O
Ser humano popularmente conhecido como Chico Xavier na convivência com os
problemas que sua tarefa lhe impunha, fosse pela influência dos Amigos
Espirituais, fosse pela sua própria condição evolutiva emitiu inúmeros pontos
de vista que representam profundos ensinamentos para nós que continuamos nos
caminhos dessa Dimensão. Reunimos alguns para reflexões: 1- O
que me dizes sobre a política é o que eu penso. Nossa tarefa é com o Cristo de
Deus. As “sereias estão cantando”, mas a verdade é que o nosso coração não foi
chamado para esse gênero de lutas. 2-Conforme assevera o nosso Emmanuel, ‘na tarefa
mediúnica, não podemos agradar a todos, mas não devemos desagradar a ninguém’. 3-O
nosso trabalho não pode esquecer aquele ensinamento do Divino Mestre — “a César
o que é de César e a Deus o que é de Deus”. 4- Imagine, se Jesus nos cobrasse
direitos autorais de suas bênçãos, onde iríamos? 5-Os adversários são nossos valiosos
instrutores e colaboradores de importância. Foi Emmanuel que também me disse um
dia — “Não te aflijas com os que te batem — o martelo que atormenta o prego com
pancadas fá-lo mais seguro e mais firme.” 6- Emmanuel
afirmou, de fato, a um exaltado companheiro, que ele, Emmanuel, nada faz e que
é um simples “pregador de cartazes convidando à festa
do Reino”. E acrescentou que ele não foi ainda pessoalmente convidado à
festa, mas que está espalhando cartazes por ordem superior. Achei também a
ideia muito engraçada. 7- Em 1939/40,
perdi duzentas páginas manuscritas, de Amigos Espirituais, em originais que
nunca mais apareceram. Constituíam um livro inteiro, tendo, como tema central,
a impressão de desencarnados, no momento da morte e depois dela. Emprestei a um
amigo para ler, companheiro honestíssimo, mas nunca mais, nem ele e nem eu,
achamos o trabalho. 8- “Para poucos que
auxiliam, temos sempre milhões que criticam”, conforme diz o nosso prezado
Emmanuel 9- O nosso serviço — diz Emmanuel — não é de propaganda.
É de construção! 10-Qualquer divisão nos serviços
espirituais de ordem superior, aqui na Terra, é um desastre. Confio em tua
inspiração e peço a Jesus te ilumine o caminho de vanguardeiro. 11- Além disso — considera Emmanuel —, o trabalho nosso é
de cooperação e nem ao próprio autor espiritual o de ser conferida a
responsabilidade exclusiva do ser-' o, de vez que o Dono da Obra é Jesus, de
quem estamos cedendo possibilidades para contribuir na sementeira luz.” 12-O
interesse dos inimigos das boas obras é distrair o bom trabalhador, fazendo-o
perder tempo, quando não podem fazer o pior. 13-Assim, pois, autores
desencarnados, médiuns e missionários do trabalho humano se entrosam,
compulsoriamente, para que brilhe uma só luz — a Luz do Senhor —, da qual todos
nós temos sede há longos séculos. 14- A forma de
apresentação do trabalho espiritual no mundo receberá, assim, obrigatoriamente,
o concurso dos companheiros de boa vontade, porque a entidade comunicante não
poderá, pela diferença de plano, acompanhar o esforço dos filólogos e dos tipógrafos.
Não pode haver uma edição sem aprimoramento e sem corrigenda, porque existirá
sempre uma falha, na forma, aqui e ali, exigindo retificação. Desse modo, esse
serviço é nosso, no mundo em que nos encontramos, de vez que se reclamássemos a
vinda dos autores espirituais para os reajustamentos precisos, isso
desencorajaria os companheiros desencarnados de romperem pesadas fronteiras de
sombra para virem até nós, ajudando-nos a orientar a mente para mais alto.
Estamos, assim considerando, com a estrada aberta à cooperação, na qual tudo
devemos fazer para não falhar, despreocupando-nos de qualquer opinião do mundo,
aparentemente mais respeitável. Naturalmente, devemos exercer a nossa faculdade
de colaborar, sem abuso, mas cientes de que é um dever zelar pela melhor
apresentação dos frutos espirituais. 15- Nossa tarefa é
também de servirmos ao “desembarque das ideias renovadoras”, garantindo-lhes o
curso entre os nossos irmãos em Humanidade e, nesse trabalho, devemos estar
firmes como um cais. As ondas revoltas da opinião e da desconfiança baterão
contra nós, todos os dias, mas continuemos inabaláveis e venceremos tudo.” Aqui
termina o que ouvi de nosso Amigo Espiritual.” 16- De
uma coisa poderemos estar certos — é de que nunca estaremos livres da
perseguição e da leviandade dos nossos adversários gratuitos. Eles me cercarão,
através de todos os lados. Mais vale recebe-los com paternal vigilância que
dispensar-lhes excessiva consideração.
Josefina Dias Santos, pergunta que, se Jesus ensinou o amor e pregou a paz, e ele mesmo disse “minha paz vos dou”, por que então afirmou, “Não vim trazer a paz, porém a divisão?”
Quando lemos qualquer trecho dos Evangelhos,
precisamos considerar que Jesus estava falando para o homem do século 1º (ou
seja, para o homem de 2 mil anos atrás); e para um homem que pertencia a um
determinado povo, que tinha sua própria língua e sua própria cultura. É
evidente, portanto, que não devemos ler os evangelhos e interpretá-lo ao pé da
letra, como se a fala de Jesus estivesse acontecendo agora, dirigida a nós ou ao homem deste século XXI.
Trata-se, portanto, de uma leitura
interpretativa que precisa ter o necessário discernimento para transferir a
verdade de ontem para a realidade de hoje. Se Jesus estivesse falando para o
homem da atualidade e especificamente no Brasil, com certeza não estaria usando
a mesma frase ou as mesmas palavras, mas o faria nos moldes da linguagem mais
próxima do entendimento do brasileiro neste momento. Mesmo assim, não é difícil
verificar que se tratava de uma linguagem poética, cheia de figuras (metáforas
e comparações), e que ele utilizava para facilitar o entendimento de seus
ouvintes.
Precisamos, portanto, buscar o espírito da
palavra – ou seja, o seu sentido mais profundo. Vamos, então, ler o trecho completo a que você se refere: “Não
penseis que vim trazer a paz sobre a Terra; eu não vim trazer a paz, porém a
espada, porque eu vim separar o homem de seu pai, a filha de sua mãe e a nora
de sua sogra; e o homem terá por inimigos os de sua própria casa” – Mateus,
cap. 10, vers. de 34 a 36.
Se fosse em nossa linguagem atual,
possivelmente ele diria: “ Se vocês acreditarem em mim e decidirem seguir o
caminho do amor, não contem com facilidades, não esperem concordância de todos,
porque nem todas as pessoas, mesmo os de sua família, concordarão com vocês.
Pelo contrário, meus ensinos não agradarão àqueles que se sentirem ofendidos
porque vocês resolveram seguir meus ensinos. Portanto, dentro da própria
família, haverá quem se volte contra vocês, como verdadeiros inimigos. Estejam
preparados para isso, mas não sofram muito por isso”.
Essa fala de Jesus tinha
como objetivo prevenir as pessoas, que resolvem seguir seus ensinos, contra as
investidas de adversários, que podem surgir dentro da própria família. E isso,
evidentemente, não aconteceu somente naquela época, mas acontece também hoje.
Era necessário que Jesus preparasse seus seguidores para a escalada difícil do
bem e da verdade, do amor e da caridade, porque, como seres humanos e espíritos
imperfeitos, nem todos estão preparados para assimilar certas verdades. E não é
só. Muito de seu ensino viria ferir aqueles que não estavam interessados em que
as pessoas se amassem ou se tornassem generosas. Naquela época, como hoje,
existem pessoas que não estão interessadas na paz.
Por outro lado, lemos no
evangelho de João, como você mesma cita, esta afirmativa: “Minha paz vos deixo,
minha paz vos dou. Eu não vos dou a paz do mundo, mas vos dou a paz de Deus,
que o mundo não pode dar”, onde fica evidente que a paz, a que Jesus se
referia, não é a ausência de problemas ou obstáculos, mas uma paz interior, que
é capaz de se manter confiante e serena, mesmo diante das maiores dificuldades.
Portanto, Jesus sabia muito
bem de que estava falando, pois ele tinha uma visão ampla do comportamento
humano e da sociedade de seu tempo. Sabia que a escalada para o bem é difícil e
não acontece sem lutas e sacrifícios. Ele próprio teve que enfrentar a fúria de
inimigos encarniçados que exploravam a ignorância do povo e a quem, certamente,
não interessava que o reino do amor espalhasse sobre a Terra. Eis porque sua
presença, como mensageiro de Deus,
proclamando o amor e caridade, não era benvinda pela maioria e pelos mais
poderosos.
Todas as ideias novas, que
se voltam ao interesse do povo e que são proclamadas por homens que só fazem o
bem, acabam fazendo poucos adeptos e sofrendo grandes perseguições, porque elas
ferem o interesses do que estão no poder e que não pretendem nenhuma mudança. É
o caso do Espiritismo, que surgiu nos meados do século XIX, proclamando a
liberdade de pensamento e todos os demais direitos naturais do ser humano. Ele
veio sofrendo, desde sua constituição com Allan Kardec, o repúdio dos
dominadores que, por sua vez, sempre trabalharam para manter o povo na
ignorância.
Se você quiser saber um
pouco mais sobre o assunto, Josefina, procure n’O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO o capítulo 23, “Estranha Moral”, e lá você vai encontrar um comentário
de Allan Kardec a este respeito.
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