A jovem Natália,
pergunta. “Depois que entrei na faculdade, despertei a
atenção para o meu lado racional e muito daquilo, em que eu acreditava antes,
não acredito mais. Eu pergunto o seguinte: de onde vêm nossas crenças? Da
sociedade? Da Família? Por que tudo mundo tem que crer na mesma coisa? As
crenças não podem ser diferentes? Por que nossos pais insistem que precisamos acreditar
no que eles acreditam?”
Natália, isso, que está acontecendo com você,
acontece com grande parte dos jovens quando entram para a universidade. É uma
condição própria da maioria das pessoas, que foram educadas para ter uma determinada
crença e pautar suas vidas em cima dos valores morais e religiosos que os pais
lhes ensinaram. Quando a ação dos pais é muito intensa e envolvente, a criança
se entrega totalmente ao que lhe passaram, mas, dependendo do tipo de crença
que lhe é passado, ela pode sofrer um grande impacto emocional ao tomar contato
com outras formas de crer, principalmente quando entra num curso superior.
É
quando surgem os conflitos entre o jovem e a família, principalmente em matéria
de religião, porque, então, o jovem percebe que existem outras crenças e que,
agora, ele pode pensar pela própria cabeça e escolher aquela que mais atende às
suas aspirações. Mas, quando esses pais usam mais o bom senso no encaminhamento
dos filhos, eles se acautelam desde cedo contra essa situação e dão um pouco
mais de liberdade para os filhos aprenderem a tirar conclusões, ou, por outra,
não lhes passam um pensamento religioso ou moral tão estreito, tão fechado, a
ponto de mantê-los com o pensamento encarcerado.
Evidentemente, nossos pais querem o melhor
para nós e o que fazem é sempre para o nosso bem. Mas isso não quer dizer que
vamos ter que concordar sempre com eles ou que eles estejam sempre certos,
pois, ao nos tornar adultos, passamos a pensar pela nossa própria cabeça e
descobrimos que ninguém é dono exclusivo da verdade. Mas devemos respeitar
nossos pais, devemos, amá-los como eles são, e saber como lidar com tais
divergências sem causar maiores problemas.
Como
Espíritos, que somos, a nossa tendência é sempre construir o próprio caminho a
partir do rico tesouro de amor e de orientação que os pais nos dão. Mas não
devemos nos precipitar muito. Avançar sim, mas com a devida cautela, porque,
para o jovem que desperta sua atenção para um horizonte mais amplo da vida, muita
luz pode ofuscá-lo, razão pela qual o mais prudente é ir devagar, analisar com
mais cautela e não se deixar levar pela vaidade e pelo orgulho que costumam nos
assaltar quando descobrimos que podemos mais do que imaginávamos.
É
claro que a liberdade de pensamento é um direito natural de todo ser humano, e
é nesse sentido que estamos caminhando, mas de tal sorte que as diferenças não constituam
motivo de separação, mas sim de união de esforços para um objetivo comum, o bem
de todos. O nosso grande desafio, neste início de século XXI, é saber conviver
com os desiguais, valorizar a liberdade pessoal, defender o direito dos que não
concordam conosco, se quisermos caminhar juntos na construção de um mundo
melhor e de uma humanidade mais feliz.
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