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domingo, 23 de fevereiro de 2020

CONTAMINAÇÃO FLUÍDICA; MORTE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR




 O Espiritismo é religião? Muita gente faz esta pergunta, na expectativa de receber como resposta um “sim” ou um “não”. Esta pergunta se parece com aquela outra que diz: o Espiritismo acredita que a Bíblia é a palavra de Deus? Mas a resposta não é tão simples quanto parece. Para entrarmos neste tema, precisamos primeiro investigar primeiramente o que é religião.
 Religião, no sentido comum da palavra, conforme o entendimento popular, é um conjunto de crenças (em Deus ou deuses, em forças sobrenaturais e na imortalidade da alma). Geralmente, as religiões possuem sacerdotes, templos, cultos e uma série de prescrições para sua prática, exigindo de seus fiéis cega obediência. Além disso, a religião costuma se colocar como único e verdadeiro caminho para Deus ou para a salvação da alma.
As doutrinas religiosas se baseiam em dogmas de fé, ante as quais os fiéis devem total submissão, cultivando uma crença passiva, ou seja, sem qualquer possibilidade de questionamento, sob pena do seguidor está cometendo grave pecado.  Assim, os fiéis têm por obrigação apenas crer e aceitar como verdade tudo o que a religião diz. Não podem nem pensar em duvidar de algum ponto que lhe parece um tanto nebuloso, sob penas de serem alvo do castigo divino e da excomunhão ou expulsão da própria igreja.
 Um dos  mais categorizados estudiosos das religiões, o sociólogo Emile Durkheim.  considera que a religião está assentada sobre dois conceitos, em torno dos quais giram todos os seus dogmas: o sagrado e o profano. Sagrado – aquilo que pertence a Deus, que é do domínio do divino. Profano – aquilo que pertence ao homem.  Essa divisão é fundamental para entendermos o caráter da religião. O mundo material, por exemplo, estaria no domínio do homem, é que o homem pode conhecer e sobre o qual pode agir.
 Neste sentido o Espiritismo não é religião. Primeiro porque não tem sacerdotes, nem cultos, nem celebrações, nem oferendas. Depois, porque não se considera dono da verdade e nem afirma que é o único caminho de salvação. Em terceiro lugar, porque não estabelece nenhuma proibição para seus seguidores, adotando o princípio de que cada um deve aprender a ser responsável pelo que faz e prestar contas à própria consciência. As pessoas devem ser livres para professar esta ou aquela religião, segundo a Doutrina Espírita.
 Em quarto lugar porque o Espiritismo caminha ao lado da ciência e é, ao mesmo tempo, uma filosofia. Allan Kardec, certa vez, foi questionado neste sentido e respondeu que só podemos entender o Espiritismo como religião, se empregarmos a palavra religião no seu sentido filosófico, pois, de religião, a doutrina só adota a crença em Deus, a prece e os valores morais ensinados por Jesus.
 Mas, somente o fato de o Espiritismo crer em Jesus e concordar plenamente com seus ensinos não quer dizer que seja uma religião no sentido comum da palavra. O Espiritismo só adotou Jesus por causa do valor moral de seus ensinamentos e pela lógica que ele empregou para analisar, criticar e alterar os preceitos religiosos antigos, que não mais atendiam aos anseios e necessidades de seu tempo. Além do mais, o Espiritismo entende que Jesus não criou  uma nova religião, mas proclamou uma nova moral, valorizando o caráter e não a cor religiosa da pessoa.
 Como somos um país de tradição católica e pelo fato de a grande maioria dos espíritas provir do Catolicismo, é claro que há uma acentuada tendência de tratar o Espiritismo, aqui no Brasil, como uma simples religião. Mas a Doutrina Espírita é muito mais que isso, porque ela abrange três aspectos do conhecimento: a ciência, a filosofia e suas consequências ético-morais. Foi  por isso que Allan Kardec proclamou como lema da doutrina “Fora da Caridade não há Salvação”.















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