-“Os olhos humanos veem apenas algumas
expressões do vale em que se exercitam para a verdadeira visão espiritual. A
percepção humana não consegue apreender senão determinado número de vibrações.
Comparando as restritas possibilidades humanas com as grandezas do Universo
Infinito, os sentidos físicos são muitíssimo limitados”. A explicação
pertence ao Instrutor Espiritual Aniceto, no livro OS MENSAGEIROS
do Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier nos auxiliando a entender por que não
percebemos a realidade em meio a qual nos movimentamos. Instigados pela
curiosidade, sem compromissos com a percepção da clarividência, muitos
desejariam ter uma noção das realidades além das barreiras vibratórias de nossa
Dimensão. Allan Kardec escreveu que ‘para libertar-se do temor da morte é
mister poder encará-la sob o seu verdadeiro aspecto. Ter PENETRADO PELO PENSAMENTO no Mundo Espiritual,
fazendo dele uma ideia tão exata quanto possível’. Diríamos que para
atingir o objetivo do argumento anterior tem-se que fazer o mesmo. Na sequência
reunimos alguns relatos que podem nos auxiliar. O primeiro é dado pela médium Yvonne Pereira no livro RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE. Conta que ‘por volta de 1958, solicitada a
cuidar de um parente recém-operado, hospedou-se na residência deste, uma casa
recém-adquirida, no Rio de Janeiro, imóvel que fora reformado pelo anterior
proprietário. Fora erguida em terreno onde existira um casebre, demolido para a
nova construção. Segundo ela, como de hábito, ao ingressar na moradia, começou
a orar diariamente, à hora do trabalho psicográfico, que não fora interrompido.
Nessas, e noutras ocasiões, às vezes até inesperadamente durante as lides
domésticas, sua visão espiritual, surpreendia, no local da construção,
um casebre, e, em vez do jardim com suas bonitas árvores e folhagens e o piso
de cerâmica e cimento, um pobre terreno em ruínas, com canteiros de hortaliças
ressequidas e alguns poucos galináceos, além de utensílios imprestáveis
esparsos por toda a parte. Avistava uma entidade espiritual frequentemente,
quase materializada, externando singulares particularidades. Tratavase do
Espírito de um homem de cor negra, regulando quarenta anos de idade, alto e
corpulento, obeso, indicando enfermidade grave, pois dir-se-ia atacado de
inchaço geral, como quem padecesse de grandes males renais. Os pés, muito
visíveis, estavam descalços e traíam inchaço impressionante e a entidade se
deixava ver muito pobremente trajada. Desdobrada espiritualmente, viu
desaparecer a casa atual e, em seu lugar, via apenas um terreno com um casebre.
Com a continuação do fenômeno foi informada pelo Espírito Guia Charles de que
aquela entidade quando encarnada chamarase Pedro, residira no casebre, e que,
desencarnada, continuava no mesmo local, fixando o pensamento no cenário
passado e, por isso mesmo, construindoo ao derredor de si, para seu desfrute
ou infortúnio’. A seguir a demonstração de como num mesmo ambiente físico de
nossa Dimensão, três realidades se manifestam, fornecidas através de Chico Xavier pelo Espírito André Luiz. Trata-se
de um dos mais ilustrativos observados durante visita a um apartamento na
cidade do Rio de Janeiro. Acompanhemo-lo: - “Transpassando estreito corredor, pisamos o recinto doméstico, surpreendendo,
no limiar, dois homens desencarnados, a debaterem, com
descuidada chocarrice, escabrosos temas de vampirismo. Nenhum dos dois lograva registrar-nos a presença.. Na
sala principal, o dono da casa. Detínhamo-nos, curiosos, na inspeção, quando sobreveio o inopinado. Diante
de nós, ambos os desencarnados infelizes, que surpreendêramos à entrada, surgiram de repente, abordaram
Cláudio e agiram sem-cerimônia. Um deles tateou-lhe um dos ombros e gritou,
insolente: – beber, meu caro, quero beber! A voz
escarnecedora agredia-nos a sensibilidade auditiva. Cláudio, porém, não lhe
pescava o mínimo som. Mantinha-se atento à leitura. Inalterável. Contudo, se
não possuía tímpanos físicos para qualificar a petição, trazia na cabeça a
caixa acústica da mente sintonizada com o apelante. O assessor inconveniente
repetiu a solicitação, algumas vezes, na atitude do hipnotizador que insufla o
próprio desejo, reasseverando uma ordem. O resultado não se fez demorar. Beber! Beber!... Cláudio abrigou a sugestão, convicto de que se inclinava para um trago
de uísque exclusivamente por si. O pensamento se lhe transmudou, rápido, - Beber, beber!... e a sede de
aguardente se lhe articulou na ideia, ganhando forma. De começo, a
carícia leve; depois da carícia agasalhada, o abraço envolvente; e depois do
abraço de profundidade, a associação recíproca. Integraram-se ambos em exótico
sucesso de enxertia fluídica. Produzia-se
algo semelhante ao encaixe perfeito. Cláudio-homem absorvia o desencarnado,
à guisa de sapato que se ajusta ao pé. Levantaram-se a um tempo e giraram
integralmente incorporados um ao outro, na área estreita, arrebatando o delgado
frasco. Desmanchou-se a parelha e Cláudio, desembaraçado, se dispunha a sentar,
quando o outro colega, que se mantinha a distância, investiu sobre ele e
protestou: “Eu também, eu também quero!”. Reavivou-se-lhe
no ânimo a sugestão que esmorecia.. Absolutamente passivo diante da incitação
que o assaltava, reconstituiu, mecanicamente, a impressão de insaciedade. Bastou
isso e o vampiro, sorridente, apossou-se dele, repetindo-se o fenômeno da
conjugação completa. Encarnado e desencarnado a se justaporem. Duas peças
conscientes, reunidas em sistema irrepreensível de compensação mútua. Dois
goles para três. Novamente desimpedido, o dono da casa estirou-se no divã e retomou
o jornal. Os amigos desencarnados tornaram ao corredor de acesso, chasqueando,
sarcásticos”.. (SD, 6) Pesquisando
outras obras do mesmo autor, mais algumas cenas, em cenários diferentes: 1 - CASA NOTURNA - A multidão
de entidades conturbadas e viciosas que aí
se movia era enorme. Os dançarinos não bailavam sós, mas, inconscientemente,
correspondiam, no ritmo açodado da musica inferior, a ridículos gestos dos
companheiros irresponsáveis que lhes eram invisíveis. 3- ENFERMARIA
DE UM HOSPITAL A enfermaria estava repleta de cenas deploráveis.
entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação
da mente, postavam-se em leitos diversos, inflingindo-lhes padecimentos
atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças,
bem como atormentando-os e perseguindo-os.(OVE; 18) 7- NUM RESTAURANTE Transpusemos a entrada.
As emanações do ambiente produziam em nós, indefinível mal estar. Junto de
fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda
aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e
alimento. Outras aspiravam o hálito
de alcóolatras impenitentes.(NDM,
138)
Uma leitora, que não quis se identificar,
contou que há mais ou menos 15 anos, perdeu de forma repentina um tio que
morava numa cidade do Paraná e vivia de pequenos negócios. Ele deixou a viúva e
filhos menores, mas não deixou pensão porque não recolhia encargos sociais. A
mulher, sem recursos, e nada sabendo dos negócios do marido, foi aconselhada a
consultar um centro espírita, onde o marido se manifestou, dizendo para ela
procurar um determinado senhor, que lhe devia bom dinheiro. Ela, de fato, o fez
e, embora não soubesse quanto o homem devia ao seu marido (porque isso não foi
revelado), aceitou o que o homem lhe ofereceu e, a partir de então, pôde
conduzir sua vida. A pergunta que faz é se a comunicação foi verdadeira, porque
até hoje ela tem suas dúvidas.
Não há
como saber de forma concreta e objetiva se a comunicação foi autêntica ou não, simplesmente
porque essa prova não existe. Na grande maioria dos casos, principalmente
quando se trata da comunicação de entes queridos, podemos saber se a comunicação
é autêntica ou não, dependendo dos fatos que ocorrem depois e não propriamente
da comunicação em si. Trata-se, portanto, de uma prova indireta, ou seja, por mera
dedução lógica.
Quando
as pessoas não conhecem o Espiritismo, elas querem que a comunicação mediúnica,
falada ou escrita, seja um retrato perfeito da fala e da escrita do
comunicante. Acreditam, nas mais das vezes, que o Espírito entra no corpo do
médium e assume inteiramente o comando da comunicação da mesma forma que fazia
quando estava encarnado. Mas não é assim que acontece.
A
comunicação do Espírito para o médium é por via mental, que passa pelo cérebro
do médium. Neste caso existem uma série de dificuldades, pois o médium faz o
papel de um mensagem e, portanto, interpreta a mensagem. Tanto do Espírito,
quanto do médium, sentem dificuldade de comunicar, embora a comunicação em si
dependa mais do médium: depende do seu preparo, do seu treinamento, de seus
conhecimentos e de sua personalidade enfim.
- O
médium, enfim, é um secretário do
Espírito: quanto mais preparado, melhores condições tem para transmitir a
mensagem. O mais importante na comunicação mediúnica não é a forma como a
comunicação se dá, mas o teor da mensagem que transmite – o conteúdo da
mensagem pode ser verdadeiro ou se aproximar da verdade. O médium se oferece
para fazer a vontade do Espírito naquele momento, faz o que ele pede, mas faz
do seu jeito e conforme as suas próprias condições, razão pela qual a qualidade
de uma comunicação depende mais do seu preparo.
Há
casos em que o Espírito comunicante deixa pistas para ser reconhecido pelos
familiares. As pistas geralmente são informações que dá sem que o médium saiba
( nome de pessoas, apelidos, lugares, fatos) , às vezes revelações muito
íntimas ou confidenciais ou, então, a assinatura que o Espírito sempre usou
quando encarnado. Fora disso o conteúdo da mensagem, as ideias e o estilo do
Espírito é que precisam ser analisados, considerando que o médium tem uma forte
influência na comunicação.
No
caso, que você apresenta, dá pra tirar algumas conclusões apenas pelas
consequências, porque não há informação sobre a forma como a mensagem foi
transmitida. Se sua tia não tivesse ido ao centro, não teria recebido a
mensagem e, consequentemente, não teria procurado a pessoa que tinha uma dívida
para com seu tio. Não sabemos se o médium tinha essa informação, mas supondo
que não tivesse ( o que poderia ser averiguado), o fato de apontar aquela
pessoa é um forte indicio de veracidade, até porque sua tia foi beneficiada.
Você
poderia questionar por que o Espírito não disse o valor exato da dívida, e fez com que sua tia nem tivesse oportunidade de
questionar e aceitasse o que o devedor lhe ofereceu. Com certeza, deduzimos nós, porque o médium
não estava preparado para isso: pode ser que ele até tivesse recebido tal informação, mas não
confiou em si mesmo e não arriscou – nós não sabemos. É comum o médium recuar
diante de informações mais precisas, quando não se sente seguro ao
transmiti-las.
Como
você pode perceber, portanto, a comunicação precisa ser analisada. Talvez não
tivesse havido essa preocupação naquela ocasião, porque, de qualquer forma, ela
levou a um resultado positivo que, a nosso ver, se parece muito com a maioria
dos casos dessa natureza, em que o Espírito se esforça para ajudar de alguma
forma, apesar das dificuldades para transmitir exatamente o que deseja.
Pessoalmente, conhecemos um caso muito parecido com esse, embora com mais
detalhes.
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