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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

VIOLÊNCIA; A PROCURA DA VERDADE COM O PROFESSOR


-“Há algum tempo eu era jurado. O Tribunal devia julgar, um moço, penas saído da adolescência, acusado de ter assassinado uma senhora idosa em circunstâncias horríveis. O acusado confessava e contava os detalhes do crime com uma impassibilidade e cinismo que faziam fremir a assembleia”. Assim escreveu em carta à REVISTA ESPÍRITA, um correspondente identificado como Simon M. e apresentado por Allan Kardec como homem de grande saber, portador de títulos científicos oficiais e bom médium acostumado a contatos com Espíritos desencarnados. O artigo elaborado em cima da missiva que o destinatário acreditava que o editor “talvez julgasse acertado agasalhar na sua interessante publicação pelo fato que encerrava”. Assim acabou acontecendo no número de novembro de 1859. Prosseguindo sua narrativa, Simon conta: -“É fácil prever que, devido à sua idade, sua absoluta falta de educação e às influências que havia recebido em família, que se requeresse em seu favor, circunstâncias atenuantes, tanto mais quanto ele repelia a cólera que o tinha feito agir contra uma provocação por injurias”, previsão que acabaria se confirmando na decisão final do júri, afastando o risco da condenação à morte do rapaz. Simon, todavia, quis consultar a vítima a respeito do grau de sua culpabilidade, evocando mentalmente o Espírito da senhora morta. Percebendo sua presença, “abandonou-lhe a mão”, seguindo-se interessante diálogo que resumiremos da seguinte forma: 1- Indagada sobre o que pensava do assassino, disse que não seria ela quem o acusaria; 2- Sobre o “porque”, explicou ter sido o moço impulsionado ao crime por um homem que a cortejara 50 anos antes e que, nada tendo conseguido, jurou vingar-se, conservando após a própria morte seu desejo de vingança, aproveitando das disposições do acusado para lhe inspirar o desejo de a matar; 3- Questionada sobre como sabia, revelou que o próprio Espírito obsessor lhe confessara quando de sua chegada ao Plano Espiritual que ora habitava; 4- Perguntada se o poder exercido pelo obsessor sobre o rapaz teria logrado sucesso se o mesmo não tivesse nutrido ou entretido durante muito tempo sentimentos de inveja, ódio e vingança contra ela e sua família, respondeu: -“Seguramente. Sem isto ele teria sido mais capaz de resistir. Eis por que digo que aquele que quis se vingar aproveitou as disposições do jovem. O senhor compreende bem que o outro não se teria dirigido a alguém que tivesse vontade de resistir”.  5- Se o mentor gozava de sua vingança, afirmou que não, pois vê que esta lhe custará caro; além disso, em lugar de lhe fazer mal, fez um bem, fazendo-a entrar mais cedo no Mundo dos Espíritos, onde era mais feliz, constituindo-se a violência numa “ação má sem proveito para ele". Finalizando sua carta, acrescenta Simon: -“A respeito do que acabo de contar, há de fazer-se uma observação moral de subida importância. Realmente, daí há de concluir-se que o homem de vigiar os seus menores pensamentos maus, até os seus maus sentimentos, aparentemente os mais fugidios, pois estes tem a propriedade de atrair Espíritos maus e viciados, expondo-se, fraco e desarmado, às suas inspirações perturbadoras. É uma porta que lhe abre ao mal, sem lhe compreender o perigo”. O comentário e o relato de Simon M., confirmam a  resposta dada a Allan Kardec à pergunta 459 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, em que procurava saber se os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e nossas ações, obtendo a revelação: -“Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem”. Observando-se o comportamento social do homem, extravasando de forma cada vez mais coletiva, sem limites, suas tendências instintivas e sensoriais, encontra-se a explicação dos crescentes índices de violência gratuita contra si mesmo e contra o próximo encarado como um inimigo a ser eliminado em nome da inveja, do ciúme, do despeito. Quanto mais distante da espiritualidade, mais o conceito de humanidade vai regredindo na direção da animalidade agressiva e destrutiva, não em nome da sobrevivência, mas, da supremacia de uns sobre os outros. Sem a educação moral, fruto da árvore do conhecimento, fica a pergunta: qual o futuro do gênero humano na Terra?



Como podemos ajudar alguém que quer se suicidar? – pergunta uma senhora.
 Uma pessoa que chega ao ponto de atentar contra a própria vida, cara ouvinte, ou perdeu o sentido da sua existência, desacreditando de tudo ou quer se vingar de tudo e de todos. Ela se afundou num estado profundo de depressão emocional, alimenta um forte sentimento de revolta e também de culpa por não estar conseguindo seu objetivo. E essa pessoa não chegou a essa situação por acaso, se não depois de muito sofrimento. Ajudá-la, portanto, é o nosso dever moral.
  Sua pergunta ficou um tanto no ar, porque não temos as informações suficientes para analisar o caso com mais objetividade. Então, a resposta que vamos dar é de caráter geral. Você deveria vir pessoalmente conversar conosco no Centro Espírita Caminho de Damasco.  No entanto, é bom saber que, quando a pessoa em questão é um familiar, precisamos nos desvestir imediatamente de todo preconceito, de todo impulso de criticá-la ou condená-la, e partir imediatamente o socorro.
 Casos assim pedem ajuda imediata. Existem várias tipos de ajuda: de familiares, amigos, profissionais e da religião. Se o profissional, médico ou psicólogo, tiver uma visão mais ampla do problema, deverá envolver a família, principalmente, e os demais recursos que couberem no caso, como a assistência espiritual. A espiritualidade de uma pessoa é a sustentação de sua vida. Não existe apenas um único caminho de solução, mas uma conjugação de esforços das pessoas envolvidas.
 Posturas mais recentes no campo da Medicina, por exemplo, afirmam que onde existir um doente (e, no caso, o impulso ao suicídio revela enfermidade), a família também está doente e todos precisam ser tratados. Cuidar de alguém não é apenas dar-lhe alimento ou remédio; é sobretudo cobrir suas necessidades afetivas. Não podemos esquecer que todos precisamos de atenção, consideração, respeito e amor. Se esse ingrediente espiritual faltar em nossa vida, podemos perder a razão de viver.
 Não foi por outra razão que Jesus se preocupou tanto com o amor ao próximo. Não existe próximo mais próximo que os membros de uma mesma família ou os moradores de uma mesma casa. Se levássemos em conta o que Jesus ensinou, com certeza, todos seríamos mais felizes e muitos dos problemas, que enfrentamos hoje, não existiriam, pois a fonte de todo conflito – quer na família, quer na sociedade – está no íntimo de cada um.
 Sendo assim, diante de uma pessoa com propensão para o suicídio, devemos buscar ajuda profissional, religiosa, afetiva. No Espiritismo, entendemos que o envolvimento emocional é de suma importância, porque a emoção decorre de um estado de alma. Várias pessoas, que chegam depressivas ao centro, encontrando apoio e atenção, acabam descobrindo o caminho da cura dentro de si mesmas, interessando-se em conhecer o lado espiritual da vida. 
 O passe, a água fluídica, a mensagem do evangelho, a lição instrutiva, o contato com os companheiros, tudo isso aliado aos cuidados médicos, na maioria das vezes, acabam por lhes propiciar o apoio moral e espiritual de que necessitavam para se harmonizarem consigo mesmos, confiar em Deus e encontrar motivos para viver melhor. No entanto, a participação da família é sempre importante, quando não indispensável.
















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