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domingo, 9 de fevereiro de 2020

OS CONVULSIONÁRIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Anualmente, por ocasião das celebrações da chamada Semana Santa, os meios de comunicação de massa, veiculam imagens de pessoas que em nome da religião impõem-se flagelações, muitas repetindo os sofrimentos vivenciados por Jesus, conforme as narrativas dos textos preservados no livro conhecido como Novo Testamento. Embora nas Filipinas e alguns países do sudeste asiático destaquem-se o maior e mais diversificado numero de imagens, a verdade é que os fatos se repetem em menor intensidade em outras partes do mundo. Entre os séculos 18 e 19, em algumas regiões da França, os fatos eram observados em algumas correntes remanescentes do movimento iniciado no século 17, pelo bispo holandês Cornélius Jansen. No número da REVISTA ESPÍRITA de maio de 1860, Allan Kardec publicou um artigo com o título Uma Convulsionária, em que explica que uma série de circunstâncias, permitiram contato com a filha de uma das principais convulsionárias da localidade Saint-Medárd, situada nas imediações da cidade de Bordeaux, o que possibilitou recolher sobre essa espécie de seita algumas informações específicas. Comenta Kardec não haver nada de exagero no que se relata sobre as torturas a que voluntariamente se submetiam os fanáticos, algumas das quais, denominadas “grandes socorros”, consistindo em sofrer a crucificação e todos os sofrimentos da denominada Paixão do Cristo. O Espírito da pessoa em referência, falecera em 1830, todavia, ainda conservava nas mãos os furos feitos pelos pregos que haviam sido utilizados para suspendê-la à cruz, e,ao lado, traços dos golpes de lança que haviam recebido. Enquanto encarnada, escondia cuidadosamente esses estigmas do fanatismo, sempre tendo evitado explica-los aos filhos. Conhecida na história das convulsionárias como Françoise, conversou com Kardec na presença de sua filha que desejava o encontro, tendo sido suprimidas das 23 perguntas do diálogo mantido, particularidades íntimas, por não interessarem a estranhos, embora se constituindo para aquela que a conheceu de perto, uma incontestável prova de identidade. Revelando “há muito desejar aquele contato por apreciar os trabalhos de Kardec, a despeito do que  ele podia pensar de suas crenças”; confirmou que “acompanhava a filha ali presente”; informando que “era e não era feliz como Espírito, por sentir que poderia ter feito melhor”, ciente de que “Deus levava em conta sua ignorância”. Questionada se as torturas a que se submeteu a elevaram e, tornaram espiritualmente, mais feliz, explicou  que “não lhe fizeram mal, mas não a avançaram como inteligência” e se aquilo lhe foi levado à conta de mérito, disse haver n' O LIVRO DOS ESPÍRITOS um item – parágrafo 726 -, que dá a resposta geral, “sendo ela apenas uma pobre fanática”. Sobre o objetivo das convulsionárias, disse ser “geralmente pessoal, tendo ocultado suas atividades dos filhos, porque compreendia, vagamente, não ser aquele o verdadeiro caminho”. Kardec destaca que nesse ponto, “o Espírito da mãe respondeu por antecipação ao pensamento da filha, que desejava perguntar por que, em vida, tinha evitado falar disso aos filhos”. A respeito da causa do estado de crise das convulsionárias, explicou ser “uma disposição natural e super-excitação fanática, jamais desejando que seus filhos fossem arrastados por essa rampa fatal, que hoje melhor reconhece como tal” e que os fenômenos produzidos entre as convulsionárias tinham muita analogia com certos fenômenos sonambúlicos como a penetração do pensamento, a visão à distância, a intuição de línguas desconhecidas, revelando que “muitos sacerdotes magnetizavam, sem o consentimento das pessoas”. Sobre a origem das marcas e cicatrizes que tinha nas mãos e outras partes do corpo, falou “serem pobre troféus de suas vitórias, que a ninguém serviram, por vezes, excitando paixões”. Em observação à essa resposta, Kardec comenta: -“Parece que nas práticas convulsionárias passavam-se coisas de grande imoralidade, que haviam revoltado o coração dessa senhora e, mais tarde, quando acalmada a febre fanática, a fizeram tomar aversão por tudo quanto recordava o passado. É sem dúvida uma das razões que a levaram a não falar do assunto a seus filhos”. Depois abordar outros ângulos do fenômenos envolvendo-a, pergunta Kardec se ela ficaria contrariada se ele publicasse a conversa na REVISTA, obtendo como resposta: - “Não. É necessário que  mal seja divulgado”.

 Gostaria de saber se tudo que passamos nesta vida, principalmente as dificuldades, os sofrimentos, é porque nós escolhemos esse caminho? Por que a gente escolheria um caminho difícil, se pode escolher um mais fácil? (Roberto Silva)
  Em primeiro lugar, convém considerar que essa questão de caminho mais fácil ou mais difícil é relativa, mas relativa à meta que pretendemos alcançar. Um caminho pode ser mais fácil, porque não temos uma grande meta ou uma meta compensadora, simplesmente por isso. E, então? Valerá a pena escolhê-lo? É uma decisão que o Espírito precisa tomar.
 Nesse caso, o que devemos considerar, como você pode perceber, é a sua pretensão que pesa mais, quando se trata de escolha, considerando, ainda, que nem todos os Espíritos têm condições de escolher.  Jesus não recomendou que escolhemos o caminho estreito ao invés de escolher o caminho largo, porque largo é o caminho da perdição?  Ora, o caminho largo é o mais fácil, mas não é o mais compensador, ou seja, não atende às nossas verdadeiras necessidades de aprendizado.
 Aqui na Terra, se você tem dívidas e está desempregado há muito tempo, a sua principal meta neste momento, é obter um emprego o mais depressa possível. Se não lhe aparece uma opção melhor, você não terá escolha, a não ser aceitar o que lhe oferecem, mesmo que tenha de trabalhar demais e ganhar pouco, não é mesmo? Mas, se surgirem duas ou mais oportunidades de emprego, você poderá decidir pelo que lhe proporcionará maior salário. Só que, para isso, terá que estudar, que se preparar e, certamente, vai encontrar mais dificuldades para  obter o que pretende.
 Agora, compare esta situação com a do Espírito moralmente endividado. Aqui vai uma observação importante: no plano espiritual, as necessidades do indivíduo não são de ordem material; seus problemas são de ordem moral, como arrependimento, perdão e necessidade de paz íntima. Então, ele se vê na contingência de se libertar dessa opressão interior, e esse sufoco pode ser tão intenso, que ele acaba decidindo pela primeira oportunidade que tiver. Por isso que dizemos que a questão do caminho ser mais fácil ou mais difícil é relativa.
 Quanto às causas do sofrimento na Terra, realmente elas podem se encontrar em vidas passadas. Esta é uma probabilidade que não podemos descartar. Mas há outras. Assim, é provável que a maior parte dos problemas que enfrentamos atualmente provenham desta mesma encarnação, ou seja, de nossas escolhas erradas no caminho que estamos trilhando hoje, de nosso comodismo, enfim, da falta de habilidade para viver.
 Muitos casamentos entram em crise por causa disso, como podemos ler no capítulo 5 de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.  Muitos filhos não corresponderão às expectativas dos pais, porque estes não souberam educá-los. Muitas doenças comprovem a saúde das  pessoas e podem até leva-las mais cedo desta vida, porque não souberam se cuidar. Nem sempre precisamos recorrer à reencarnação para explicar os problemas que estamos vivendo hoje. Muitas causas, portanto, estão nesta mesma existência.
 Mas o caminho nem sempre é uma simples escolha. Ele depende também de nossas necessidades de crescimento e evolução. Assim como a criança ainda não reúne condições para decidir tudo em sua vida, precisando para isso da ação dos pais, desse modo também muitos Espíritos renascem no mundo por contingência de suas próprias necessidades. É assim que um Espírito que abusou no passado e adquiriu uma determinada doença, tem muita probabilidade de reencarnar com tendência para ter a mesma enfermidade.
















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