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sábado, 29 de fevereiro de 2020

ALÉM DAS FRONTEIRAS VIBRATÓRIAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


-“Os olhos humanos veem apenas algumas expressões do vale em que se exercitam para a verdadeira visão espiritual. A percepção humana não consegue apreender senão determinado número de vibrações. Comparando as restritas possibilidades humanas com as grandezas do Universo Infinito, os sentidos físicos são muitíssimo limitados”. A explicação pertence ao Instrutor Espiritual Aniceto, no livro OS MENSAGEIROS  do Espírito André Luiz através do médium  Chico Xavier nos auxiliando a entender por que não percebemos a realidade em meio a qual nos movimentamos. Instigados pela curiosidade, sem compromissos com a percepção da clarividência, muitos desejariam ter uma noção das realidades além das barreiras vibratórias de nossa Dimensão. Allan Kardec escreveu que ‘para libertar-se do temor da morte é mister poder encará-la sob o seu verdadeiro aspecto.   Ter PENETRADO PELO PENSAMENTO no Mundo Espiritual, fazendo dele uma ideia tão exata quanto possível’. Diríamos que para atingir o objetivo do argumento anterior tem-se que fazer o mesmo. Na sequência reunimos alguns relatos que podem nos auxiliar. O primeiro é dado pela médium Yvonne Pereira no livro RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE. Conta que ‘por volta de 1958, solicitada a cuidar de um parente recém-operado, hospedou-se na residência deste, uma casa recém-adquirida, no Rio de Janeiro, imóvel que fora reformado pelo anterior proprietário. Fora erguida em terreno onde existira um casebre, demolido para a nova construção. Segundo ela, como de hábito, ao ingressar na moradia, começou a orar diariamente, à hora do trabalho psicográfico, que não fora interrompido. Nessas, e noutras ocasiões, às vezes até inesperadamente durante as lides domésticas, sua visão espiritual, surpreendia, no local da construção, um casebre, e, em vez do jardim com suas bonitas árvores e folhagens e o piso de cerâmica e cimento, um pobre terreno em ruínas, com canteiros de hortaliças ressequidas e alguns poucos galináceos, além de utensílios imprestáveis esparsos por toda a parte. Avistava uma entidade espiritual frequentemente, quase materializada, externando singulares particularidades. Tratava­se do Espírito de um homem de cor negra, regulando quarenta anos de idade, alto e corpulento, obeso, indicando enfermidade grave, pois dir-­se-­ia atacado de inchaço geral, como quem padecesse de grandes males renais. Os pés, muito visíveis, estavam descalços e traíam inchaço impressionante e a entidade se deixava ver muito pobremente trajada. Desdobrada espiritualmente, viu desaparecer a casa atual e, em seu lugar, via apenas um terreno com um casebre. Com a continuação do fenômeno foi informada pelo Espírito Guia Charles de que aquela entidade quando encarnada chamara­se Pedro, residira no casebre, e que, desencarnada, continuava no mesmo local, fixando o pensamento no cenário passado e, por isso mesmo, construindo­o ao derredor de si, para seu desfrute ou infortúnio’. A seguir a demonstração de como num mesmo ambiente físico de nossa Dimensão, três realidades se manifestam, fornecidas através de Chico Xavier pelo Espírito André Luiz. Trata-se de um dos mais ilustrativos observados durante visita a um apartamento na cidade do Rio de Janeiro. Acompanhemo-lo: - “Transpassando estreito corredor, pisamos o recinto doméstico, surpreendendo, no limiar, dois homens desencarnados, a debaterem, com descuidada chocarrice, escabrosos temas de vampirismo. Nenhum dos dois lograva registrar-nos a presença.. Na sala principal, o dono da casa. Detínhamo-nos, curiosos, na inspeção, quando sobreveio o inopinado. Diante de nós, ambos os desencarnados infelizes, que surpreendêramos à entrada, surgiram de repente, abordaram Cláudio e agiram sem-cerimônia. Um deles tateou-lhe um dos ombros e gritou, insolente: – beber, meu caro, quero beber! A voz escarnecedora agredia-nos a sensibilidade auditiva. Cláudio, porém, não lhe pescava o mínimo som. Mantinha-se atento à leitura. Inalterável. Contudo, se não possuía tímpanos físicos para qualificar a petição, trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o apelante. O assessor inconveniente repetiu a solicitação, algumas vezes, na atitude do hipnotizador que insufla o próprio desejo, reasseverando uma ordem. O resultado não se fez demorar. Beber! Beber!... Cláudio abrigou a sugestão, convicto de que se inclinava para um trago de uísque exclusivamente por si. O pensamento se lhe transmudou, rápido, - Beber, beber!... e a sede de aguardente se lhe articulou na ideia, ganhando forma. De começo, a carícia leve; depois da carícia agasalhada, o abraço envolvente; e depois do abraço de profundidade, a associação recíproca. Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica. Produzia-se algo semelhante ao encaixe perfeito. Cláudio-homem absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que se ajusta ao pé. Levantaram-se a um tempo e giraram integralmente incorporados um ao outro, na área estreita, arrebatando o delgado frasco. Desmanchou-se a parelha e Cláudio, desembaraçado, se dispunha a sentar, quando o outro colega, que se mantinha a distância, investiu sobre ele e protestou: “Eu também, eu também quero!”. Reavivou-se-lhe no ânimo a sugestão que esmorecia.. Absolutamente passivo diante da incitação que o assaltava, reconstituiu, mecanicamente, a impressão de insaciedade. Bastou isso e o vampiro, sorridente, apossou-se dele, repetindo-se o fenômeno da conjugação completa. Encarnado e desencarnado a se justaporem. Duas peças conscientes, reunidas em sistema irrepreensível de compensação mútua. Dois goles para três. Novamente desimpedido, o dono da casa estirou-se no divã e retomou o jornal. Os amigos desencarnados tornaram ao corredor de acesso, chasqueando, sarcásticos”.. (SD, 6) Pesquisando outras obras do mesmo autor, mais algumas cenas, em cenários diferentes: 1 -  CASA NOTURNA   - A multidão de entidades conturbadas e viciosas que aí se movia era enorme. Os dançarinos não bailavam sós, mas, inconscientemente, correspondiam, no ritmo açodado da musica inferior, a ridículos gestos dos companheiros irresponsáveis que lhes eram invisíveis.   3- ENFERMARIA DE UM HOSPITAL A enfermaria estava repleta de cenas deploráveis. entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos diversos, inflingindo-lhes padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como atormentando-os e perseguindo-os.(OVE; 18) 7- NUM RESTAURANTE  Transpusemos a entrada. As emanações do ambiente produziam em nós, indefinível mal estar. Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcóolatras impenitentes.(NDM, 138)




Uma leitora, que não quis se identificar, contou que há mais ou menos 15 anos, perdeu de forma repentina um tio que morava numa cidade do Paraná e vivia de pequenos negócios. Ele deixou a viúva e filhos menores, mas não deixou pensão porque não recolhia encargos sociais. A mulher, sem recursos, e nada sabendo dos negócios do marido, foi aconselhada a consultar um centro espírita, onde o marido se manifestou, dizendo para ela procurar um determinado senhor, que lhe devia bom dinheiro. Ela, de fato, o fez e, embora não soubesse quanto o homem devia ao seu marido (porque isso não foi revelado), aceitou o que o homem lhe ofereceu e, a partir de então, pôde conduzir sua vida. A pergunta que faz é se a comunicação foi verdadeira, porque até hoje ela tem suas dúvidas.
Não há como saber de forma concreta e objetiva se a comunicação foi autêntica ou não, simplesmente porque essa prova não existe. Na grande maioria dos casos, principalmente quando se trata da comunicação de entes queridos, podemos saber se a comunicação é autêntica ou não, dependendo dos fatos que ocorrem depois e não propriamente da comunicação em si. Trata-se, portanto, de uma prova indireta, ou seja, por mera dedução lógica.
Quando as pessoas não conhecem o Espiritismo, elas querem que a comunicação mediúnica, falada ou escrita, seja um retrato perfeito da fala e da escrita do comunicante. Acreditam, nas mais das vezes, que o Espírito entra no corpo do médium e assume inteiramente o comando da comunicação da mesma forma que fazia quando estava encarnado. Mas não é assim que acontece.
A comunicação do Espírito para o médium é por via mental, que passa pelo cérebro do médium. Neste caso existem uma série de dificuldades, pois o médium faz o papel de um mensagem e, portanto, interpreta a mensagem. Tanto do Espírito, quanto do médium, sentem dificuldade de comunicar, embora a comunicação em si dependa mais do médium: depende do seu preparo, do seu treinamento, de seus conhecimentos e de sua personalidade enfim.
- O médium, enfim,  é um secretário do Espírito: quanto mais preparado, melhores condições tem para transmitir a mensagem. O mais importante na comunicação mediúnica não é a forma como a comunicação se dá, mas o teor da mensagem que transmite – o conteúdo da mensagem pode ser verdadeiro ou se aproximar da verdade. O médium se oferece para fazer a vontade do Espírito naquele momento, faz o que ele pede, mas faz do seu jeito e conforme as suas próprias condições, razão pela qual a qualidade de uma comunicação depende mais do seu preparo.
Há casos em que o Espírito comunicante deixa pistas para ser reconhecido pelos familiares. As pistas geralmente são informações que dá sem que o médium saiba ( nome de pessoas, apelidos, lugares, fatos) , às vezes revelações muito íntimas ou confidenciais ou, então, a assinatura que o Espírito sempre usou quando encarnado. Fora disso o conteúdo da mensagem, as ideias e o estilo do Espírito é que precisam ser analisados, considerando que o médium tem uma forte influência na comunicação.
No caso, que você apresenta, dá pra tirar algumas conclusões apenas pelas consequências, porque não há informação sobre a forma como a mensagem foi transmitida. Se sua tia não tivesse ido ao centro, não teria recebido a mensagem e, consequentemente, não teria procurado a pessoa que tinha uma dívida para com seu tio. Não sabemos se o médium tinha essa informação, mas supondo que não tivesse ( o que poderia ser averiguado), o fato de apontar aquela pessoa é um forte indicio de veracidade, até porque sua tia foi beneficiada.
Você poderia questionar por que o Espírito não disse o valor exato da dívida, e fez  com que sua tia nem tivesse oportunidade de questionar e aceitasse o que o devedor lhe ofereceu.  Com certeza, deduzimos nós, porque o médium não estava preparado para isso: pode ser que ele até  tivesse recebido tal informação, mas não confiou em si mesmo e não arriscou – nós não sabemos. É comum o médium recuar diante de informações mais precisas, quando não se sente seguro ao transmiti-las.
Como você pode perceber, portanto, a comunicação precisa ser analisada. Talvez não tivesse havido essa preocupação naquela ocasião, porque, de qualquer forma, ela levou a um resultado positivo que, a nosso ver, se parece muito com a maioria dos casos dessa natureza, em que o Espírito se esforça para ajudar de alguma forma, apesar das dificuldades para transmitir exatamente o que deseja. Pessoalmente, conhecemos um caso muito parecido com esse, embora com mais detalhes.



















sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

LIGAÇÕES FAMILIARES; TRAUMA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR




 Questão enviada há algum tempo, pelo colaborador, Antonio Cuco, diz o seguinte: “É facultado a qualquer pessoa conhecer seu Espírito protetor ou apenas os Espíritos mais elevados, como Chico Xavier, por exemplo, podem sabê-lo?”
O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões de 489 a 521, trata d0 tema “Anjos Guardiães, Espíritos protetores, familiares ou simpáticos”. O protetor ou anjo da guarda é a entidade espiritual que assumiu compromisso para acompanhar seu protegido durante a encarnação, não como alguém que vai puxar o encarnado pela mão ou detê-lo quando estiver diante de um perigo, mas o de um conselheiro que, de maneira sutil e imperceptível, sem interferir no seu livre-arbítrio, procurará intui-lo para que siga o melhor caminho.
 Dizem os Instrutores Espirituais que o protetor não é um Espírito puro ou perfeito, mas ele sempre se encontra numa condição superior à do protegido, para que tenha condições de ajuda-lo a tomar decisões com prudência e a agir com bom senso. Mas, também, ele não é um Espírito muito superior ao protegido pois, se a distância evolutiva entre eles for muito grande, não haverá condições de contato entre  eles.
 Na questão 504 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS Allan Kardec pergunta: “Podemos sempre saber o nome do nosso Espírito protetor ou anjo guardião? Os instrutores respondem com outras perguntas:: “Por que razão quereis saber sobre nomes que não existem para vós? Credes então que não haverá entre os Espíritos senão aqueles que conheceis?”
Mas Kardec continua: Então, “de que modo invoca-lo se não o conhecemos?” Resposta: “ Dai-lhe o nome que quiserdes ou de um Espírito superior pelo qual tendes simpatia ou veneração. Vosso Espírito protetor virá a esse apelo, porque todos os bons Espíritos são irmãos e se assistem entre si.”
Kardec ainda não se dá por satisfeito, e continua perguntando na questão seguinte: “Os Espíritos protetores, que tomam nomes conhecidos, são sempre realmente os das pessoas que usaram esses nomes?” Resposta: “Não, mas de Espíritos que lhe são simpáticos e que, frequentemente, vêm por sua ordem. Precisai de nomes? então eles tomam um nome que vos inspire confiança. Quando não podeis cumprir uma missão pessoalmente, enviais, vós mesmos, um outro que age em vosso nome”.
Por tais colocações, podemos tirar as seguintes conclusões:
 1º) na grande maioria dos casos, não há nenhuma necessidade do protegido saber quem é seu protetor, muito menos conhecer seu nome, pois geralmente ele é um Espírito que o protegido não conheceu nesta existência;
2º) mesmo sem saber sua identidade ou seu nome, o protegido pode lhe dar um nome respeitável (como quiser), até mesmo o nome de algum Espírito superior a quem admire, pois isso pode lhe proporcionar mais confiança na proteção que recebe.
3º)  Às vezes, por insistência do protegido, o protetor pode se identificar pelo nome de um Espírito respeitável, a quem seu protegido costuma recorrer na hora da necessidade; 4º) o protetor se identifica somente em caso de necessidade como, por exemplo, quando o protegido tem uma espinhosa missão a cumprir, vai passar por grandes problemas e sofrimento e, por isso, precisa de uma presença espiritual mais constante e com alguém que venha lhe inspirar admiração e confiança, como foi o caso de Chico Xavier. 















quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

DURA REALIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


Durante a reunião formatada para esclarecer dúvidas com base nas informações disponibilizadas pelo Espiritismo, a senhora identificada como Psiquiatra, solicita comentário em torno do crescente número de pacientes infanto-juvenis por ela atendidos com tendências suicidas, geralmente ignoradas pelos próprios pais. Ante a exposição do fato, irrompe na memória, prognóstico feito pela Espiritualidade a Allan Kardec em manifestação de abril de 1866 e incluída na REVISTA ESPÍRITA, edição de outubro daquele ano, dizendo, entre outras coisas: -“E como se a destruição não marchasse bastante depressa, ver-se-ão os suicídios multiplicando-se numa proporção incrível, até entre crianças”. No comentário tratando das mudanças coletivas previstas para o planeta Terra, traçam um perfil dos Espíritos atrasados: “negadores da Providência Divina e de todo poder superior à Humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternais do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim, a predominância do apego a tudo o que é material ”. Preveem que “persistirão em sua cegueira e sua resistência marcará o fim de seu reino por lutas terríveis. Em seu desvario, eles próprios correrão para a sua perda: impelirão à destruição, que gerará uma multidão de flagelos e calamidades, de sorte que, sem o querer, apressarão a chegada da era da renovação”. Questionando a Espiritualidade sobre aspectos da educação, Kardec foi lembrado que a predominância dos que reencarnam, são desconhecidos em sua procedência, missão e destinação, com históricos de grandes comprometimentos perante a Lei do Progresso; que cerca-los de cuidados e facilidades não basta, sendo necessário observar-lhes as tendências, procurando corrigi-las, direcionando-as para um aspecto mais construtivista. Observaram que a fase mais propícia é a infância, pois ao atingir a adolescência, características do passado se misturam aos registros do presente, tornando o jovem refratário a qualquer orientação. O que se vê na atualidade, contudo, é o contrário. Reforçam-se as tendências negativas, permite-se a vivência da indisciplina, mantem-se o Ser à margem dos assuntos da espiritualidade, esperando-se na mocidade um comportamento improvável com as condições oferecidas ao tutelado, considerando que o papel de pais e filhos é meramente circunstancial. Não se avalia também o impacto negativo da exposição excessiva às imagens de violência veiculadas pela televisão, a disponibilização de conteúdos nocivos na rede mundial conhecida como Internet, ou, simplesmente, a testemunhada no próprio lar. E nesse ambiente, o fator mais marcante: a ausência do amor. Cremos que os Espíritos reencarnados nas últimas décadas refletem considerável desenvolvimento intelectual. Esse aspecto,  desenvolvem e demonstram com facilidade. O que os traz de volta, então? Justamente a necessidade de crescimento no campo do amor. Como devolvemos à vida o que recebemos e aprendemos, consistindo o aprendizado existencial, na observação e vivência, pode-se perguntar: qual o tipo de registros predominantemente acumulados pela criança de nossos dias? Diz um axioma popular que “ninguém dá o que não tem”. Ideais suicidas em crianças e adolescentes resultam da dificuldade de compreensão e aceitação da dura realidade em meio à qual vivem. A tarefa da paternidade parece desfocada na percepção dos que a assumem. Há milhares de “órfãos de pais vivos” vivendo sob o mesmo teto. Crianças rejeitadas, abandonadas, agredidas, violentadas, exploradas sexualmente, comercializadas em vários países, expõem uma dura realidade: a Humanidade precipita-se num vazio cujos limites imprevisíveis, comprometem o seu próprio futuro. Afinal, a ignorância a respeito da significação daquilo que o Espiritismo define como educação moral (nada a ver com religião), recrudesce o egoísmo e o orgulho individual, projetando-se sobre o coletivo de forma avassaladora. E mais uma vez, ecoa a pergunta de Allan Kardec em comentário n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS: “- Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato?




Minha dúvida é a seguinte: a pessoa que faz o bem deve ter mais proteção do que a pessoa que faz o mal. Pelo menos é o que a gente lê nas obras espíritas. Mas essa regra parece que não funciona na prática, porque vejo pessoas boas sofrerem muito e pessoas, que exploram os outros, serem bem sucedidas.  Queria uma explicação. (Jorge Antonio)  Esta questão do Jorge foi bem formulada, mas do ponto de vista de quem considera que a vida é uma única e não existe outra, que nascemos, vivemos, morremos e vamos para o Mundo Espiritual com algum destino definitivo que Deus nos dá, sem precisar voltar à Terra. De fato, se assim consideramos a vida, do ponto de vista da unicidade da existência, não há sentido no fato de uma pessoa de bom caráter, de boa formação, bondosa e generosa, vir a sofrer. É uma conclusão lógica.
 Porém, do ponto de vista espírita, a realidade é outra. Aliás, quem crê numa única vida aqui na Terra jamais explicaria a Justiça de Deus diante do fato de crianças que nascem na miséria ou doentes, que nascem limitadas e deficientes e assim ficam o resto de suas vidas, sendo muitas delas morrem muito cedo. Porque algumas morrem no ventre materno e nem chegam nem mesmo a nascer? Se são Espíritos, criados por Deus – e, portanto, se são igualmente filhos de Deus como nós ( não viveram antes e não têm pecados a expiar) -  por que elas mereceriam tal sorte neste mundo, enquanto outras nascem belas e saudáveis, muitas vezes cercadas de toda atenção e carinho?
 Com certeza, não há um sofrimento tão grande e tão comovente – e os pais que perderam filho criança podem atestar isso com mais conhecimento - quanto o de uma criancinha que só veio a esta vida para sofrer, pois os poucos dias que permaneceu na Terra foram apenas de agonia e dor. Se não aceitarmos a realidade da reencarnação e o fato de que nada nesta vida acontece por acaso – nem a agonia das crianças, nem o sofrimento de seus pais – não há como nos conformar de que Deus seja bom e sábio, amoroso e misericordioso, e nem mesmo que Ele seja justo, pois a justiça consiste em dar um tratamento igualitário a todos.
 Allan Kardec, n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo 5, cuidando especificamente deste tema, fala das causas atuais e das causas anteriores de nossas aflições, dando a entender, de uma maneira geral, que a maioria dos problemas que conhecemos nesta vida podem decorrer de nossa conduta na presente encarnação. Quando o sofrimento não puder ser explicado por fatos que ocorrem agora é porque eles provém de vidas anteriores. No entanto, uma coisa é certa: como todo efeito tem causa , os bons atos, as boas atitudes sempre concorrem para o nosso bem estar, enquanto os maus atos e atitudes, invariavelmente, vão nos causar sofrimento. Não é preciso ir longe para entender essa lei, pois temos visto e aprendido que a lei de causa e efeito está sempre presente no dia a dia de nossa vida
  O fato de uma pessoa ser honesta, responsável e fraterna – por exemplo – concorre para que ela evite sofrimentos ou atenue os sofrimentos de que já vinha padecendo. Não sabemos, de antemão, o quanto uma pessoa de bem ainda tem para resgatar de seu passado, quantos problemas de vidas anteriores ainda não foram resolvidos, apesar de seu bons atos. Mas sabemos que, neste caso, essa pessoa está a caminho de sua libertação, pois a sua dívida pode ser grande e suas ações atuais funcionam como prestações com o que ela está procurando amortiza-la. Se o sofrimento não chegou ao fim, neste caso, é porque o problema ainda não foi resolvido. Podemos compará-la ao paciente, ainda em tratamento no hospital, mas que ainda não recebeu alta médica.
 Além do mais, Jorge, devemos considerar, ainda, que o desconforto ou o sofrimento pelo qual uma pessoa está passando, principalmente se for uma pessoa de bem, pode não provir apenas de dívidas que contraiu no passado, mas de prova ou missão que escolheu, a fim de conseguir elevar-se espiritualmente. Os Espíritos, que reencarnam na Terra, não passam somente por expiações ( ou pagamento de dívidas morais), eles passam também por provas e missões. Geralmente, os missionários são Espíritos bons que escolheram suas missões, como sacrifícios pessoais, aos quais se entregam para contribuir com a Humanidade.
 André Luiz, com muita propriedade, através de inúmeros relatos de experiências dolorosas, ainda acrescenta a essas causas da dor o que ele chama de dor-evolução. O que seria dor-evolução? É o desconforto que todos passam para aprender ou para vencer etapas de seu desenvolvimento. Neste sentido, todos temos dor-evolução, porque a vida ensina e, quase sempre, aprendemos mais com as situações difíceis ou sofridas do que com os lances mais tranquilos. Aliás, os animais – que não conhecem provas e expiações, porque não têm vida moral – experimentam apenas a dor-evolução, que faz parte de sua jornada evolutiva.
 Portanto, Jorge, na condição espiritual em que se encontra a Humanidade, todos passamos por provas e expiações, por tarefas e missões, de modo que o sofrimento se manifesta em cada um, mas em cada um ele se manifesta de uma forma própria, peculiar, porque os bons – sejam quais forem os obstáculos que enfrentam – seguramente sofrem menos do que os que se revoltam, porque não conseguiram atingir um nível mais elevado de compreensão das leis da vida.
 Quanto aos maus é a mesma coisa.  Eles também sofrem e, para eles, o sofrimento moral é bem maior do que o dos bons, porque os bons não têm o que se lamentar de si. Desse modo, todos os maus sofrem, embora aqueles que se entregam à maldade, que praticam atos de violência no mundo da criminalidade, procuram disfarçar suas angústias e seus conflitos, para não parecerem fracos diante de todos.
 Todos, porém, são filhos de Deus, Jorge, e contam com alguma proteção. Mas como Deus, na sua infinita sabedoria e bondade, nos respeita a todos igualmente, Ele espera que cada um de nós, ao longo de suas experiências reencarnatórias, vá descobrindo por si mesmo que o único caminho que leva à paz e à felicidade é o caminho do amor, para o qual, mais cedo ou mais tarde, todos se voltarão. O bom Pai jamais abandona seus filhos.