O companheiro e colaborador Antonio Cuco, levantou uma questão interessante e que comporta algum esclarecimento. Ele questionou sobre a denominação correta que se deve dar ao médium, quando ele está transmitindo uma mensagem espiritual, seja essa mensagem falada ou escrita. Ele quer saber por que o termo “médium incorporado” não é muito aceito no meio espírita, conforme tem lido em alguns comentários.
Desde
a obra de Allan Kardec, no início da doutrina, sabemos que um Espírito
desencarnado jamais poderá ocupar o mesmo corpo do encarnado – ou seja, o
Espírito não se apropria do corpo do médium -
pois cada corpo é produto de um único e exclusivo Espírito, que ali se
encontra desde os primeiros momentos da concepção no ventre materno. A ligação
entre corpo e espírito é sutil e, de acordo com as informações de André Luiz e
outros orientadores espirituais, o corpo está ligado ao espírito célula por
célula, razão pela qual dissemos que o corpo é construção exclusiva do
Espírito.
O que
acontece no fenômeno mediúnico, sobretudo o de psicofonia ( quando a mensagem é
transmitida pela fala do médium) e de psicografia ( quando a mensagem é
transmitida pela escrita do médium) é uma conexão mental; quer dizer: a mente
do Espírito se conecta com a mente do médium, e é o cérebro do médium que,
mediante os sinais captados do Espírito, é que vai realizar o restante do
trabalho, falar ou escrever.
Segundo uma interessante descrição de André
Luiz, no livro SEXO E DESTINO, quando a relação do encarnado com o desencarnado
já se tornou muito íntima, há como uma superposição do períspirito do Espírito
sobre o períspirito do médium. Mas devemos considerar que o períspirito não é constituído
da mesma matéria do corpo, o que acontece é tão somente uma projeção mental de
um sobre o outro, sem que o espírito do encarnado tenha que dar lugar ao
desencarnado.
Aliás,
o espírito só se desliga do corpo quando este morre, transformando-se num
cadáver. Não havendo mais possibilidade de vida, pois que a morte é um processo
irreversível, os laços perispirituais (que une espírito e corpo) se desfazem
até que o Espírito possa se libertar, o que pode durar horas e até dias. Mesmo
assim – ou seja, mesmo que o corpo já esteja morto – nenhum outro Espírito
poderá assumi-lo, pois o corpo em relação ao espírito é descartável; se ele morre, não servirá mais para abrigar
vida espiritual, nem do espírito que o habitou e nem de nenhum outro.
Por
causa dessa realidade, Cuco, é que a palavra “incorporação” não é adequada para
designar um fenômeno de psicofonia ou de psicografia, pois, na verdade, não há
incorporação do Espírito comunicante (ou seja, o Espírito comunicante não entra
no corpo do médium), mas apenas transmissão mento-cerebral da mensagem, pois o
funcionamento dos centros nervosos da fala e da escrita, que estão situados no
cérebro, depende da atuação do Espírito.
N’O
LIVRO DOS MÉDIUNS, ao tratar da obsessão dos médiuns, Allan Kardec classifica
esse fenômeno em três tipos: obsessão simples, fascinação e subjugação. A
obsessão simples é a mais leve e muitas vezes imperceptível, enquanto que a
subjugação (outrora chamada de possessão) é a mais pesada, pois o encarnado se
transforma completamente e passa a agir de forma descontrolada, sem condições
de comandar seus movimentos.
As religiões
em geral consideram esse estranho e impactante fenômeno como possessão
demoníaca, pois acham que a pessoa está totalmente tomada por uma força diabólica
irresistível. A impressão, que se tem, é que são mãos vigorosas que constrangem
o corpo do encarnado. Todavia para o
Espiritismo, o domínio é apenas mental e é o próprio encarnado que dominado, se
vê estimulado a produzir forças físicas,
capazes de causar desordens e até incêndio no local.
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