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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

EVOLUÇÃO; ESQUIZOFRENIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


 Questão: “Lendo a Bíblia, uma coisa que sempre me chamou a atenção é que Deus é homem e não é mulher. Ele trata as mulheres com preconceito, desde o momento da criação, a Eva é inferior a Adão e os pecados que as mulheres cometem são sempre piores e ela recebe os maiores castigos. A mulher adultera era apedrejada, Jesus foi contra e isso está no evangelho, mas do homem adúltero ninguém falou. Pergunto: se  Deus fosse mulher, não seria melhor para as mulheres e pior para  os homens?
Esta preocupação, que envolve a existência e natureza de Deus, nunca era levantada, porque a religião nunca permitiu, Mas ela tem crescido ultimamente. Uma onda de ateísmo vem ocorrendo nas últimas décadas com o avanço da ciência e da tecnologia. Estamos nos afastando cada vez mais da natureza e é a natureza, na sua originalidade, que nos aponta mais facilmente para a existência de Deus.
  Allan Kardec afirma que, entre as tribos e nações mais antigas do mundo, nunca houve um povo ateu. As primeiras manifestações de religiosidade se deveu à ideia da vida depois da morte e isso veio acontecendo desde os tempos primitivos há centenas de milhares de anos. As primeiras ideias, que levaram à concepção de Deus, surgiram justamente da crença na sobrevivência da alma. De início, os espíritos dos mortos se transformavam em protetores e, depois em deuses.
  Portanto, os deuses da antiguidade eram entidades espirituais que já teriam vivido na Terra e agora podiam manifestar sua imortalidade na condição de espíritos que podiam conhecer a morte. Nos povos antigos, esses deuses surgiram primeiramente no âmbito da família, depois da tribo, depois das cidades e das nações, passando de deuses familiares ou particulares para deuses nacionais. Nessa época, havia deuses e deusas, espíritos de homens e mulheres, adorados e venerados.
  Mas, como nas sociedades antigas predominavam a força masculina, ou seja, o comando e a decisão de tudo eram conferido ao homem, prevaleceram, sem dúvida, o elemento masculino, de forma que os deuses maiores, mais poderosos, eram sempre homens. Era a realidade da época, pois as sociedades patriarcais (ou seja, aquelas que eram comandadas por homens) prevaleceram.
 A história do povo hebreu ou judeu começa justamente com a figura de Abraão, cuja tribo era orientada por um deus chamado Iavé. Dessa tribo surgiu uma nação e esse deus se transformou num deus nacional, que se arvorou como único e verdadeiro e passou a comandar seu povo através de leis, ordens ou mandamentos. Logo, a origem da ideia de um Deus-homem surge necessariamente da predominância do poder masculino na sociedade antiga.
 Jesus deu continuidade a essa ideia. No seu tempo e de acordo com a tradição, a crença e os costumes de seu povo, Deus precisava ser homem; do contrário, não seria reconhecido. A diferença entre Jesus e Moisés, no entanto, é que no tempo de Moisés  Deus era concebido como um rei e, nos ensinos de Jesus – 1.3000 anos depois – ele passava a ser visto como um Pai, uma figura bem mais próxima do homem, qualquer que fosse sua condição social.
 De lá para cá – ou seja, do tempo de Jesus ao nosso tempo, Deus continuou sendo concebido como homem em razão das características machistas da sociedade. Como podemos perceber, até nisso a mulher leva desvantagem em relação ao homem. No entanto, segundo o Espiritismo, é porque não temos como fazer uma ideia mais perfeita de Deus, pois, para concebê-lo na estreiteza de nossa inteligência, não conseguimos imaginá-lo diferente de um ser humano e, portanto, ainda precisamos lhe atribuir um sexo.
 É o deus antropomórfico, cuja ideia nasceu nos textos do Gênese bíblico, quando diz que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Na concepção espírita, porém, apesar de nos sentirmos profundamente arraigados à concepção de um deus-homem, para darmos uma noção mais ampla e mais profunda da divindade, dizemos apenas que Deus é “a inteligência suprema causa primária de todas as coisas”.
Logo, o fato de ainda atribuirmos a Deus a condição de homem (sexo masculino), portanto, provém da antiguidade mais remota, mas se formos estudar mais a fundo o que podemos conceber como natureza divina, perceberemos que não pode existir sexo em Deus, pois o sexo é uma característica da condição humana, pois provém de sua natureza animal.  Por esta linha de pensamento, não é difícil concluir que não foi  bem o homem que foi criado a semelhança de Deus, mas bem o contrário: foi o homem que concebeu Deus à sua semelhança, até para justificar o seu poder.

















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