Admirador do Espiritismo, faz o seguinte
questionamento: “Por que não há uma manifestação explosiva dos Espíritos para
convencer o homem de que existe vida depois da morte? Não seria mais fácil pra
todo mundo desvendar a existência do Mundo Espiritual de uma vez por todas e aí
o homem ser obrigado a tomar um outro rumo na vida?”
É
muito interessante a questão. Mas nós perguntaríamos, por outro lado, se uma
revelação desse porte seria bom para a humanidade. E você, com certeza,
voltaria a questionar: mas saber a
verdade não é bom? Não é isso que o homem procura? Então, teríamos de
responder: assim cromo a criança não tem condições de assimilar o conhecimento
do adulto, por causa de seu desenvolvimento e imaturidade, o ser humano não
está preparado para conhecer determinadas verdades.
Por
isso mesmo, cada verdade vem a seu tempo, conforme o homem vai evoluindo e se
preparando para recebê-la, assimilá-la e saber utilizá-la somente para o bem.
Se uma determinada verdade, seja ela qual for, viesse antes de termos atingido
essa condição, ela não seria bem compreendida, e poderia até mesmo servir para
interesses mesquinhos que, ao invés de ajudar, viria em prejuízo de todos. Um
objeto, nas mãos de uma criança que não sabe usá-lo, pode ser vir de arma para
ferir alguém.
O que
estamos dizendo, caro ouvinte, não é senão o que a própria história revela. O
caminhar da humanidade é lento e demorado. Ele se revela de acordo com o
conhecimento que vimos adquirindo penosamente através de séculos e séculos,
através das reencarnações. Os homens da antiguidade (por exemplo, o que viveram
na época de Jesus) não podiam saber o que o homem sabe hoje. Primeiro, porque
não tinham os instrumentos para isso e, em segundo lugar, porque não suportariam
o peso das novas revelações e lhes poderia dar um destino desastroso.
O que
pretendemos dizer é que, na longa estrada da busca da verdade, há um processo natural
de amadurecimento que implica tanto no desenvolvimento da inteligência como na
criação de meios que favoreçam a descoberta de novas verdades. Durante séculos e séculos, o homem acreditou
que a Terra era o centro do universo e se conformou com isso. Quando Galileu
quis provar o contrário, quase foi queimado na fogueira da Inquisição.
A primeira grande evidência de que a Terra é
redonda só aconteceu há pouco mais de 500 anos com Cristóvão Colombo, quando já
era possível ao homem navegar a grande distância. Assim mesmo, a maioria das
pessoas não acreditaram em Colombo e tudo continuou como estava durante muito
tempo. Ao longo de muitos séculos, quem
ousasse dizer que via pessoas já falecidas e recebiam recados delas,
arriscava-se ser condenado à figueira na praça pública e isso acabou fazendo
milhares de vítimas. Jesus, que proclamou a imortalidade da alma e contestou a
hipocrisia religiosa, foi crucificado. Sócrates, que recebia orientação de seu
Espírito protetor e ensinava uma nova moral aos jovens, também foi condenado à
morte.
No
entanto, de vez em quando, algum grande fato inusitado chama a atenção do mundo
para a realidade da vida espiritual. Isso aconteceu no tempo de Kardec, quando
uma onda de fenômenos chamou a atenção das pessoas, que passaram a realizar as
chamadas sessões das mesas girantes, onde mantinham contato com Espíritos. Mas
isso, quase sempre, por mera curiosidade ou apenas em tom de brincadeira. Não
fosse a intervenção de Kardec, e não teríamos aproveitado nada desses fatos.
Por
sinal, Allan Kardec chama a atenção sobre a forma como essas manifestações
apareceram, mostrando que, na verdade, a atuação dos Espíritos sobre a vida
humana é constante. Nós é que não a percebemos. Porém, como o mundo espiritual
é insensível à percepção humana, a atuação dos Espíritos sobre os encarnados se
dá de forma velada e sutil, de tal forma que nunca nos sentimos observados e,
desse modo, diariamente podemos atuar livremente, sem nenhum constrangimento.
Ademais, a busca da verdade (principalmente quando essa verdade vem ao
encontro de interesses mesquinhos) é uma das grandes alavancas do progresso
humano. Infelizmente, até hoje, a
verdade ainda está quase sempre a serviço dos interesses imediatos e exclusivistas
do homem, apegado a conquista de ordem social e financeira. O poder econômico
ainda manda no mundo. É desse modo que
vemos tanto progresso material, tantas descobertas e tantas invenções, mas não
percebemos ainda um notável avanço moral, porque o interesse se concentra
nessas vantagens materiais e imediatas. Eis porque concluímos que, mesmo que houvesse condições para isso, uma onda maciça e explosiva de fenômenos mediúnicos no mundo, não seria benéfica para a humanidade, que ainda está distante para buscar na mensagem de Jesus o verdadeiro aprendizado para a vivência do amor. Enquanto isso não acontece, como sempre vimos, até as notáveis invenções humanas são utilizadas para interesses egoísticos que culminam com a dominação e exploração dos mais fracos.
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