Dirce Afonso veio com a seguinte questão: “Por que se costuma dizer que quem não vem ao Espiritismo pelo amor, vem pela dor? Quer dizer que seremos obrigados a ser espíritas?”
Se há uma doutrina espiritualista que não impõe nada a ninguém e, mais
que isso, uma doutrina que defende o direito de cada um escolher sua própria
religião e seguir seu próprio caminho, e que não quer que ninguém venha a ela a
não ser por livre consentimento, essa doutrina é o Espiritismo. Portanto, Dirce,
fica descartada essa possibilidade de alguém ser obrigado a ser espírita. Isso
simplesmente não existe.
O Espiritismo não vai nem mesmo insistir para
que alguém se torne espírita, pois não se trata de uma religião salvacionista,
não se considera a única detentora da verdade ou o único e exclusivo caminho
para Deus. A Doutrina Espírita não se atribui a si mesma qualquer poder de
salvar quem quer que seja, pois sabe que o destino de cada um não depende de
cor religiosa ou de qualquer outra condição social, mas de sua conduta diante
do próximo, de Deus e de si mesmo, conforme os ensinos de Jesus que estão muito
claros nos evangelhos.
E mais ainda (E ISTO
É IMPORTANTE DIZER), se alguém, que se diz espírita, quiser impor o Espiritismo
a outra pessoa, não é em nome do Espiritismo que está cometendo esse grave
erro. Ninguém, absolutamente ninguém, está autorizado a falar de forma
autoritária ou impositiva em nome da Doutrina Espírita. A chave desta questão,
caro ouvinte, está nas obras de Allan Kardec, especialmente n’0 LIVRO DOS
ESPÍRITOS, capítulo Lei de Liberdade. Infelizmente muita gente não gosta de ler
e, por isso mesmo, alimenta e divulga uma visão distorcida da doutrina.
“Vir por amor ou pela dor” é uma expressão que
usa – até mesmo no meio espírita - quando
se quer referir a duas situações: “vir
por amor” quando a pessoa mesma faz uma opção pelo bem, seja abraçando
determinada religião, seja se comprometendo com alguma ação em benefício do
próximo. A outra expressão, “vir pela dor” é quando a pessoa é compelida a
assumir um compromisso do qual ela sempre se esquivou e continua se esquivando.
Neste caso, ela o faz não por escolha, mas por premente necessidade.
No meio espírita, quando uma pessoa procura o
centro para dirimir suas dúvidas sobre o significado da vida e, daí em diante,
ela permanece nessa busca constante, lendo, assistindo palestras, estudante e
praticando o bem, dizemos que essa pessoa veio por amor. Contudo se depois de
ela relutar por muito tempo, só permanece no Espiritismo enquanto está passando
por um grave problema, então dizemos que ela veio pela dor e não pelo amor.
Na curta missão de Jesus de apenas três anos, para que as pessoas se
interessassem pelos seus ensinamentos, muitas vezes ele as atraía oferecendo
alívio e possibilidades de cura para alívio de seus males. Poucas vieram por
livre e espontânea vontade ou porque se interessaram pela sublimidade de sua
doutrina. A maioria ainda não estava pronta para compreender a sua mensagem. No
entanto, mesmo entre aquelas algumas vezes curadas ou aliviadas de seus
sofrimentos, algumas permaneciam com ele como seus discípulos e outras, tão
logo se viam libertadas de seus problemas, esqueciam Jesus.
No Evangelho encontramos o caso dos dez
leprosos, que foram curados após a intervenção de Jesus, mas logo que se viram
beneficiados afastaram-se, permanecendo apenas um deles que veio agradecer e
seguir o novo caminho. “Vir por amor” é uma opção dos poucos mais amadurecidos
para querer compreender as leis da vida e se tornarem grandes diante de si
mesmos.
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