À
medida que ele vai se despertando para os valores espirituais, fazendo o bem e
evitando o mal ( ou seja, amando), ele vai se sentindo liberto da opressão que
tanto suas vítimas, como sua própria consciência, exercem sobre ele.
Em última análise, Pedro quis dizer que o
amor é o único caminho da felicidade ou da bem aventurança. Logo, todos os
ensinamentos de Jesus se resumem no amor
fraterno, incondicional e sobretudo ativo, realizador, que é a caridade. “Fora caridade não há salvação” – eis o lema
da Doutrina Espírita, Por isso o
mandamento maior, amai-vos uns aos
outros, pois somente amando o próximo, que é filho de Deus, podemos amar a Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário