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domingo, 2 de fevereiro de 2020

DESARMONIA FLUÍDICA; A TEORIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR




Paulinha Garcia pergunta: “Como devemos entender o castigo de Deus, segundo a Doutrina Espírita?”
Um outro leitor questionou por que Kardec ainda usou essa palavra “castigo” em suas obras, quando ele mesmo deixou claro que não existe castigo de Deus. Explicávamos, então, que o sentido das palavras se modificam com o tempo. De tanto ser usada repetidas vezes, uma palavra vai assumindo conotações diferentes em diferentes épocas e lugares.
 Evidentemente, a palavra castigo, na obra espírita, não tem o mesmo sentido da palavra castigo nas diversas religiões salvacionistas. Chamamos de salvacionista a religião que prega ser o único caminho de salvação da alma para um céu de felicidade eterna, ou, a perdição num inferno impiedoso de eterno sofrimento. Esta, porém, não é a proposta espírita, como o ouvinte deve saber. No Espiritismo, como nas leis da natureza, nada se perde, tudo se transforma. Logo, não há perdição; há apenas transformação.
 Na concepção religiosa comum – com a qual o Espiritismo não concorda – desde a época de Adão e Eva, Deus vem castigando o homem pela sua desobediência. Assim, por exemplo, ao tempo de Moisés – que, aliás, nem cogitava da vida após a morte – a vida que Deus nos concedeu era esta  estamos vivendo hoje e, depois dela, não haveria mais vida. Isso significava que todo castigo, assim como toda recompensa, só podiam ser aplicados por Deus nesta mesma vida, enquanto estamos encarnados, razão pela qual os mandamentos trazidos por Moisés previam essas práticas de maneira rigorosa.
Vamos dar um exemplo.  Entre os dez mandamentos recebidos por Moisés, havia um que dizia: “honrai vosso pai e vossa mãe para que longos sejam vossos dias na Terra”. Isso significava que a duração da vida de uma pessoa dependia da forma como ela tratava seus pais, ou seja, viveriam mais anos aqueles que tratassem bem seus pais. Era a crença da época. Isso significava, por outro lado, que a pessoa que não desse um bom tratamento ao pai e à mãe seria castigada por Deus e morreria mais cedo.
 Quando Jesus apareceu no cenário da Palestina, ele andou discordando de alguns mandamentos, no todo ou em parte. Mas ele trouxe uma visão nova de vida - pois, para Jesus, a vida não é apenas esta aqui, a vida continua numa outra vida, numa outra dimensão. Bastou que Jesus trouxesse ensinamento para que se passasse a entender que a duração da vida de uma pessoa neste mundo nada tinha a ver com o castigo de Deus.
 Pelo contrário, Deus para Jesus é Pai misericordioso, que manda o sol para os bons e para os maus, que manda a chuva para os justos e para os injustos, como ele próprio afirmou. Logo, não há castigo divino ou, pelo menos, podemos dizer que os nossos sofrimentos não dependem de Deus. O princípio, que Jesus ensinava, se resumia no lema “a cada um segundo suas obras”. Logo, não é Deus que castiga, é o homem que se castiga a si mesmo, quando pratica o mal ou deixa de fazer o bem, porque o amor é lei da natureza. Da mesma forma é o homem que busca a própria recompensa toda vez que faz o bem.
  Na lei mosaica o castigo maior era a pena de morte, infringida a quem trabalhasse no sábado, cometesse adultério ou proferisse blasfêmia, e isso era feito mediante um ritual de apedrejamento. Jesus não concordava com isso, pois ensinava um Deus bom e misericordioso: “Se vós, que sois maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, o que não vos dará o Pai celestial, que é bom e perfeito?”
No LIVRO DOS ESPÍRITOS, Kardec questionou os Espíritos sobre este tema, e ele mesmo, Kardec, para ilustrar os ensinos que recebeu, contou a seguinte parábola. Um homem, na hora da morte, chamou seus dois filhos e lhes passou as terras que estava deixando. Ensinou o que fazer para fazer a terra produzir e deu-lhes as ferramentas nas mãos. E Kardec conclui: se esses filhos não cuidarem devidamente da terra e vierem a viver na miséria no futuro, eles poderão culpar o pai ou dizer que o pai os castigou? Certamente que não. Nesse caso o castigo adveio da preguiça e da negligência para com a Terra.
Por outro lado, mesmo o castigo infringido pelos pais humanos aos seus filhos, não tem como objetivo prejudica-los ou destruí-los, mas ensiná-los o bom caminho.  Que pai humano mataria seu filho, porque cometeu uma falta, mesmo grave? Ora, se o pai – que é humano e imperfeito – mesmo quando seu filho comete um grave, no máximo, pode impor-lhe um castigo, mas com o objetivo de corrigi-lo, quanto mais Deus, que é bom e perfeito, em relação aos seus filhos amados.
 Desse modo, podemos concluir que Deus não se volta contra nenhum de seus filhos, por mais grave a falta que cometeu, mas vai dar-lhe oportunidade de regeneração e reparação do mal, até que reconquiste a paz e se torne feliz. Assim, não existe perdição eterna, pois pensar nestes termos é contrariar tudo que Jesus ensinou. O Espiritismo pode explicar como isso acontece através da reencarnação, pois a cada vida na Terra temos novas oportunidades de nos recompor e melhorar, até que cheguemos à própria perfeição moral. 
















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